Brasília - A sessão solene para debater os 50 anos do golpe militar de 1964, realizada no Plenário da Câmara dos Deputados foi marcada por polêmicas e encerrada antes do tempo previsto.
O problema começou quando manifestantes, deputados e convidados deram às costas para o plenário num protesto contra o discurso do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), favorável ao período da ditadura militar. “Vocês vão ser torturados com algumas verdades aqui. Deixe-os de costas, presidente, por favor”, disse Bolsonaro.
O presidente da sessão, Almir Lando (PMDB-RO), no entanto, insistiu que o comportamento é proibido pelo Regimento Interno da Casa e encerrou a sessão. Ele pediu para os manifestantes que não quisessem ouvir Bolsonaro se retirassem do Plenário, mas não foi atendido. “Democracia é conflito”, disse Lando. “As partes têm que ouvir as outras”, completou. Manifestantes mostraram cartazes com os dizeres “A voz que louva a ditadura calou a voz da cidadania”, com fotos de desaparecidos políticos.
“A gente não queria que ele [Bolsonaro] não falasse; o que não queríamos era dar ouvido a ele”, disse o deputado Jean Wyllys (Psol-RJ), um dos que viraram de costas quando o deputado do PP começou o discurso. Com o encerramento, deputados se dirigiram ao Salão Verde, em frente ao Plenário, e improvisaram uma sessão solene informal sobre o golpe. Os parlamentares que discursaram, como Chico Alencar (Psol-RJ) e Amauri Teixeira (PT-BA), pediram a revisão da Lei de Anistia.
O tumulto começou bem antes. A primeira suspensão do debate ocorreu após uma faixa ser estendida na galeria do Plenário, parabenizando os militares pelo golpe de 1964: “Graças a vocês o Brasil não é Cuba”. Cidadãos e deputados se manifestaram contra a faixa e houve início de tumulto, quando participantes da sessão solene discutiram com Ivone Luzardo, presidente da União Nacional das Esposas de Militares. Ela segurava um cartaz contra o “revanchismo” no País.
Ao abrir a sessão, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), assinou o ato da Mesa Diretora que proclama 2014 como o Ano da Democracia, da Memória e do Direito à Verdade. “A Câmara é a instituição brasileira que mais representa o ideal de uma sociedade apta a definir seus rumos, com base em debates democráticos entre os representantes de todos os setores sociais relevantes, dentro do marco do Estado de direito”, destacou Alves.
O presidente salientou que rejeitou requerimentos de sessão solene que pudessem vincular o Parlamento brasileiro à comemoração do golpe de Estado.
Reprodução Cidade News Itaú via Tribuna do norte
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