O corpo de Fabiane Maria de Jesus de 31 anos, foi enterrado nas 10h15 desta terça-feira, 6, no cemitério Jardim da Paz, no Guarujá, em meio a gritos por justiça e forte comoção
das cerca de 200 pessoas que acompanharam a cerimônia. Fabiane morreu nessa segunda depois de ficar dois dias internada. Ela foi linchada por moradores do Guarujá depois de uma falsa acusação de que ela sequestrava crianças.
O cemitério Jardim da Paz, onde ela foi enterrada, fica entre um lixão e um depósito de contêineres. Seu corpo foi depositado em uma gaveta nos fundos do cemitério, em lugar cercado de entulhos e insetos. Seu nome foi escrito com pregos no cimento fresco na gaveta por coveiros. Muito religiosa, segundo familiares e amigos que estiveram presentes, Fabiane morreu depois de ter ido buscar uma bíblia na igreja São João Batista, também no Guarujá. Esse foi um dos principais assuntos discutido entre os familiares durante a cerimônia, que também se mostravam horrorizados com a “falta de amor no coração” por parte das pessoas que a espancaram até a morte depois de arrastá-la por vielas do bairro.
Os amigos contaram que Fabiane havia emprestado a bíblia para uma amiga na quarta-feira passada, ocasião do aniversário da amiga. Fabiane recomendou a leitura de um salmo. No sábado, ela foi buscar o livro que havia ficado na igreja. No caminho de volta para casa, a dona de casa parou em um supermercado para depois prosseguir viagem, quando então foi atacada. A bíblia, que tinha também uma foto das filhas dela, foi rasgada pelos assassinos. O livro, no entanto, foi recuperado e entregue para a mãe de Fabiane.
Manifestação
Depois da cerimônia de sepultamento, uma passeata pedindo paz e justiça saiu do cemitério em direção ao centro do Guarujá. A policia deve ouvir nesta segunda os responsáveis pela pagina no Facebook “Guarujá alerta”, acusada de publicar fotos que levaram a multidão a confundir uma suposta sequestradora de crianças com Fabiane. Na segunda, a Polícia Civil do Guarujá divulgou que suspeita que pelo menos 10 pessoas teriam participado do crime.
Reprodução Cidade News Itaú via Estadão
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