Adolescente morto por PM participou de assalto, diz Polícia Civil do RN

Para a Polícia Civil do Rio Grande do Norte, não resta dúvida do envolvimento do adolescente Washington Silva do Nascimento, de 14 anos, morto por um policial militar no dia 10 de maio na praia do Forte, em Natal. De acordo com o chefe de

investigação da 2ª Delegacia de Polícia Civil, Judas Tadeu, a versão foi confirmada por outros três adolescentes suspeitos de participar do roubo à família do PM. O policial teria reagido ao assalto e matado o garoto. A família de Washington nega o envolvimento do rapaz no crime e alega que ele estava apenas jogando futebol.

O caso motivou dois protestos de moradores do bairro Santos Reis, na zona Leste, onde morava o adolescente. Os acessos à Ponte Newton Navarro, que liga as zonas Leste e Norte de Natal, foram bloqueados nas duas manifestações.

O chefe de investigação da 2ª DP afirma que os três adolescentes foram identificados e intimados a depor. "Foram ouvidos em dias diferentes e contaram histórias muito parecidas. Estavam os três jogando futebol com Washington na praia. Ao virem a mulher do policial e os dois filhos, eles saíram do jogo para assaltar. Foram por um matagal e surpreenderam as vítimas. O PM estava pescando em um local próximo quando viu a ação", relata.

Armado com uma pistola .40, o policial militar tentou impedir o assalto e atingiu Washington com um tiro. A versão de que houve uma troca de tiros só será confirmada após o exame residuográfico realizado pelo Instituto Técnico-Científico de Polícia (Itep). A análise apontará a existência, ou não, de pólvora nas mãos dos adolescentes, que afirmaram em depoimento terem usado uma faca no assalto. A Polícia Civil também solicitou um confronto balístico entre a arma usada pelo PM e as balas encontradas no corpo do adolescente.

Os adolescentes, dois de 17 e um de 15 anos moram nas comunidades de Brasília Teimosa e Vietnã, que fazem parte do bairro Santos Reis. Washington Silva também era morador da comunidade Vietnã. Os três devem responder por ato infracional análogo ao assalto. O processo será encaminhado para a Delegacia Especializada em Atendimento ao Adolescente (DEA).

'Nunca pegou em arma'

O tio da vítima, Joelson Feitosa, nega que o garoto estivesse envolvido na tentativa de assalto à família do policial militar na praia do Forte. "Um menino de 14 anos que nunca pegou em uma arma, nunca fez nada de errado. Era do trabalho do meu irmão na praia e só estava jogando bola na hora", afirma.

O comandante da Polícia Militar do RN, coronel Francisco Araújo Silva, explica que o policial militar foi ouvido na Delegacia de Plantão da zona Sul após o crime. "Cabe ao delegado da área fazer a investigação. Na versão do policial, contada na delegacia, houve um assalto a ele e familiares. Depois disso houve uma reação. O PM foi liberado e responderá ao inquérito", explica.

Reprodução Cidade News Itaú via G1