Pelo menos 118 pessoas morreram em decorrência das explosões de dois carros-bomba em um movimentado mercado da cidade de
Jos, na Nigéria, registradas nesta terça-feira (20), apontaram autoridades locais. Um porta-voz da Agência Nacional de Gestão de Crises (Nema) disse temer que mais corpos sejam encontrados entre os escombros, aumentando o número de vítimas.
No ataque também ficaram feridas 56 pessoas, afirmou o delegado da polícia do estado de Plateau, Chris Olakpe, segundo o jornal nigeriano "The Vanguard".
As explosões aconteceram em um intervalo de 15 minutos no mercado de Terminus, perto da estação de trem de mesmo nome. Dois carros-bomba explodiram no mercado Novo Abuja, em Jos, capital do estado de Plateau. A autoria do atentado ainda não foi reivindicada, mas o grupo radical islâmico Boko Haram já cometeu vários ataques na região.
O primeiro carro-bomba foi detonado no mercado por volta das 15h (11h de Brasília). Equipes de socorro chegaram rapidamente ao local. Cerca de 20 minutos depois, um micro-ônibus explodiu, atingindo, segundo testemunhas, as equipes de socorro que tentavam chegar às vítimas do primeiro ataque. "O que estamos fazendo agora é tentar levar os corpos. (...) Vários deles estão tão carbonizados que não podemos identificar as vítimas", disse Abdulsalam, da Nema, acrescentando que "as chamas continuam fortes", e "várias lojas foram completamente queimadas".
Criticado por sua lentidão e pela falta de iniciativa no conturbado momento atravessado pelo país, o presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, condenou rapidamente esses atentados, que, segundo ele, são "um ataque trágico contra a liberdade humana" cometido por homens "cruéis e diabólicos". Na nota, o presidente assegurou a todos os nigerianos que seu governo "segue disposto a ganhar a guerra contra o terrorismo", em alusão à seita islamita Boko Haram.
O Boko Haram assassinou mais de três mil pessoas em atentados perpetrados nos últimos cinco anos na Nigéria.
Jos foi golpeada pela violência étnico-religiosa e por ataques do Boko Haram no passado. Há mais de um mês, a seita islamita também mantém sequestradas mais de 200 meninas, raptadas de uma escola de ensino médio em Chibok, no estado de Borno, no norte do país.
O Estado de Plateau marca o limite entre o sul cristão e o norte de maioria muçulmana no país mais populoso da África, maior potência econômica do continente. No passado, o Estado e a capital Jos foram cenário de episódios de violência intercomunitária, assim como de ataques do Boko Haram. Com 170 milhões de moradores divididos em mais de 200 grupos tribais, a Nigéria sofre múltiplas tensões por suas diferenças políticas, socioeconômicas, religiosas e territoriais.
Estado de urgência
Diante dos ataques cada vez mais violentos do Boko Haram, o presidente Jonathan pediu a extensão do estado de emergência nos Estados de Yobe, Adamawa e Borno (nordeste), redutos do movimento islâmico armado.
Em vigor há um ano, a medida foi votada nesta terça por unanimidade no Senado, repetindo o procedimento já adotado pela Câmara de Deputados na semana passada. Em um primeiro momento, o estado de emergência, acompanhado por uma vasta ofensiva militar, pareceu dar frutos. Agora, observadores já consideram a medida ineficaz e de caráter simbólico.
'Plano Marshall'
Na segunda-feira (19), o Pentágono anunciou que os governos de Estados Unidos e Nigéria chegaram a um acordo, no último fim de semana, sobre o compartilhamento de informações coletadas em voos de vigilância de aviões e de aeronaves não tripuladas (os chamados "drones"), no nordeste desse país africano.
Na votação pela continuidade do estado de emergência, os senadores também pediram "que uma operação militar total seja realizada de maneira prolongada para desmantelar os insurgentes". Além disso, os congressistas parecem estar conscientes da necessidade de promover o desenvolvimento no nordeste do território para enfrentar a radicalização dos jovens nessas regiões desfavorecidas.
"O governo federal, em conjunto com o governo estadual, deve propor um plano de desenvolvimento econômico, como o 'Plano Marshall' para relançar a economia nos estados afetados", defenderam os parlamentares.
A Nigéria pediu oficialmente ao Conselho de Segurança das Nações Unidas que inclua o Boko Haram em uma lista de organizações consideradas terroristas e sujeitas a sanções por seus laços com a rede Al-Qaeda.
Reprodução Cidade News Itaú via UOl
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