Os reservatórios das hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste devem receber durante o mês de março mais água que nos dois meses
anteriores, porém ainda em quantidades abaixo da média histórica, aponta relatório do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) divulgado nesta sexta-feira (28). Essa previsão deve provocar nos próximos dias novos questionamentos ao governo quanto à garantia do abastecimento de energia no país e mesmo sobre a possibilidade de se adotar um racionamento.
De acordo com o relatório do ONS, os reservatórios de hidrelétricas que ficam nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, as mais importantes e que respondem por cerca de 70% da capacidade de geração de energia do país, devem receber, durante o mês de março, uma quantidade de água equivalente a 67% da média histórica.
Esse resultado, se confirmado, representa uma melhora em relação ao verificado nos meses de janeiro e fevereiro, em que a chamada afluência ficou, respectivamente, em 54% e 39% da média histórica naquelas regiões. O índice de fevereiro é o segundo pior para o mês em 84 anos. O de janeiro foi o terceiro pior em igual período.
Apesar da melhora, o relatório do ONS não diz se essa quantidade de água vai ser suficiente para garantir o abastecimento de energia quando começar o período seco, após o mês de abril.
Para os reservatórios de hidrelétricas do nordeste, a previsão do ONS é mais pessimista: eles devem receber uma quantidade de água equivalente a apenas 32% da média histórica. Na região Sul, esse índice deve ficar em 87. A única região que deve receber água acima da média é a norte (109%).
A baixa afluência é resultado da pouca quantidade de chuvas nos rios que abastecem esses reservatórios. Por conta disso, as represas de hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste registram, desde o início de fevereiro, o mais baixo nível desde 2001, quando foi decretado o racionamento de energia. Na quinta (27), dado mais atual, o nível de armazenamento nas duas regiões estava em 34,71%, na média.
Diferente de 2001, hoje o país tem uma grande quantidade de usinas termelétricas (que geram energia por meio da queima de combustíveis como óleo, gás, carvão e biomassa). E elas vêm sendo acionadas nos últimos meses justamente para ajudar a poupar água das hidrelétricas e evitar problemas durante a época seca. Essas termelétricas, porém, só conseguem atender a uma parte da demanda. Além disso, a energia gerada por elas é mais cara e, por isso, o uso dessas usinas provoca aumento na conta de luz.
Risco zero
Apesar das dificuldades observadas, o governo tem negado qualquer risco de faltar energia no país nos próximos meses. No dia 19, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou que “problema de abastecimento não haverá sob nenhuma circunstância” no Brasil.
Lobão deu essa declaração um dia depois de o diretor-geral do ONS, Hermes Chipp, dizer que os reservatórios das hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste precisam cheguar ao final de abril com, no mínimo, armazenamento de água em 43% da capacidade total. De acordo com ele, esse índice garante o fornecimento de energia no país ao longo de 2014 e também 2015 mesmo com chuvas durante o inverno abaixo da média histórica.
Portanto, para que cheguem ao final de abril com 43%, será necessário que, nos próximos 2 meses, os reservatórios do SE e CO recebam água suficiente para uma elevação de pouco mais de 8 pontos, considerando a situação dessas represas na quinta (27).
Segundo Chipp, o índice de 43% deve ser alcançado se chegar aos reservatórios, entre os meses de março e abril, pelo menos 76% da quantidade média de água para esse período.
A previsão considera o final do mês de abril porque é quando termina o chamado período úmido, em que as chuvas costumam ser mais intensas no país. E leva em conta apenas os reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste porque nas duas regiões estão instaladas hidrelétricas que respondem por 70% da capacidade de geração de energia do país.
Reprodução Cidade News Itaú
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