O mais procurado assaltantes de bancos de São Paulo, Rolídio Brasil de Souza Gama, 42, mais conhecido pela alcunha de "Monstro", foi preso na última quinta-feira sem reagir –
ou quase isso.
Ao ser abordado por um grupo de policiais, ergueu tranquilamente os punhos para serem algemados. Mas não sem antes perguntar se havia "conversa" –suborno.
"Não. Aqui é cana", disse um dos policiais, segundo o chefe da divisão de capturas Adilson da Silva Aquino.
"Ele percebeu que não tinha nenhuma conversa errada. Não tinha nada. Falaram [os policias]: 'Você ficou muito famoso'", relatou Aquino.
No caminho até o carro, diz o delegado, ainda brincou: "Essa mídia só me ferra."
Condenado a 32 anos de prisão, Monstro foi surpreendido em uma casa alugada no sertão de Boiçucanga, em São Sebastião, litoral norte, onde passava o feriado de final de ano com a família –entre eles, a mulher e dois filhos.
O criminoso se tornara uma das prioridades da Polícia Civil havia dois anos, após escapar de ao menos quatro operações em que vários membros da quadrilha foram presos ou mortos.
carreira
Monstro construiu uma "carreira" de quase 23 anos. Os policiais não sabem bem a origem de seu apelido. Dizem que pode ser em razão da agressividade nos roubos.
Num dos assaltos, chegou a colocar o cano da arma na boca de um gerente. Outra hipótese, para os policiais, é uma chacota de comparsas em razão do nariz torto.
Nascido na pequena Barra do Bugres, Mato Grosso, ele –que tornou-se especialista em roubo a cofres– teve seu primeiro registro na polícia em fevereiro de 1991 ao assaltar uma lanchonete na zona norte da capital paulista.
A polícia não sabe dizer quando ele chegou a São Paulo nem se teve passagem pela antiga Febem.
Sabe, porém, que depois da primeiro crime ele não parou mais. Tinha 19 anos.
Ainda em 1991, praticou mais dois roubos –a uma editora e a uma mulher.
Foi para a prisão pela primeira vez em 1992, após mais três roubos. Cumpriu pena em regime fechado durante seis anos, quando então conseguiu o direito a cumprir o restante da pena em regime semiaberto. Fugiu um mês depois de receber o benefício.
Em fevereiro de 1999, foi preso agindo pela primeira vez num roubo a banco.
fuga
Foi para a prisão, mas não por muito tempo. Em dezembro do mesmo ano, Monstro fugiu de novo.
Voltou ao cárcere mais uma vez em 2002 quando se tornou chefe de uma quadrilha. Até então, ocupava papeis secundários nos bandos que participava. Cinco anos depois, em 2007, escapou do semiaberto. Monstro voltou a fazer o que mais sabia.
Ganhou fama de frio e inteligente. Aprendeu a rotina dos bancos e como cooptar vigias das agências.
Também entrava disfarçado de funcionário. Roubou pelo menos outros 24 bancos.
Neste ano, Monstro assaltou três agências em apenas uma semana. Acumulou 17 mandados de prisão.
vida normal
Apesar dos roubos milionários, o criminoso levava uma vida sem ostentação. A polícia ainda sabe ao certo o seu patrimônio.
Ao todo, de acordo com informações da polícia, há 31 casos confirmados com sua participação. "Acreditamos que esse número possa dobrar. Chegar até uns 65", afirmou o diretor do departamento de capturas, Marco Antonio Desgualdo.
"Aqui nós tínhamos [no departamento] o médico e o monstro. O Monstro nós prendemos. Agora, só falta o médico", disse Desgualdo em referência ao médico Roger Abdelmassih, condenado por uma série de estupros e que está foragido há três anos.
Reprodução Cidade News Itaú
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