O jovem Henrique Maurício de Souza Lira, de 20 anos, foi alvo de seis tiros durante uma abordagem policial na manhã deste sábado (3), no bairro Potengi, em Natal. A família do rapaz diz que ele foi confundido com um
criminoso, já a polícia diz que o jovem reagiu à abordagem. A Polícia Civil foi ao local cumprir um mandado de prisão contra um suspeito de ter participado da morte do professor Luiz Carlos da Cruz, que aconteceu no dia 9 de abril, em São Gonçalo do Amarante. O suspeito foi preso.
A delegada Karla Viviane, que coordenou a operação, afirmou que o rapaz “reagiu à abordagem policial” e os disparos foram efetuados para “cessar a ameaça”. Ela explicou que a polícia foi ao local para cumprimento de um mandado de prisão, mas não sabia exatamente qual das duas casas era a do suspeito. “Quando a policial anunciou a presença da polícia, o rapaz abriu a porta da casa e veio em direção à agente. Ela solicitou que ele parasse e ele continuou. Então foi efetuado o disparo para cessar a ameaça”, disse a delegada.
Ela ressaltou que não houve confusão entre o suspeito preso e o rapaz baleado. “Até porque nós não fomos lá para balear o suspeito, nós fomos para prendê-lo”, disse.
De acordo com a família de Henrique, o rapaz se levantou após ouvir o cachorro da casa latir insistentemente por volta das 4h. Ao abrir a porta para verificar se havia algo errado, segundo os familiares, ele foi alvejado seis vezes. Os tiros atingiram o pé, a mão, a barriga, o tórax e o pescoço do rapaz, de acordo com a familia. "Eles reviraram a casa em busca de armas, drogas, não sei, e quando não encontraram nada perceberam que ele é um menino de bem. Só aí resolveram socorrer o Henrique. Ele estava sangrando, agonizando lá fora. Ele não reagiu a nada. Não tem como meu filho ter reagido, ele estava só de cueca", disse Veridiano Pontes, pai do rapaz.
Segundo ele, no momento da abordagem, estavam na casa a esposa de Henrique, três irmãs dele de 8, 13 e 16 anos, a mãe e o padrasto do jovem. "Meu filho é um menino trabalhador, estudioso, nunca teve envolvimento com nada de errado. Eu eduquei ele para ser um homem de bem. Na minha família ninguém nunca nem pegou em uma arma e aí acontece uma tragédia dessas", disse o pai. Henrique Maurício trabalha na cantina do Colégio Nossa Senhora das Neves, no Alecrim.
A delegada Karla Viviane disse que o rapaz foi levado para o hospital Santa Catarina no carro da polícia. Henrique Maurício foi transferido para o Hospital Walfredo Gurgel onde foi cirurugiado e, de acordo com a família, não corre risco de morte, mas o jovem perdeu o dedo da mão em decorrência de um dos tiros.
Segundo caso em quatro dias
Este é o segundo caso em que a Polícia Civil é apontada como responsável por tiros que atingiram pessoas inocentes na capital potiguar. No último dia 29, a empresária Poliana de Lima, de 24 anos, foi alvo de um disparo de arma de fogo quando levava a filha de 1 anos e 6 meses para tomar vacina no Conjunto Cidade Satélite, zona Sul de Natal. Segundo ela, o tiro partiu de um carro de polícia que perseguia suspeitos de um assalto. O tiro atingiu o queixo da jovem que precisou levar 21 pontos.
A Corregedoria da Secretaria de Segurança Pública está investigando o caso. “Foram dois policiais que participaram dessa desastrosa operação. O delegado titular da unidade me informou que foi uma arma disparada, infelizmente, por um policial civil”, disse Matias Laurentino, titular da Diretoria de Polícia de Natal e Grande Natal.
Reprodução Cidade News Itaú via G1
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