Um torcedor da Portuguesa obteve nova liminar contra decisão tomada pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), que tirou quatro pontos da equipe rubro-
verde no Campeonato Brasileiro de 2013. É a segunda decisão da Justiça comum favorável ao time do Canindé, que foi rebaixado por causa da pena imposta pelo tribunal esportivo. E nem assim a torcida do clube paulista encontrou motivos para comemorar.
O problema é que a segunda liminar, concedida a um torcedor pelo Juizado Especial Cível de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, tem base idêntica à da primeira decisão. E a expectativa do movimento "Todos vamos à luta", responsável pelas duas iniciativas, é que a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) consiga derrubar ambas.
"Acho que a CBF vai conseguir derrubar. A possibilidade de isso acontecer é grande", admitiu Gabriel Ribeiro Alves, advogado do "Todos vamos à luta".
O movimento foi formado por torcedores da Portuguesa para agir contra a decisão do STJD. O grupo criou uma ação padrão e apresentou centenas de pedidos em diferentes tribunais espalhados pelo Estado de São Paulo.
Inicialmente, um torcedor da 42ª Vara Cível de São Paulo obteve decisão favorável à Portuguesa. O juiz Marcello do Amaral Perino emitiu liminar exigindo que a CBF revisse a punição e devolvesse os quatro pontos retirados da equipe rubro-verde.
Um dia antes, o mesmo magistrado havia emitido liminar favorável a um torcedor do Flamengo. A CBF já conseguiu derrubar essa decisão, com alegação de que o responsável pela ação não tinha legitimidade para isso.
"Eles devem fazer o mesmo com as ações da Portuguesa. A decisão da 42ª Vara Cível deve ser derrubada hoje [sexta-feira] ou segunda-feira. Estão batendo muito nessa questão da legitimidade", disse Ribeiro Alves.
As ações de torcedores da Portuguesa dizem que a pena ao clube configurou uma infração ao Estatuto do Torcedor, que é lei federal. A equipe rubro-verde foi punida pela escalação do jogador Heverton na última rodada do Campeonato Brasileiro de 2013, em empate sem gols com o Grêmio.
O STJD considerou que a situação de Heverton era irregular e usou como base para a punição o artigo 133 do CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva). O entendimento do "Todos vamos à luta", porém, é que esse dispositivo foi revogado em 2010 pelo Estatuto do Torcedor, que tem texto contraditório e é hierarquicamente superior.
Até o momento, a CBF não questionou essa argumentação. A defesa da entidade preferiu atacar a legitimidade dos torcedores que entraram com ações, alegando que eles não podem acionar tribunais para defender interesses de um clube e contestar uma decisão de tribunal esportivo.
Uma das apostas do "Todos vamos à luta" para reagir a isso é o uso de entidades de defesa do consumidor. O grupo procurou instituições de classe para apresentar ações coletivas com a mesma argumentação.
Outra aposta do grupo é o processo aberto pelo Ministério Público de São Paulo, que instaurou inquérito sobre o tema. Na última quarta-feira, o promotor Roberto Senise Lisboa disse em entrevista coletiva que a CBF será convocada para uma reunião na próxima semana e que será convidada a assinar um termo de ajustamento de conduta para rever a decisão do STJD. A entidade ainda não se pronunciou sobre isso.
Reprodução Cidade News Itaú
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