O juiz Francisco Lacerda de Figueiredo, da comarca de Montes Claros (MG), respondeu o ofício do colega da Vara de Execuções Criminais (VEC) de Contagem, Wagner de Oliveira Cavalieri,
descartando a possibilidade de receber o goleiro Bruno na penitenciária local para que o ex-atleta do Flamengo pudesse retomar a carreira no Montes Claros Futebol Clube, time com o qual assinou contrato no mês passado. Segundo Figueiredo, o presídio está operando acima da capacidade e, portanto, não há como receber o condenado.
Bruno cumpre pena de 22 anos e três meses em regime fechado pelo sequestro e assassinato da modelo Eliza Samudio. Em 28 de fevereiro deste ano, assinou contrato para jogar pelo Montes Claros, que disputa a segunda divisão do futebol mineiro. A liberação do jogador para atuar, no entanto, depende da Justiça.
O pedido de transferência de Bruno da Penintenciária Nelson Hungria, em Contagem, onde está desde 2010, para Montes Claros foi protocolado em janeiro. Um dos requisitos que o juiz analisa para atender a solicitação é ter residência fixa ou trabalho. A intenção da defesa era que a Justiça autorizasse a transferência e, depois, permitisse que ele voltasse trabalhar.
De acordo com a legislação, o ex-atleta do Flamengo só poderá pleitear o direito de trabalhar quando estiver no regime semiaberto, o que deve ocorrer somente em 2018. Mesmo assim, o advogado de Bruno, Francisco Simim, mantém a esperança de conseguir com que Bruno retorne aos gramados antes desse prazo. ”Sob escolta, com uma pessoa da Secretaria de Segurança acompanhando ele, o Bruno pode sim sair para trabalhar. Já há casos de presos do regime fechado que deixam o presídio para estudar ou trabalhar. Eu mesmo tenho duas clientes do regime fechado que fazem o curso de Direito e saem escoltadas e em uma van da Secretaria de Segurança para estudar”, alegou.
O contrato com o Montes Claros
O contrato do goleiro com o Montes Claros é de cinco anos. O salário mensal é de R$ 1.430 e tem os direitos econômicos fixados em R$ 2,86 milhões. O nome de Bruno já foi publicado no Boletim Informativo Diário (BID) da Confederação Brasileira de Futebol, o que permite que ele atue pelo clube do norte de Minas.
O caso Bruno
Eliza Samudio desapareceu no dia 4 de junho de 2010 após ter saído do Rio de Janeiro para ir a Minas Gerais a convite de Bruno. Vinte dias depois a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. O filho de Eliza, então com quatro meses, teria sido levado pela mulher de Bruno, Dayanne Rodrigues. O menino foi achado posteriormente na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves.
No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza, um motorista de ônibus denunciou o primo do goleiro como participante do crime. Apreendido, jovem de 17 anos relatou à polícia que a ex-amante de Bruno foi mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.
No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime. No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão.
Em 17 de dezembro, a Justiça mineira decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa Sales e Bola seriam levados a júri popular por homicídio triplamente qualificado, sendo que o último responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda, Elenilson e Wemerson responderiam por sequestro e cárcere privado.No dia 19 de novembro de 2012, foi dado início ao julgamento de Bruno, Bola, Macarrão, Dayanne e Fernanda. Dois dias depois, após mudanças na defesa do goleiro, o tribunal decidiu desmembrar o processo. O júri condenou Macarrão, a 15 anos de prisão, e Fernanda Gomes de Castro, a cinco anos. No dia 8 de março de 2013, Bruno foi condenado a 22 anos e três meses de prisão, dos quais 17 anos e seis meses terão de ser cumpridos em regime fechado. Dayanne Rodrigues do Carmo, ex-mulher do goleiro e acusada de ser cúmplice no crime, foi absolvida. O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que é acusado como autor do homicídio, teve o júri marcado para abril de 2013.
Reprodução Cidade News Itaú
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