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terça-feira, março 11, 2014

Suspeito de ter participado de ação em Itamonte é preso em sítio em SP

Cerco policial em Itamonte (Foto: enrique Costa/CPN/ESTADÃO CONTEÚDO)A Polícia Civil localizou a base operacional de uma quadrilha especializada em explosões de caixas eletrônicos, fixada em um sítio em Caçapava (SP), na tarde
desta segunda-feira (10). Duas pessoas foram presas, entre elas um suspeito de integrar o grupo de assaltantes que trocou tiros com a polícia em Itamonte (MG), no dia 22 de fevereiro. O tiroteio terminou com oito assaltantes mortos e um inocente, o professor Silmar Madeira, de 31 anos, que foi feito refém durante a ação.
No local, policiais da Delegacia de Investigações sobre Roubo a Bancos e do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) encontraram explosivos, equipamentos para detonação e armas de fogo. Também foram apreendidos coletes balísticos, munições de diversos calibres e máscaras de gás.
Dois integrantes da quadrilha foram presos no sítio. Um deles é suspeito de dirigir o caminhão que transportou uma parte do grupo responsável por invadir e explodir uma agência bancária em Itamonte.
Segundo o delegado Fábio Pinheiro Lopes, a base tinha uma localização estratégica para os ataques. "Utilizando as rodovias, conseguiam atingir rapidamente cidades pequenas na divisa de São Paulo e Minas Gerais. O local também não levantava suspeita", afirmou.
A descoberta do sítio surgiu durante as investigações. A polícia identificou onde um dos suspeitos morava, em Itaquaquecetuba (SP), e passou a segui-lo. O homem, que utilizava um carro roubado, foi detido no bairro Recanto dos Camargos, em Caçapava, e revelou a localização do sítio. No local, outro veículo roubado foi apreendido. "O objetivo era descobrir parte do arsenal do bando, que foi levado na fuga de Itamonte", informou o delegado.

Tiroteio e mortes em Itamonte
Durante a madrugada do dia 22 de fevereiro, cerca de 200 policiais civis e militares renderam uma quadrilha que explodiu um banco e se preparava para explodir outros dois em Itamonte. Ao todo, nove pessoas morreram e pelo menos cinco ficaram feridas, entre elas, cinco policiais civis.
Por volta das 2h, os criminosos explodiram caixas eletrônicos do Banco Bradesco e, durante a ação, foram cercados pelos policiais, que já tinham informações sobre a possibilidade do assalto. A quadrilha já era investigada havia pelo menos três meses.
Enquanto uma parte do grupo explodiu a outra agência, os outros integrantes ficaram em uma praça onde têm dois bancos, só que antes de detonar a dinamite, eles foram surpreendidos pela polícia. Os assaltantes estavam divididos em sete carros e, de acordo com a assessoria do governo do estado, eles pretendiam também dominar o pelotão da Polícia Militar de Itamonte e atacar ainda caixas eletrônicos em Itanhandu (MG). Durante a ação em Itamonte, foram apreendidos fuzis, espingardas calibre 12, pistolas, dinamites, munições e coletes à prova de bala. A informação da polícia é de que a quadrilha seja formada por pelo menos 20 pessoas. Quatro delas foram presas no local.
Um homem de 26 anos foi preso pela Polícia Civil de Mogi das Cruzes (SP) em um condomínio de luxo na cidade de Arujá (SP). Com ele, foram apreendidos uma moto, veículos e dinheiro manchado com tinta vermelha, proveniente do sistema de segurança dos caixas eletrônicos. Outro homem suspeito de integrar a quadrilha foi preso em Pindamonhangaba (SP).

Cerca de 20 assaltantes foram surpreendidos por policiais durante a ação (Foto: Reprodução Jornal Hoje)

Entre as pessoas mortas durante a operação em Itamonte, oito eram do Estado de São Paulo e um era de Itanhandu. Três policiais civis foram atingidos por disparos feitos por fuzis. Eles foram socorridos em um helicóptero e levados para São Paulo (SP). Dois criminosos também ficaram feridos, foram internados e após receberem alta, foram levados para o Presídio de Pouso Alegre (MG). Já os corpos foram levados para os IML de São Lourenço (MG), Pouso Alegre (MG) e Itajubá (MG).
A Polícia Rodoviária Federal também apoiou a operação. Embora os policiais tenham cercado a cidade, alguns criminosos conseguiram fugir e, apesar das buscas feitas com helicópteros da Polícia Militar em matas próximas, não foram encontrados.
Identificação dos mortos
Dos nove mortos na operação, três eram de Mogi das Cruzes (SP), quatro de São Paulo (SP), um de Campinas (SP), e o professor de Itanhandu, feito refém durante a fuga dos criminosos e que morreu baleado.
Um décimo suspeito, morto durante troca de tiros com a polícia quando tentava fugir pela Via Dutra, em São José dos Campos (SP), era de São José do Rio Preto (SP).
Seis pessoas detidas durante a operação continuam presas. Uma no Presídio de São Lourenço, quatro na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem (MG), e o sexto suspeito em São José dos Campos.

Policiais na frente de Presídio de São Lourenço, MG (Foto: Tarciso Silva / EPTV)

Prisão em Cambuquira
Um dos suspeitos foi preso em Cambuquira (MG) no dia 23 de fevereiro.  Segundo a Polícia Civil, a Justiça determinou a prisão preventiva do homem de 26 anos para ampliar as investigações. A principal hipótese é de que ele estivesse em rota de fuga após a ação.
De acordo com a Polícia Civil, o suspeito deu entrada no hospital de Cambuquira, por volta das 9h de domingo, desorientado, exausto e com um ferimento no braço direito. Ele alegou à equipe médica que havia se envolvido em uma capotagem, mas não soube passar nenhum outro detalhe. Os funcionários do hospital ficaram desconfiados e chamaram a polícia. Após alguns exames preliminares, a conclusão foi de que os ferimentos, provavelmente causados por arma de fogo, não condiziam com a história contada pelo paciente.
Após atendimento médico, o homem foi levado para a Delegacia de Três Corações (MG), onde prestou depoimento. Natural de Miracema (RJ), o suspeito disse que sofreu um acidente em Caxambu (MG) enquanto ia para o trabalho, mas após investigação, foi constatado que não houve nenhum acidente no local. O suspeito, que tem várias passagens pela polícia e um mandado de prisão em aberto, foi encaminhado para o Presídio de São Lourenço (MG).
Segundo a Polícia Militar, homens em uma caminhonete prata teriam ido a um hotel de Cambuquira perguntando sobre o suspeito. O dono do hotel informou ao grupo que o homem tinha ido para o hospital com envolvimento da polícia. O bando foi embora após a informação.

Polícia investiga morte de professorSilmar Madeira em Itamonte (MG) (Foto: Reprodução / EPTV)Professor Silmar Madeira foi morto em tiroteio em
Itamonte (MG) (Foto: Reprodução / EPTV)
Professor morto
O tiroteio terminou com a morte de um inocente, o professor Silmar Madeira. Segundo Deic, a vítima foi usada como escudo por um dos criminosos. Na noite do tiroteio, Silmar tinha ido até a casa da namorada, em Itamonte. O tio dela, que não quis se identificar, conta que os dois saíram naquele sábado. "Ela foi a última a sair com ele naquela noite. Eles estavam em um restaurante e chegaram em casa entre 1h30, 2h30. Ele a deixou no portão de casa e foi embora", afirma. Na ação realizada em Itamonte, testemunhas disseram que o professor foi rendido por um dos bandidos em fuga, que tomou o carro do professor e o levou como refém.
"Ele foi inserido na cena do crime de uma forma involuntária e, infelizmente na hora do tiroteio, não foi possível fazer essa distinção. Creio que foi uma fatalidade e um tremendo azar, tanto da parte dele, quanto da nossa", complementou o delegado João Euzébio Cruz.

O delegado Ruy Ferraz, que é responsável pela Divisão de Crimes Contra o Patrimônio do Deic, disse acreditar que o tiro que matou o professor foi dado por um criminoso, porque o buraco do ferimento estava nas costas do professor. Entretanto, ele ressaltou que apenas a perícia vai definir quem foi o responsável pelo disparo. João Euzébio também aguarda a perícia, mas acredita que o tiro que matou o professor foi disparado da arma de um policial.
 "Estão sendo feitos exames, mas tudo indica que o disparo tenha sido da arma de um policial, já que ele estava do outro lado do confronto. Do mesmo jeito que os tiros saiam do carro, os policiais revidavam", disse.
O professor dava aulas de técnicas em segurança do trabalho e também coordenava o curso técnico no Educandário São Francisco de Assis, em Itamonte, há 8 anos. Durante o dia ele trabalhava em Passa Quatro (MG) em uma empresa também de segurança do trabalho. Ele morava com os pais em Itanhandu e deixou duas filhas, uma de 6 anos e outra de 6 meses, que eram de outro relacionamento.
O corpo do professor foi sepultado em Itanhandu.

Reprodução Cidade News Itaú

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