quinta-feira, janeiro 09, 2014

Ultrassonografia descarta gravidez de mulher que passou por cesárea

Ultrassom mostra ausência de feto, diz médico (Foto: Reprodução/TV Integração)As duas ultrassonografias realizadas por uma paciente de Monte Carmelo, no Alto Paranaíba, que descobriu que não estava grávida durante a cirurgia de cesariana,
apontaram a ausência da gravidez. Cláudia Aparecida Lopes, de 30 anos, deu entrada no hospital na segunda-feira (6) afirmando que estava em trabalho de parto, mas após o procedimento, foi informada de que não estava grávida. Nesta quinta-feira (9) ela teve alta médica e foi para a casa.
Segundo informações repassadas pela clínica responsável pelos exames, Radmed, a mulher fez, inclusive, um ultrassom transvaginal. Os exames foram realizados em outubro do ano passado, quando a paciente acreditava estar no sexto mês de gestação. De acordo com o médico Arthur Rosa Pena Neto, a clínica realizou o procedimento correto, o laudo foi claro e conclusivo e a paciente foi para casa ciente de que não estava grávida.

Cláudia Aparecida fez a cirurgia no Hospital Santa Terezinha. Este seria o terceiro filho da mulher. Segundo familiares, está muito abalada com a situação. O marido da mulher, Alexandro Donizete Oliveira Alves, de 23 anos, disse ao G1 que continua sem entender o que ocorreu e afirmou que Cláudia Aparecida passou pelo pré-natal e fez todos os exames solicitados. “Ela simplesmente teve alta hoje, mas ninguém do hospital me procurou para falar nada e eu também não vi mais o médico que fez a cirurgia. Eu só quero saber a verdade e vou atrás dela”, disse.
Alexandro Donizete disse que chegou a ver as ultrassonografias, mas que não entendia os exames. O jovem afirmou ainda que a mulher passou por cerca cinco consultas durante os nove meses e que fez exame de urina para confirmar a gravidez. “Ela não fez o teste de sangue porque o médico disse que não precisava, pois só de olhar a barriga dela e os sintomas já dava para ter certeza de que ela estava grávida”, salientou.

Cláudia Aparecida está em casa, mas continua sendo medicada. O esposo disse que quando olham para o quarto e para as roupas que seriam do bebê, o sentimento é de tristeza e frustração. “Se era gravidez psicológica como dizem tinha que ter sido diagnosticada antes ou durante as consultas e não depois de cortar a barriga da minha mulher”, concluiu.
Investigações
A delegada de Polícia Civil Cláudia Coelho Franchi informou que, analisando as ultrassonografias, percebe-se que não houve gravidez. Para descartar qualquer hipótese, Cláudia Aparecida fez nesta quarta-feira (8) um exame de sangue para identificar se havia ou não um feto no útero da mulher. O inquérito foi instaurado e deve ser finalizado em 30 dias. “Vamos ouvir testemunhas e avaliar os documentos apresentados”, relatou.
Cláudia Coelho disse que também está sendo apurada uma possível falsificação da caderneta de acompanhamento pré-natal e ressaltou que o médico se dispôs a prestar todos os esclarecimentos possíveis.
O corregedor do CRM-MG, Alexandre de Menezes Rodrigues, também falou com o G1 e disse que foi instaurada uma sindicância interna para saber onde ocorreu o erro. “Não sabemos ainda o que motivou a realização da cesárea e tudo tem que ser investigado”, afirmou. Alexandre de Menezes contou que o Conselho tem até 90 dias para apurar o caso.

Relembre o caso

Pais já tinham comprado até as roupinhas para o bebê (Foto: Reprodução/TV Integração)

A Polícia Civil e o Conselho Regional de Medicina (CRM) de Minas Gerais apuram o caso de uma mulher de 30 anos que passou por cesariana e após cirurgia foi informada que a gravidez dela era psicológica e que não havia nenhum bebê. Ela deu entrada no Hospital Santa Terezinha, em Monte Carmelo, onde fez o procedimento. Este seria o terceiro filho da mulher.
Em reportagem anterior, o G1 entrou em contato com o hospital e o médico que realizou a cirurgia, José Tomaz de Oliveira, se pronunciou através de um e-mail dizendo que a paciente esteve no consultório dele duas vezes e que não tinha aparelho de ultrassonografia. Já a respeito da cesariana e dos possíveis exames realizados pela paciente, nenhum dado foi repassado pelo médico.

Mulher teve alta e está em casa (Foto: Reprodução/TV Integração)Mulher teve alta e está em casa
(Foto: Reprodução/TV Integração)
Na ocasião, o marido da mulher, Alexandro Donizete Oliveira Alves, de 23 anos, contou que há nove meses a mulher suspeitou que estivesse grávida, fez um exame de farmácia e deu positivo. "Marcamos uma consulta e o médico confirmou a gravidez, dizendo até que era um menino. Pagamos pelo pré-natal e ela chegou a fazer a ultrassonografia. Em um dos exames o médico disse que ela não poderia ter parto normal, pois a criança estava sentada e teria que optar pela cesariana”, relembrou.

Alexandro Donizete disse que o parto foi marcado para segunda-feira (6) e que a mãe dele iria acompanhar a cirurgia. “Minha mãe ficou do lado de fora aguardando ser chamada quando veio a notícia que se tratava de uma gravidez psicológica. Minha mulher estava com um corte enorme na barriga e disseram para nós que simplesmente não tinha bebê. Foi aí que chamei a polícia e registrei um Boletim de Ocorrência (BO)”, ressaltou.
Outro lado
No e-mail enviado ao G1, o médico disse que há 45 anos atua na área e que ao longo da carreira realizou inúmeros procedimentos, dentre eles em torno de nove mil partos e cesarianas. Ele informou que não conta com aparelho de ultrassonografia e quando há a necessidade na realização desse exame ele encaminha as pacientes para os serviços existentes na cidade. Disse também que a investigação está a cargo da polícia e que os órgãos podem contar com a colaboração dele, pois quer transparência na apuração dos fatos.
O médico salientou que Cláudia Aparecida Lopes esteve apenas duas vezes no consultório dele. Sobre a operação, ele foi informado por funcionários do hospital que o prontuário e demais documentos já estão com a polícia e que o médico não se pronunciaria sobre o fato e nem entraria em detalhes para não comprometer as averiguações.

Reprodução Cidade News Itaú

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