"Fiz uma pesquisa em todas as atas de julgamentos do Superior Tribunal de Justiça Desportiva em 2013. Não encontrei nenhum caso especificamente igual a essa situação. Várias situações foram colocadas, mas do passado. Nós não podemos falar de campeonatos anteriores", explicou Senise Lisboa, que trabalha na Promotoria do Consumidor do MP-SP.
Senise Lisboa instaurou inquérito no MP-SP sobre a decisão que puniu a Portuguesa no STJD. A equipe do Canindé foi penalizada pela escalação irregular do jogador Heverton na última rodada do Campeonato Brasileiro de 2013, no dia 8 de dezembro, em empate sem gols contra o Grêmio.
Heverton havia sido expulso contra o Bahia e cumprido suspensão automática diante da Ponte Preta. Ele foi julgado pelo STJD na sexta-feira que precedeu o confronto com o Grêmio e recebeu pena de duas partidas.
Com base no artigo 133 do CBJD, o STJD condenou a Portuguesa a perder o ponto conquistado contra o Grêmio e os três pontos que estavam em jogo. O problema é que o dispositivo contraria o que diz o Estatuto do Torcedor.
Segundo Senise Lisboa, o Estatuto exige que as punições, assim como acontece na Justiça Comum, sejam publicadas para terem validade. O site oficial da CBF divulgou a pena a Heverton apenas na segunda-feira posterior ao jogo contra o Grêmio.
O curioso é que a pesquisa do promotor ignorou inicialmente o caso do Flamengo, que também foi punido pelo STJD. O time rubro-negro escalou na última rodada do Brasileiro o lateral esquerdo André Santos, outro que foi citado em julgamento de sexta-feira.
"Só preciso ter certeza de que o caso do Flamengo é igual. Eventualmente, o Flamengo pode se beneficiar se estiver em situação semelhante", ponderou o promotor.
Em 2013, o Fluminense teve um caso parecido com o da Portuguesa. Felipe foi punido em um julgamento realizado na sexta-feira à tarde, mas o time carioca entrou com pedido de efeito suspensivo assim que a pena foi divulgada. O pedido foi indeferido, e o meio-campista não atuou no domingo.
"Quando há um recurso no mesmo dia ou um pedido de efeito suspensivo, como aconteceu com o Felipe [Fluminense], o clube é dado por citado. Nesse caso, o STJD dispensa a publicação do acórdão", explicou Senise Lisboa.
Inicialmente, toda a discussão do MP-SP está focada no embate entre CBJD e Estatuto do Torcedor. Senise Lisboa nem sequer iniciou investigação sobre dolo.
"Não dá para dizer se houve má fé, mas nem precisamos disso nesse momento. Não é necessário provar culpa, desde que haja um dano comprovado para torcedores e consumidores", disse o promotor. "A discussão sobre intenção é de menor importância agora. Não que não seja importante do ponto de vista moral, mas é que não precisamos disso agora para dar continuidade, adicionou.
Reprodução Cidade News Itaú
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