segunda-feira, janeiro 06, 2014

Parentes dão adeus a Nelson Ned em cerimônia de cremação

Irmã de Nelson Ned canta 'Tudo passará' durante cerimônia (Foto: Lais Catassini/G1)Familiares e amigos de Nelson Ned deram adeus ao cantor durante cerimônia de cremação na noite deste domingo (5), no cemitério Horto da Paz, em Itapecerica da
Serra, Grande São Paulo. O artista de 66 anos morreu nesta manhã no Hospital Regional de Cotia, também na região metropolitana. Ele estava internado desde sábado com pneumonia.
No rito, parentes e amigos cantaram as músicas “Segura na mão de Deus” e “Porque Ele vive”. Uma irmã do cantor puxou coro de “Tudo passará”, maior sucesso de Nelson, fazendo com que todos os presentes na capela do cemitério cantassem juntos.

De acordo com a irmã do cantor Neuma Nogueira, que cuidava dele em São Paulo, Nelson teve infecção pulmonar e urinária e não respondeu ao tratamento. “Ele teve febre muito alta e estava muito debilitado. Nos últimos 2 dias, ele já estava inconsciente e respondia muito pouco”, disse. As cinzas de Nelson deverão ser entregues para sua família na próxima semana.

Velório do cantor Nelson Ned acontece em capela de cemitério em Itapecerica (Foto: Everaldo Silva/Futura Press/Estadão Conteúdo)

Natural de Ubá, Minas Gerais, Nelson Ned fez fama como cantor de músicas românticas nos anos 60, quando já vivia no Rio de Janeiro. "Tudo passará", de 1969, foi um de seus grandes sucessos.

Em 2003, o cantor sofreu um acidente vascular cerebral. Desde então, vivia no Recanto São Camilo, na Granja Viana, em Cotia, sob a guarda e cuidados de Neuma. O AVC afetou sua parte vocal, assim como memória. Ned foi casado duas vezes e teve três filhos com Marly, sua segunda esposa: duas filhas, de 32 e 33 anos, e um filho, que mora no México. Segundo a irmã Ned Helena, as filhas irão acompanhar o velório em São Paulo.
Família
Parentes recordavam com carinho do autor do sucesso "Tudo passará". "O Céu está mais romântico", disse Veronica Pinto, filha mais velha de Nelson. Ela contou que um dos últimos momentos que viveu com ele foi em seu aniversario, em dezembro. "Dei o primeiro pedaço de bolo para ele e ele ficou se achando", afirmou, com um sorriso no rosto.
A família acrescentou que, além das canções românticas, o cantor deixa um legado de superação, principalmente após sofrer um derrame que afetou sua voz. "Ele é um homem que só deixou exemplos. Só tenho a agradecer a Deus por ter nascido na família que ele nasceu. Para mim é um privilegio", afirmou Neide, uma de suas irmãs.

Filhas de Nelson Ned dão entrevista durante velório (Foto: Vanessa Carvalho/Brazil Photo Press/Estadão Conteúdo )

Outra filha de Nelson, Monalisa Pinto Pereira afirmou que o cantor foi "um pai, uma mãe, um amigo, um artista". "O Céu esta mais romântico. Está uma festa.”
O ator e apresentador Moacyr Franco compareceu ao velório. Amigo da família, Franco lamentou o tratamento que o Brasil deu ao cantor. "Era lá [no exterior] que ele era respeitado no nível que ele merecia."
Ele lembrou que a primeira vez em que Nelson Ned se apresentou em publico foi em seu programa, em 1961, quando Nelson tinha 12 anos.


Carreira
Primogênito dos 7 filhos de Nelson de Moura Pinto e Ned d´Ávila Pinto, ele saiu de Ubá (MG) para tentar a vida no Rio de Janeiro aos 17 anos. Começou bem distante dos palcos, trabalhando em uma linha de montagem de uma fábrica de chocolates. Cantou em boates paulistas e cariocas antes da maioridade e era escondido embaixo do balcão das casas quando o Juizado de Menores passava para fiscalizar.
Tempos depois, passou a ser figura recorrente no programa do Chacrinha, que ele considera o “pai de sua carreira artística”. Foi na televisão que conquistou espaço e sucesso com o hit "Tudo passará", uma de suas primeiras músicas.“Ele foi um divisor de águas na minha vida. Me deu oportunidade e comida. Devo muito ao falecido amigo. Foi muito difícil ser cantor de brega e anão neste país”, relembrou Ned em entrevista ao G1, em 2012.


Com 32 discos gravados em português e espanhol, Ned cantou no Carnegie Hall e no Madison Square Garden, ambos em Nova York. Ele se converteu nos anos 90 à religião evangélica e, desde então, cantava músicas gospel. Em 1996, lançou a biografia "O pequeno gigante da canção", que fazia referência à sua altura, de 1,12m.
O hit "Tudo passará” era sua faixa predileta, conforme contou ao G1. “É a que mais gosto. Quando cantei em um programa fui aplaudido de pé no meio da música. Isso é ser brega? Quem não é brega quando fala de amor? É o amor que é brega, não a minha música.”
Principais discos:
1960 - "Eu sonhei que tu estavas tão linda/Prelúdio à volta"
1969 - "Tudo passará"
1970 - "Nelson Ned"
1979 - "Meu jeito de amar"
1992 - "Penso em você"
1993 - "El romantico de América"
1997 - "Jesus está voltando"
1998 - "Seleção de ouro/20 sucessos"
1999 - "Os melhores tangos e boleros"
1999 - "Tudo passará/Meu jeito de amar"

Reprodução Cidade News Itaú

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