O secretário de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, confirmou, em entrevista coletiva na noite desta quarta-feira (23), que Douglas
Rafael da Silva Pereira, 26, o dançarino DG, morreu após ser atingido por um disparo. O rapaz, que trabalhava no programa "Esquenta" da TV Globo, foi encontrado morto ontem (22) na comunidade Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro.
Beltrame citou laudo da necropsia feita pelo IML (Instituto Médico Legal) no corpo de DG nesta quarta-feira. "O laudo cadavérico diz que o corpo tem perfuração de bala de fogo e que o disparo foi fatal", afirmou o secretário.
A declaração de Beltrame contradiz a versão da Polícia Civil, que tratava a morte do dançarino como resultante de uma queda e afirmou que não haviam sido encontradas marcas de disparos no corpo de DG.
De acordo com o secretário, dez policiais militares da UPP (Unidade da Polícia Pacificadora) da comunidade serão investigados. Todos estavam em uma patrulha que participou de uma ação na última segunda-feira (21) que pode ter resultado na morte de DG.Os PMs não foram afastados de suas funções
"Qualquer indício que nos diga que há ou houve a participação desses policiais, eles serão submetidos ao julgamento que nos vimos fazendo com qualquer outro policial. Nós só não podemos antecipar juízo de valor. Especulação num momento desses é muito ruim para todos nós", disse.
Beltrame afirmou que a polícia recebeu a informação, por meio do disque-denúncia, que um traficante conhecido como Pitbull estaria na comunidade e planejava atos para tumultuar o trabalho da UPP. Segundo o secretário, Pitbull comandava o tráfico na favela e foi preso em 2008. Ele teria retornado à favela após a Justiça lhe conceder liberdade.
Ainda de acordo com Beltrame, após a denúncia, os policiais da UPP do Pavão-Pavãozinho se dirigiram a uma localidade conhecida como "quinta estação", onde estaria o traficante. A caminho do local, os PMs, nas palavras do secretário, "foram surpreendidos com pessoas fortemente armadas com bombas caseiras" e "fizeram um rápido revide."
O secretário disse que os PMs foram até a base da UPP e à 13º DP (Ipanema) para registrar a ocorrência.
As armas dos dez policiais ainda não foram apreendidas e estão com o comando da UPP. De acordo com o secretário, todas as armas passarão por perícia para descobrir se de alguma delas partiu o disparo que atingiu o dançarino. "O comandante da UPP já tem sob sua custódia essas armas com os nomes dos policiais e as matrículas."
Na creche da comunidade, onde o corpo foi encontrado, não foram encontrados projéteis.
Beltrame afirmou que o corpo de DG foi encontrado às 9h de ontem (22), quando policiais faziam uma ronda de rotina no local.
O secretário voltou a dizer que a inteligência da polícia possui informações de que há uma ação arquitetada pelo tráfico para "gerar intranquilidade" nas áreas com UPPs.
Necropsia
De acordo com o laudo da necropsia do corpo DG, foi detectada uma ferida compatível com a entrada do projétil na região lombar e outro no ombro, similar com a saída da bala. "Uma ferida com orla de escoriação e zona de enxugo, compatível com ferimento de entrada de projétil de arma de fogo" e "uma ferida com bordos irregulares e evertidos, compatível com ferimento de saída de projétil de arma de fogo", diz o documento.
Médicos-legistas ouvidos pela reportagem do UOL afirmaram que o laudo não deixa dúvidas: o dançarino foi baleado. "Isso aí é tiro. É a descritiva de tiro", afirma Demercindo Brandão Neto, que também é advogado e preside a Sociedade Mineira de Perícias Médicas.
Para George Sanguinetti, ex-professor da UFAL (Universidade Federal de Alagoas) e ex-diretor do IML alagoano, o laudo da necropsia traz "toda certeza de que os ferimentos foram causados por arma de fogo". O médico-legista afirma que a descrição indica que DG foi atingido a uma distância superior a três metros.
Polícia Civil
Em nota divulgada na noite de ontem, a Polícia Civil afirmou que análise do IML mostrou que as escoriações no corpo de DG eram "compatíveis com a morte ocasionada por queda."
A nota da Polícia Civil referia-se à declaração de óbito do IML, emitida ontem logo após a entrada do corpo, aponta que a morte foi causada por "hemorragia interna decorrente de laceração pulmonar decorrente de ferimento transfixante do tórax, ação perfurocontundente."
O caso está sendo investigado na 13ª DP (Ipanema), localizada nas proximidades da comunidade onde os dois morreram. "Policiais militares estão sendo ouvidos e familiares e testemunhas estão sendo chamados para prestar depoimento. A delegacia aguarda ainda o resultado dos laudos das perícias para esclarecer a causa das mortes", informou a polícia. A DH (Divisão de Homicídios) da Capital acompanha as investigações.
A Polícia Militar abriu sindicância para apurar se houve participação de PMs nas mortes na comunidade.
Reprodução Cidade News Itaú via Uol
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