Há dois anos, as ruínas de um posto de combustível desativado localizado no cruzamento das avenidas Prudente de Morais com a Bernardo Vieira, em Lagoa Seca,
uma das áreas mais movimentadas e privilegiadas da cidade, é a residência do vigilante José Ivanildo Mafra, de 41 anos. Quem trafega diariamente pelas avenidas já deve ter percebido que em meio ao posto abandonado mora uma pessoa. Na manhã deste sábado (5), o vigilante “abriu as portas” da sua residência e recebeu a reportagem d’O Jornal de Hoje.
José Ivanildo, natural do município de Sítio Novo, conta que o proprietário do posto de combustível o procurou e o contratou, informalmente, como vigilante do antigo prédio, que nem de longe lembra o antigo posto. José Ivanildo trabalhou durante cinco anos como vigilante de rua no bairro de Ponta Negra, quando conheceu o proprietário do posto. Ele disse que ganha R$ 1.050,00 por mês para cuidar do local depredado e evitar que moradores de rua invadam o local. De quinze em quinze dias, ele tem uma folga e vai visitar os filhos que mora com sua ex-esposa no município de Monte Alegre.
“Meu trabalho aqui é impedir que moradores de rua ou pessoas que queiram entrar aqui para se drogar invadam esse local. Aqui as coisas já estão ruins, se alguém entrar pode piorar ainda mais e o dono não quer isso. Ainda não sei até quando vou ficar morando e trabalhando aqui, mas acho bom. Já estou acostumado com tudo por aqui e não tenho medo de ficar aqui sozinho”, afirmou o vigilante.
Morando e trabalhando sozinho, José Ivanildo passa o dia onde antigamente funcionava a Loja de Conveniência do posto de combustível. A cobertura do local já foi retirada quase que na totalidade, restando apenas uma parte, o suficiente para protegê-lo nos dias de chuva. Em uma rede amarrada nas ferragens da estrutura da cobertura, José Ivanildo passa boa parte do dia ouvindo um rádio de pilha e em dias de jogo de futebol não perde uma transmissão. Quando não tem jogo, ele prefere ficar ouvindo música, de preferência evangélica.
À noite, já que o prédio não dispõe de energia, as luzes que vem dos postes e dos veículos que trafegam pela avenida são as responsáveis pela iluminação da “casa” de José Ivanildo. Sem água encanada, ele improvisa água de um prédio vizinho tanto para fazer a higiene pessoal quanto para o consumo.
No local, ainda restam poucos objetos que lembram a conveniência, como um freezer velho e inutilizado. Com um fogão velho, de apenas duas bocas, e algumas panelas enferrujadas, José Ivanildo cozinha as próprias refeições. “Tem dias que eu mesmo cozinho, mas quando estou cansado da minha comida eu compro uma quentinha e almoço aqui, mas prefiro cozinhar”, disse. O almoço deste sábado foi uma feijoada que ele cozinhou na sexta-feira.
Reprodução Cidade News Itaú via Portal JH
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