Uma nova crise explodiu no domingo (16) entre Venezuela e Estados Unidos, depois que o presidente Nicolás Maduro ordenou
a expulsão de três funcionários consulares norte-americanos, acusados de participação em reuniões com universitários, ao mesmo tempo em que prosseguem os protestos de estudantes.
Nesta segunda-feira (17), o chanceler da Venezuela, Elías Jaua, informou a identidade dos diplomatas : Breeann Marie McCusker e Jeffrey Gordon Elsen, segundos secretários da embaixada com funções de vice-cônsul; e Kristofer Lee Clark, também segundo secretário da embaixada. De acordo com o governo venezuelano, os três têm 48 horas para deixarem o país.
"Nosso governo os declarou [os diplomatas] como 'personas non gratas' e a partir deste momento têm 48 horas para abandonar o país", afirmou Jaua à imprensa.
O anúncio da expulsão foi feito na noite de domingo (16) pelo presidente Maduro, que acusou os três funcionários consulares --até então não identificados-- de participar em reuniões com universitários.
"Dei a ordem ao chanceler da República de proceder a declarar 'persona non grata' e expulsar do país estes três funcionários consulares da embaixada dos Estados Unidos da América. Que vão a conspirar em Washington!", disse Maduro em rede nacional de rádio e televisão.
Maduro afirmou que a desculpa para as reuniões com os estudantes de universidades privadas era oferecer vistos para os Estados Unidos.
País sugere ter provas de influência americana em atos antigoverno
O chanceler Elías Jaua assinalou que se baseando em "um conjunto de acompanhamentos" realizados nos últimos anos da embaixada dos EUA "funcionários de diferente nível" vieram organizando e promovendo a organização desses grupos assim como seu apoio financeiro através de "organizações fachada".
Jaua leu três correspondências de entre 2009 e 2011 com esses supostos detalhes, mas evitou dar mais dados de outras mensagens recentes alegando que há uma investigação em curso.
Afirmou que há mais correios, uns públicos em Wikileaks e outros "conseguidos" pela inteligência venezuelana, até 2014.
"Isso é uma atividade contínua e temos de 2012, 2013 e 2014", disse, lendo uma mensagem no qual supostamente a embaixada dizia que se corria o risco de perder o feito contra o falecido presidente Hugo Chávez e que as organizações juvenis desaparecessem por falta de financiamento.
"Nesse contexto se desenvolveu um programa nas universidades no último trimestre de 2013 e no início de 2014 por funcionários consulares" que "se dedicaram a percorrer universidades sob o pretexto de programas para a outorga de visas", disse o chefe da diplomacia venezuelana.
Essas operações, continuou Jaua, foram enviados "casualmente nas universidades onde enfocou as ações de protestos" dos estudantes e eram "a coberta para revisar os contatos com os dirigentes que captam para o treino, o financiamento e a criação de organizações juvenis mediante as que se promove a violência".
Protestos
Durante quase duas semanas, milhares de estudantes de todo o país têm protestado nas ruas contra a insegurança, a inflação, a falta de produtos básicos e a detenção de estudantes.
Mas desde quarta-feira (12), os protestos ficaram mais violentos.
No domingo à noite, grupos de manifestantes atacaram com pedras a sede do canal de televisão estatal VTV, denunciou Maduro.
Quase três mil estudantes protestaram em Caracas no domingo. O governo venezuelano afirma que as manifestações são parte de um "golpe de estado fascista em marcha" e acusa grupos de ultradireita.
Milhares de estudantes opositores voltaram a sair às ruas neste domingo em Caracas para denunciar a violência que grupos de encapuzados desataram após as manifestações nos últimos dias, com saldo de três mortos e que atribuem a grupos de infiltrados.
Mais de 3.000 pessoas, em sua maioria jovem, se encontraram no setor leste de Caracas para repudiar a violência registrada em Caracas e outras cidades do país, que desatou autênticas batalhas entre forças da segurança e encapuzados.
"Vamos continuar na rua, em paz, sem violência. Exigimos de Nicolás Maduro o desarmamento dos 'coletivos', até que não os desarmem, não deixaremos as ruas!", disse diante da multidão Gabriela Arellano, estudante da Universidade dos Andes (leste) e uma das líderes do movimento.
Os estudantes que pediram mobilizações há 15 dias em diferentes localidades da Venezuela responsabilizam os denominados "coletivos", simpatizantes do chavismo, de estarem armados e serem os responsáveis pela violência.
Na reunião foi decidida uma nova manifestação para segunda-feira que partirá do município de Chacao, cenário de confrontos nas últimas quatro noites, até o centro de Caracas para exigir o desarmamento desses grupos.
Na quarta-feira (12) passada, em Caracas, foi registrada a maior manifestação contra Maduro desde que assumiu o poder em abril de 2013, no final da qual aconteceram distúrbios e ataques à bala que se prolongaram até a noite com saldo de três mortos, mais de 60 feridos e uma centena de detidos.
Reprodução Cidade News Itaú
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