Familiares e amigos de Fabio Hamilton da Cruz, 23, que morreu após cair de uma altura de nove metros nas obras da Arena Corinthians, em Itaquera, na Zona
Leste de São Paulo no sábado (29), disseram que o operário não teve treinamento para realizar o serviço que fazia.
Fabio Hamilton de Souza, pai da vítima, lamentou o caso e disse que o filho não tinha experiência. “Eu só queria justiça, achei errado o que fizeram com meu filho, colocaram meu filho naquela altura, sem ter treinamento, sem ter experiência. A altura que ele estava ele tinha que estar com cabo de segurança, alguma coisa, e ele caiu sem nada. Ele estava despreparado, se tivesse treinamento isso não teria acontecido”, afirmou.
Luiz Antônio da Cruz, delegado que cuida do caso, disse que três causas serão investigadas. “Primeira coisa, estava com os equipamentos? Os equipamentos tinham defeito? Isso é a perícia que vai constatar. Foi a vítima que errou? Bom, nós estamos trabalhando com as três hipóteses”, informou o delegado.
O Ministério Público do Trabalho vai apurar se as empresas descumpriram alguma norma de segurança e saúde do trabalhador.
William Barbosa, um operário que trabalhava na obra, disse que Fábio deslaçou o cinto de segurança. “O Fabio estava atrás de mim, ele deslaçou o negócio do cinto dele, ele estava se arrumando, aí ele esqueceu na hora, a madeira desceu eu e ele, eu pulei pro lado na viga, segurei no cabo de aço abaixei pra tentar pegar ele, mas não deu tempo, ele desceu direto”, lamentou.
Um primo de Fábio, Anderson Coutinho, informou que a vítima não havia sido treinada. “Nunca passou por treinamento, ele é ajudante. Era pra ele estar no chão, no solo”, disse.
Davi Dionísio da Silva, outro primo, também disse que o jovem não estava preparado para o trabalho. “Ele estava fazendo serviço que não era nem dele. Na carteira dele tá como ajudante, e ele estava fazendo serviço de montador”, completou. “Antes de a perícia chegar, ainda pegaram e jogaram areia no sangue dele e colocaram plástico por cima”, denunciou Davi.
Um familiar disse que a empresa responsável pela obra ofereceu um bônus para que os operários acelerassem a obra. “Três mil reais que ofereceram pra ele, pra dividir entre eles, que eles estavam em um grupo de quatro pessoas. Se eles fizessem mais rápido, com três mil já solucionava tudo”, disse.
A Odebrech, empresa responsável pela construção da Arena Corinthians, informou que lamenta o que aconteceu, e que os trabalhos não vão ser paralisados. A WDS Construções, que contratou o Fábio para o serviço, disse que lamenta a morte do funcionário, que era treinado e tinha os equipamentos de segurança necessários. A Fast Engenharia, que também fazia a obra na arquibancada, não se pronunciou sobre a morte do operário.
O laudo da pericia vai ser divulgado daqui a 30 dias. Fabio foi velado e enterrado em Diadema, na Grande São Paulo.
Reprodução Cidade News Itaú via G1
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