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terça-feira, abril 29, 2014

Vigia de torcedor deve ganhar entre R$ 120 e R$ 200 por jogo na Copa

Stewards, vigilantes privados, são responsáveis pela segurança da torcida nos estádios durante a Copa (Foto: Grupo GP/Divulgação)A 44 dias do início da Copa do Mundo, as empresas de segurança privadas contratadas pela Fifa para garantir a segurança dos estádios ainda estão buscando profissionais.
São os casos de Natal, Manaus e Rio de Janeiro, segundo o presidente da Confederação Nacional dos Vigilantes, Jose Boantuvera Santos.
Ainda não há uma definição sobre como os "stewards", os vigilantes privados que atuarão desarmados nas arenas durante o Mundial, serão pagos. A negociação está sendo feita em cada estado entre o sindicato da categoria e as empresas contratadas pela Fifa. Por hora, o valor deve variar entre R$ 12 e R$ 20. Mas alguns locais avaliam um valor diário entre R$ 120 e R$ 200.
"Estamos em cima da hora e ainda não sabemos como vai ser. Deixamos a negociação a  cargo dos sindicatos em cada estado, e, até o momento, apenas o Ceará já fechou o valor de R$ 15 por hora, em uma convenção. Todas as empresas ainda estão contratando", afirma Boaventura.
Para trabalhar nos jogos, o profissional precisa ter a formação de vigilante privado e ainda fazer um curso de 50 horas de duração que o capacita para grandes eventos e que custa de R$ 200 a R$ 300. Antes de procurar uma empresa para se candidatar ao serviço, deve fazer o cadastramento biométrico na Polícia Federal. O salário mensal do vigia no Brasil varia de R$ 900 a R$ 1.500, mais o adicional de periculosidade, de 30%.
Nesta quarta-feira (30), a confederação apresentará ao Ministério do Trabalho uma proposta para tentar padronizar algumas regras de contratação nos estados. A ideia, segundo Boaventura, é que as empresas contratem de três formas: usem funcionários do seu quadro, contratem temporários e também façam parcerias com outras empresas de segurança da cidade.
"Algumas empresas já possuem um quadro fixo de seguranças que podem usar, mas nenhuma tem o suficiente para um jogo. A procura de profissionais ainda é grande", afirma  Boaventura.
O comitê organizador local (COL) da Copa do Mundo, responsável pela contratação de uma empresa de segurança em cada uma das 12 cidades-sede, diz que não pode divulgar nomes e valores devido à confidencialidade dos contratos. Segundo a Fifa, os preços seguem o padrão do mercado.

Natal Vigilância, contrata pela Fifa no RN, anuncia em seu site que ainda contrata vigilantes (Foto: Reprodução)Natal Vigilância, contrata pela Fifa no RN, anuncia
em seu site que ainda contrata vigilantes
(Foto: Reprodução)
O G1 descobriu e conversou com algumas delas. À reportagem, os responsáveis pelas empresas falaram que pretendem estipular um valor em torno de R$ 15 por hora. A empresa responsável pelo Mineirão, em Belo Horizonte (MG), por exemplo, quer negociar com a categoria um valor de R$ 12/hora (leia mais abaixo).
As empresas escolhidas em Natal (RN), Manaus (AM) e Rio de Janeiro informaram que ainda estão à procura de vigias. Nas outras capitais, ainda há cursos de formação em andamento.
Os "stewards" atuam como orientadores do público, ajudando a ocuparem os assentos corretos e impedindo o fechamento de saídas de emergência. Quando eles não conseguem conter a situação, policiais militares, que ficarão "escondidos", serão chamados. Por partida, segundo as empresas, serão, ao menos, 800 "stewards".

No Mineirão, teste com uso de stewards deu certo na Copa das Confederações (Foto: Grupo GP/Divulgação)No Mineirão, teste com uso de stewards deu certo
na Copa das Confederações (Foto: Grupo GP/Divulgação)
À procura de seguranças
Em São Paulo, a Arena Corinthians, palco de Brasil x Croácia na abertura do evento, em 12 de junho, estará sob responsabilidade da Gocil Segurança, que também atuará em Curitiba e em Porto Alegre, informou a confederação. A empresa disse que não iria se manifestar. Já no Rio, a Sunset Vigilância e Segurança, que atuou também na Copa das Confederações, ainda está em busca de profissionais para a final do Mundial.
Em Belo Horizonte, a empresa responsável, a GP Patrimonial, também atuou na copa das Confederações e decidiu manter mil homens por partida: 200 para segurança patrimonial e mais 800 “stewards”, diz o diretor José Jacobson. "Recebemos as chaves do estádio da Fifa e passamos a administrar o Mineirão até o fim do Mundial”.
A GP, segundo ele, cumpre o previsto pela legislação mineira – salário mensal de R$ 1.200, mais o adicional de periculosidade, além de auxílio alimentação e vale-transporte. O valor da hora que será pago na Copa pelo trabalho no estádio ainda está em negociação. "Pelo que a Fifa nos paga, só tenho condições de pagar entre R$ 12 e R$ 14 por hora”, diz.
Negociação no Ceará
Dentre os estados-sede da Copa, só o Ceará já fechou um acordo para pagamento dos vigilantes. O Sindicato dos Vigilantes do Ceará (Sindvigilantes) confirmou que uma convenção foi assinada em janeiro para grandes eventos, mas afirma que a empresa contratada para prestar o serviço, a Gassa Vigilância, ainda negocia informalmente uma redução do valor.
Apesar da definição, o presidente do Sindivigilantes, Daniel Borges, critica a escolha da Fifa. "Esta é uma das piores empresas que existe no mercado. Eu mesmo não acredito que eles conseguirão pagar os R$ 15 para os vigias durante a Copa”, afirma Borges.
O G1 procurou durante duas semanas o proprietário da Gassa, Nivaldo Oliveira, e esteve na sede da empresa, onde funcionários informaram que só Oliveira poderia falar sobre o Mundial Ele não respondeu aos contatos. Na Copa das Confederações, a Gassa atuou em parceria com a Brasili Segurança, que perdeu a concorrência para a Copa do Mundo.
O vigilante Francisco Melo, que trabalhou para a Gassa na Arena Castelão durante a Copa das Confederações, diz que a empresa é mal estruturada. “A escala dos funcionários foi mal organizada. A gente foi trabalhar em dia que não devia e não recebemos por isso, mesmo depois de ter sido convocado. Ninguém tinha estrutura para nada. Muita gente veio do interior. Quando chegou aqui, não tinha banheiro, não tinha onde almoçar, era tudo desorganizado”, afirmou ele.

Gassa vivilância (Foto: G1 Ceará)Gassa Vigilância vai prestar serviço para a Fifa no Ceará
(Foto: G1 Ceará)
Derrotada tentou negociar
A Brasili diz que perdeu a concorrência para a Gassa para a Copa do Mundo porque “a Fifa estava pagando muito pouco e não tinha como manter o padrão”.

“A Fifa tentou negociar com a gente, mas tabelaram o preço no Brasil e cada estado tem sua realidade. Aqui no Ceará temos uma convenção coletiva com salário em vigor que não teria como cumprir pelo que eles querem pagar”, diz Israel Brasil, diretor da Brasili Segurança, que presta serviços para diversas entidades do governo federal, cervejarias e construtoras.
O salário do vigilante no Ceará é de R$ 949,42 mensais, além do adicional de 30%, com uma hora de folga a cada 8 horas de jornada para um período de descanso sentado, o que, diz Israel Brasil, prejudica as operações em jogos de futebol. 

Reprodução Cidade News Itaú via G1

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