Os policiais que flagraram uma tentativa de "golpe do bilhete premiado" na manhã desta sexta-feira (21) em Ijuí, na Região Noroeste do Rio Grande do Sul,
foram "anjos" para a mulher de 82 anos que por pouco não foi enganada por dois homens. Após o susto, na noite do mesmo dia, ela disse ter tido "ajuda divina" ao escapar de dentro do carro conduzido por um dos dois suspeitos do crime, mas lamentou que o puxão de orelha dado na dupla não foi mais forte.
"Puxei as orelhas dos dois com muita gana. Que pena que não arranquei", relembra a idosa que pediu para não ser identificada. Ainda assim, ela garante que a dor sentida por eles não foi pouca. "Tenho uma unha que é uma ferradura", diz.
Segundo a Polícia Civil, por volta das 10h de sexta a idosa foi abordada no Centro de Ijuí por um homem de 24 anos que a pediu informação. O comparsa, de 54, apareceu dizendo que tinha um bilhete premiado e precisava de duas testemunhas para retirar o valor, pois havia esquecido os documentos.
"Por que eu não atinei que podia ser conversa?", se pergunta a idosa, que nega ter sido motivada a ajudar o homem pela promessa de que ficaria com parte do valor de R$ 1,2 milhão. "Nem me entusiasmei com o dinheiro", contou.
Os suspeitos levaram a idosa a um carro que iria em direção à agência da Caixa Econômica Federal onde o prêmio, segundo o homem, seria retirado. O caminho ao banco, no entanto, não era o que ela conhecia. "Fiquei nervosa quando vi que estava sendo levada para outro lugar e gritei ‘Santo Anjo, socorro’. Ele [o motorista] encostou e parou. Tive ajuda divina", garante.
Após receberem uma denúncia, policiais civis e militares fecharam o carro e pediram para ela ficar no local. Naquela altura, a idosa imaginava que apenas o homem que dirigia o veículo e dizia ser dono do bilhete era golpista. Ela foi consolar o mais jovem quando foi alertada por policiais que se tratava de um comparsa. A descoberta despertou a ira da mulher.
"Aí o bandido estava sentado no chão e eu olhei pra ele e disse 'seu jaguara, seu cachorro sem vergonha, se passando por gente boa'. Pensei que era um pobre coitado, uma pessoa humilde", relembra.
A delegada Ana Paula Burille, responsável pelo registro do caso, considera as detenções importantes porque já havia registros do golpe do bilhete na cidade gaúcha, porém até então ninguém havia sido preso. Uma relação de cumplicidade surgiu com a participação da idosa no flagrante e o alívio que ela sentiu com a chegada dos policiais.
"Quando eu vi os policiais, disse 'graças a Deus, vocês são meus anjos'. E eles me responderam 'Anjo é a senhora, que fez a gente encontrar esses caras e pegá-los em flagrante", lembrou.
Já no início da noite, a mulher ainda estava nervosa. Conversou com o G1 após ir à farmácia "comprar um calmante", e confessou que comeu pouco no jantar. Mesmo assim, acredita que enfrentou bem a situação. "Para minha idade, estou muito bem estruturada para esse golpe de hoje. Poderia ter ficado fragilizada".
Ela crê ter ter prestado um serviço ao possibilitar o flagrante da dupla, e espera que a repercussão do caso evite que sejam aplicados golpes semelhantes. "É um alerta para as pessoas".
O G1 entrou em contato com o advogado dos suspeitos, que não deu declarações sobre o caso.
Reprodução Cidade News Itaú
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