A esperança de encontrar mais sobreviventes em uma mina de carvão no oeste da Turquia diminuiu nesta quarta-feira (14) depois da confirmação de mais mortos pelo
acidente, provavelmente o pior desastre industrial da história do país. Os números de mortos confirmados varia de acordo com fontes. Segundo a agência Reuters, 245 trabalhadores morreram e cerca de 120 ainda podem estar presos sob os escombros. A AP divulga 274 mortos, segundo o Ministro da Energia, Taner Yildiz.
A revolta com o incêndio na mina, cerca de 480 km a sudoeste da Istambul, se espalhou por toda a nação. Opositores culparam o governo do primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan, por privatizar as minas turcas e ignorar alertas repetidos sobre a segurança.
“Nós, como nação de 77 milhões de pessoas, estamos sentindo uma dor muito grande”, declarou Erdogan em uma entrevista coletiva à imprensa depois de visitar o local, mas pareceu na defensiva quando questionado se foram tomadas precaucões suficientes na mina.
"Explosões como esta acontecem o tempo todo nestas minas. Não é algo que não acontece em outros lugares do mundo”, disse ele, citando uma lista de acidentes em minas em todo o planeta desde 1862.
O incêndio cortou a energia e desligou os dutos de ventilação e elevadores pouco depois das 9h (do horário de Brasília) desta terça. Equipes de emergência bombearam oxigênio na mina para tentar manter os mineiros retidos vivos durante um esforço de resgate que durou a noite toda. Milhares de familiares e colegas se reuniram do lado de fora do hospital da cidade em busca de informações sobre os seus parentes.
O fogo irrompeu durante uma troca de turno, gerando incerteza a respeito do número exato de mineiros retidos. Segundo o ministro da Energia, Taner Yildiz, 787 trabalhadores estavam no local.
“Não ouvimos nada sobre nenhum deles, nem dos feridos, nem dos mortos”, disse Taner Yildiz uma idosa, Sengul, cujos sobrinhos trabalhavam na mina, assim como filhos de dois dos seus vizinhos. “É o que as pessoas fazem aqui, arriscar suas vidas por dois centavos... eles dizem que uma galeria da mina não foi atingida, mas já se passou quase um dia”, declarou.
Uma escavadeira mecânica abriu uma fileira de túmulos novos no cemitério principal da cidade de Soma. Um imã presidiu o funeral de seis mineiros, enquanto algumas centenas de enlutados choravam em silêncio.
A empresa que opera a mina, Soma Komur Isletmeleri, afirmou que quase 450 mineiros foram resgatados do local e que as mortes foram causadas por monóxido de carbono, mas que a causa do acidente ainda não está clara.
Relatos iniciais indicaram que uma falha elétrica causou o incêndio, mas Mehmet Torun, membro do conselho e ex-presidente da Câmara de Engenheiros de Mineração que estava no local, disse que uma linha fora de uso aqueceu, expelindo monóxido de carbono pelos túneis e galerias da mina.
“Estão ventilando os túneis, mas o monóxido de carbono mata em 3 ou 5 minutos”, declarou ele à Reuters por telefone.
“A menos que aconteça um grande milagre, não deveríamos esperar que ninguém apareça vivo a esta altura”, disse, mencionando a chance remota de que os mineiros tenham encontrado bolsões de ar para sobreviver.
Protestos
Na tarde desta quarta (14), protesto tomaram as ruas de Istanbul e Ancara. A polícia usou gás lacrimogêneo e jatos de água para dispersar os manifestantes. Em Isambul, alguns usavam capacetes e lanternas de mineiros, outros com bandeiras de partidos de esquerda.
Várias dezenas de habitantes da cidade turca de Soma, onde ocorreu o acidente, também protestaram e exigiram a renúncia do primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan, que visitava nesta quarta a localidade.
Os manifestantes atacaram o veículo oficial de Erdogan, apesar do dispositivo policial empregado. O primeiro-ministro, que decretou um luto nacional de três dias, cancelou uma viagem prevista à Albânia para se dirigir a Soma, a 100 km da cidade de Esmirna.
O presidente, Abdullah Gul, também cancelou uma viagem à China marcada para quinta-feira para ir a Soma.
O desastre destacou o histórico ruim de segurança do trabalho na Turquia e despertou novos clamores da oposição por uma investigação sobre a queda nos padrões de segurança em minas anteriormente administrados pelo Estado.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) avaliou o país, que pleiteia uma vaga na União Europeia, como o terceiro pior do mundo no quesito mortes no ambiente de trabalho em 2012.
Reprodução Cidade News Itaú via G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!