O Ministério Público denunciou o artesão Rômulo Nascimento, de 21 anos, por amarrar, agredir e queimar dois irmãos - um menino de 9 anos e uma adolescente de 13
anos - na casa deles, no Distrito Federal. O crime aconteceu no dia 12 de maio. O processo foi recebido pela 2ª Vara Criminal de Ceilândia.
De acordo com a denúncia, o crime foi motivado por uma dívida de R$ 40 feita pelo irmão mais velho das vítimas, na compra de peças de artesanato. A informação foi passada pelo próprio acusado, em depoimentos à polícia.
O MP pede que ele responda duas vezes por latrocínio - roubo seguido de morte. Se condenado, ele pode pegar até 60 anos de prisão. O Tribunal de Justiça não divulgou prazo para que a juíza Andreza Alves de Souza decidir se segue com o processo ou se vai arquivá-lo.
Na primeira versão apresentada à polícia, o suspeito afirmou que teria vendido, alguns dias antes, peças de artesanato ao irmão mais velho das vítimas. No fim de semana, o homem contou que havia cobrado do cliente o valor dos produtos, e ouviu que deveria ir à casa da família na segunda-feira, para receber parte do valor.
Conforme o combinado, o artesão foi até a residência e lá recebeu R$ 100 do irmão das vítimas. Pouco depois, o rapaz voltou ao local, tocou a campainha e encontrou a criança e a adolescente sozinhas. Ele disse aos dois que havia voltado porque esquecera algo na casa.
Quando o homem falou que levaria embora um notebook para liquidar a dívida, as vítimas começaram a gritar. O suspeito, então, revelou que pôs a menina em um quarto e amarrou as mãos dela com um fio de telefone. Depois, conduziu o garoto a outro quarto e o amarrou com um pedaço de lençol rasgado.
O jovem decidiu, então, escorar cadeiras e um sofá nas portas dos dormitórios para impedir que os irmãos saíssem e colocou fogo na residência. Saindo de lá, o autor do crime ainda encontrou a mãe das vítimas na rua, que o cumprimentou. A Polícia Civil informou que o suspeito não tinha antecedentes criminais.
Nova versão
No último dia 17, o delegado Johnson Kenedy Monteiro, responsável pelo caso, afirmou que concluiu o inquérito e que o suspeito relatou à polícia que pretendia roubar a casa da família e praticou o crime independentemente da dívida feita pelo irmão mais velho das vítimas. O homem disse ainda que chegou a dar dinheiro para o garoto comprar algo em uma banca perto de casa e não presenciar o assalto, mas o menino voltou antes. Como os irmãos resistiram à ação dele e começaram a gritar pelos vizinhos, ele decidiu agredi-los e incendiá-los.
O artesão também disse, quando prestava esclarecimentos à polícia, que o menino usou uma faca para tentar defender a irmã e a si mesmo. Segundo o policial, o jovem já havia sido expulso de casa por ter roubado a própria família, contar mentiras e não gostar de estudar. Desde então ele morava na casa da namorada, onde foi encontrado na última segunda-feira, horas após matar as crianças.
"Depois do crime, já sabendo que poderia ter matado alguém, o Rômulo mandou três mensagens de texto para o irmão mais velho das crianças, avisando que tinha esquecido a carteira na casa deles. Acredito que ele queria saber informações sobre o que tinha acontecido", disse o delegado.
De acordo com a polícia, a versão de Nacimento é de que a adolescente segurou seu braço quando ele tentou levar o notebook da família. O homem decidiu, então, trancá-la em um quarto, amarrar os braços e o pescoço dela com um fio de telefone e botar fogo no colchão. Testemunha da ação e tentando defender a irmã, o garoto de 9 anos pegou uma faca na cozinha. O suspeito disse que percebeu a intenção e, por isso, também prendeu o menino, em outro quarto, com uma sacola na boca. Em seguida, ateou fogo ao lençol.
Os corpos foram enterrados na tarde do último dia 14 no cemitério de Taguatinga. Na ocasião, amigos e familiares gritaram "justiça!". Centenas de pessoas acompanharam a cerimônia, que custou cerca de R$ 5 mil e foi realizada após uma "vaquinha". Durante o velório, a mãe das vítimas, Márcia Machado da Silva, chorou muito e disse que as crianças foram vítimas de covardia. "Eles não mereciam isso. É uma covardia", repetiu diversas vezes.
Por e-mail, a Polícia Civil informou ao G1 que a dívida feita pelo irmão mais velho, para compra de artesanatos, foi de R$ 140. Inicialmente a corporação havia divulgado que o valor era de R$ 600, sendo que R$ 100 teriam sido entregues ao suspeito horas antes do crime. O suspeito chegou a desenhar o passo a passo do crime.
Reprodução Cidade News Itaú via G1
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