Acusado de ter matado a facadas o pai, o cineasta Eduardo Coutinho, e ferido a mãe, Maria das Dores de Oliveira, Daniel Coutinho, de 41 anos, foi transferido nesta sexta-
feira da Divisão de Homicídios, na Barra, para a Polinter de Neves, em São Gonçalo, carceragem para presos comuns. A família tenta uma autorização para que ele fique no manicômio judiciário. Segundo pessoas próximas ao acusado, Daniel chegou a fazer tratamento psiquiátrico, mas ele foi interrompido. O crime aconteceu no domingo passado.
Após atacar os pais, Daniel tentou se suicidar. Ele teve alta na quinta-feira do hospital e foi levado para a Divisão de Homicídio, onde depôs e passou a noite. Em seu depoimento, Daniel contou que, no dia do crime, acordou sentindo uma pressão no peito, que chamou de “opressão”. Pensando em fugir do que ele definiu como medo, o filho do cineasta teve a ideia de se matar. No entanto, preocupado em deixar os pais sozinhos, decidiu matá-los.
Depoimento de 20 minutos
Num depoimento de apenas 20 minutos, mas rico em detalhes, Daniel, que respirava fundo de tempos em tempos, revelou que estava preocupado como os pais ficariam com a sua morte. Em sua mente, disse à polícia, vieram as sucessivas internações do pai, já idoso. Para Daniel, que não trabalhava, seria muito ruim para os pais ficar sozinho sem ele.
Então surgiu a ideia de ir até a cozinha e pegar uma das facas que estavam lá. Depois, foi ao quarto dos pais, que dormiam, e observou: o pai, de 80 anos, estava na cama e a mãe, de 62, num colchonete ao lado. Daniel desferiu os primeiros golpes nela, que usou a mão esquerda para tentar se defender. Maria das Dores, mesmo ferida, correu e se trancou no banheiro. O cineasta acordou, mas não conseguiu se desvencilhar das facadas. Segundo Daniel, o pai tentou interfonar para o porteiro, mas caiu.
Por último, o filho de Eduardo Coutinho disse que usou a faca em si mesmo, não sentindo qualquer dor. Foi nesse momento que veio o arrependimento. Na tentativa de salvar os pais e a si mesmo, ele pediu ajuda a um vizinho, que chamou uma ambulância. Eduardo Coutinho já estava morto.
Para a polícia, o crime está esclarecido. Na opinião do diretor da Divisão de Homicídios, delegado Rivaldo Barbosa, trata-se de uma tragédia familiar:
— Todos são vítimas: pai, mãe, filho e sociedade.
A mãe de Daniel se recupera no Hospital Adventista Silvestre, no Cosme Velho. Ela ainda não sabe que o filho foi preso. Maria das Dores só deve ser ouvida na Justiça, para não atrapalhar seu tratamento. Na próxima segunda-feira, será rezada a missa de sétimo dia do cineasta, em São Paulo, onde haverá uma homenagem.
O crime ocorreu no apartamento da família, na Lagoa. Daniel foi encontrado ferido, com duas facadas na barriga. Maria das Dores levou duas facadas no peito e três na barriga, sendo que uma delas provocou lesões sérias no figado da vítima. A polícia informou que Daniel teria sofrido um surto psicótico. Ele está passando por avaliações para confirmar a suspeita de que sofre de esquizofrenia.
Reprodução Cidade News Itaú
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