A mãe do jovem homossexual achado morto perto de um viaduto no centro de São Paulo no último fim de semana prestou depoimento ontem à Polícia Civil. Isabel Batista voltou a descartar a hipótese de
suicídio e disse ter provas de agressão. Nesta sexta-feira, 17, a polícia apreendeu na casa do rapaz um diário com mensagens de despedida à família.
Segundo Ademar Gomes, advogado da mãe da vítima, duas possíveis testemunhas procuraram Isabel. Os contatos foram repassados à polícia, informou Gomes, e também uma foto que seria do momento em que os policiais encontraram o corpo. "Ele foi espancado por skinheads", disse o advogado.
Ao deixar o 3.º Distrito Policial (Campos Elíseos), onde prestou depoimento, Isabel evitou falar com os jornalistas e disse não acreditar em suicídio. "Não quero essa hipótese", reforçou. A família acredita que há sinais de tortura, já que o jovem teria uma perfuração na perna com uma barra de ferro e diversos ferimentos graves.
Kaique Augusto Batista, de 17 anos, foi encontrado desfigurado pela PM na região da Bela Vista, na Avenida 9 de Julho. O inquérito instaurado apura suicídio e não houve mudança na tipificação criminal. Para a polícia, os machucados no garoto foram causados pela queda e pelo tempo que o cadáver ficou fora do refrigerador no Instituto Médico Legal (IML).
A página do Facebook da vítima continha textos sobre tristeza e problemas pessoais. No diário apreendido, havia mensagens em que Batista dizia adeus à família e afirmava que "não passaria dos 30 anos".
Outras quatro testemunhas prestaram depoimento à polícia nesta sexta-feira, 17, sobre o caso. Foram ouvidas ainda os três colegas de apartamento de Batista - um casal de amigos e a mãe de um deles. Também depôs o jovem que reconheceu o corpo no IML. Segundo eles, Batista era alegre, comunicativo e não tinha sinais de depressão. Depois de amanhã serão ouvidos outros amigos da vítima. O delegado responsável, Araribóia Tavares, não falou com a imprensa.
Manifestação. Um protesto pela apuração da morte de Batista reuniu dezenas de pessoas no início da noite desta sexta-feira, 17, no Largo do Arouche, região central. Com faixas e apitos, os manifestantes cobravam justiça. "Não temos dúvidas de que ele foi espancado. Se o ato foi homofóbico ou não, só a investigação vai dizer", afirmou Elvis Justino de Souza, de 27 anos, amigo da vítima que participou da marcha. "Por enquanto, não estamos confiantes no trabalho da polícia", completou.
De acordo com os organizadores, mais de 200 pessoas participaram da marcha. A PM afirmou que havia 150 manifestantes. O grupo deixou o Largo do Arouche às 20h e seguiu rumo à sede da Secretaria de Segurança Pública, também no centro. O policiamento foi reforçado na região para evitar ataques de grupos homofóbicos após o ato.
Legislação. A ministra Maria do Rosário, da Secretaria dos Direitos Humanos, lamentou o caso ontem em evento em Porto Alegre. "Consideramos que há indícios claros de homofobia", disse. Ela aproveitou o tema para criticar a demora para aprovação no Congresso do projeto de lei que criminaliza o preconceito contra a orientação sexual.
Reprodução Cidade News Itaú
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