Mais de 300 casas foram invadidas no conjunto Santa Júlia, entre os bairros Santa Delmira e Redenção. Por volta das 19h30min do sábado (1), cerca de 60 famílias invadiram
o almoxarifado onde as chaves estavam guardadas e iniciaram a ocupação das residências no local. O gerente da Interfort, empresa de segurança responsável pelo local, Hélio Lopes, alega que a equipe de vigias não teve como resistir à invasão popular.
“Era muita gente. Caminhões, carros e o povo em si. Não tinha como fazer nada, a Polícia Militar chegou e também não conseguiu impedir. Eles já foram ao painel, onde estava direcionada onde se localizavam as casas, pressionaram a vigilância e daí começou a distribuição das chaves. Jogaram até chaves nas ruas e o povo foi invadindo”, declarou o gerente.
As casas foram rapidamente ocupadas e até mesmo as residências que não estavam prontas também foram invadidas. Uma alegação popular é de que as obras estavam abandonadas, porque as obras paralisaram desde 2012. A assessoria de comunicação da Caixa Econômica Federal aponta que isso aconteceu para ajustes de projetos, como drenagem e calçamento e as obras serão entregues até julho, para ser entregues as pessoas cadastradas no Programa Minha Casa, Minha Vida, através da secretaria de desenvolvimento urbano.
O secretário de desenvolvimento, Galttieri Tavares, foi procurado pela reportagem do DEFATO.COM, mas viajou à Brasília neste domingo (2), para se reunir com a gerência nacional da Caixa e estava com o celular desligado. A assessoria da Caixa Econômica Federal aponta que as obras estão sendo construídas com recursos federais e, por isso, a Justiça Federal será acionada para que a Caixa tenha a reintegração das posses.
Mas não será uma tarefa fácil a desocupação dessas casas. Os ocupantes alegam terem grande necessidade financeira e querem ter direito a receber uma casa. A dona-de-casa Maria Iva afirma que está cadastrada há mais de três no programa Minha Casa, Minha Vida e nunca foi beneficiada.
“Estou desde o começo do programa Minha Casa, Minha Vida. Agora eu só saio da casa quando resolverem a minha situação. É um absurdo as condições que eu moro. Moro em um quarto com o meu marido e quatro filhos”, declarou Maria Iva.
A desempregada Altamira Assis afirma que mora de favor em um colchão de solteiro dividido com o marido e a filha. Ela chegou atrasada no local e ocupou apenas o banheiro dos operários da obra, onde está dormindo com a sua família e alega que só desocupa quando receber uma casa. “A renda que eu tenho é 50 reais por semana, que o meu marido tira com bicos. Não recebo bolsa-família, não estou no Programa do Leite, não recebo nada. Ou resolvem agora minha situação, ou não saio”, ressaltou a ocupante.
O assessor parlamentar do vereador Alex do Frango, Bruno da Silva, afirma que soube da informação no domingo pela manhã e foi ocupar uma residência porque mora de aluguel. “Soube pela manhã de domingo, que as chaves dessas casas estavam sendo distribuídas. Eu e um monte de gente saímos do Espetinho do Davi e pegamos as chaves. Fomos procurando as chaves e encontrando as casas. Quem começou isso, eu não sei, mas peguei a caixa com as chaves e ocupei”, disse o assessor.
O servidor estadual William Alisson afirma que não deseja pegar uma casa, mas esteve presente no local para apoiar a população, afirmando que é um direito de todo cidadão a moradia e alega que os Governos Estadual e Municipal pararam de realizar esse assistencialismo.
“Antes tinham programas como o Minha Casa, que dava casas para os mais necessitados e hoje não vemos mais esses programas. Então, é uma forma da população manifestar o direito de ter um teto para morar. Estou aqui para apoiar e espero que os Governos voltem a dar casa para quem precisa”, alegou o servidor.
Há também muita gente alegando ter direito a uma casa, por viver em condições precárias, mas não recebeu chaves. No entanto, muitos populares também revelam que as casas estão sendo comercializadas pelos ocupantes, por preços que chegam a R$ 2 mil, mas que em alguns casos só por valores simbólicos, já que não existe qualquer garantia de que a casa vai ser repassada para os ocupantes. “Vi gente vendendo de 50 reais”, falou uma testemunha. A reportagem do DEFATO.COM registrou ainda pessoas com carros e outros pertences ocupando as casas populares.
Em video, moradores explicamo como foi a invasão
Reprodução Cidade News Itaú
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