O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) lançou uma nova série de pesquisas sobre o mercado de trabalho, com mudanças na
metodologia e abrangência maior.
Nos seus primeiros resultados, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, ou simplesmente Pnad Contínua, indicou um desemprego maior do que o registrado pela tradicional Pesquisa Mensal de Emprego (PME), cuja metodologia havia sido alterada pela última vez em 2002.
A taxa de desocupação no país foi de 7,4% no segundo trimestre do ano passado, de acordo com o dado mais recente da Pnad Contínua. Já a PME registrara 5,8% em abril e maio, e 6% em junho, o que dá uma média de 5,9%.
O gráfico abaixo mostra a diferença entre as duas pesquisas, considerando a taxa média da PME em cada trimestre.
Novos dados
A Pnad contínua mostrou, ainda, que existiam no país 90,6 milhões de pessoas ocupadas no segundo trimestre do ano passado, 1 milhão a mais do que em igual período de 2012. A população desocupada era de 7,3 milhões de pessoas no período de abril a junho de 2013, o mesmo número registrado um ano antes.
A região com maior taxa de desemprego foi o Nordeste (10% no segundo trimestre do ano passado), seguida pelo Norte (8,3%). A desocupação ficou abaixo da média nacional no Sudeste (7,2%), no Centro-Oeste (6%) e no Sul (4,3%).
Esses números são inéditos, uma vez que a pesquisa anterior trazia registros apenas de seis regiões metropolitanas.
Por outro lado, a Pnad Contínua ainda não traz informações sobre a renda da população, como faz a PME. O IBGE planeja divulgar até o final do ano.
Substituição
A Pnad Contínua vai substituir a PME e também a Pnad, que registra anualmente dados não apenas sobre mercado de trabalho, mas inclusive a respeito de temas como educação, migração e trabalho infantil. A nova pesquisa divulgará dados sobre o mercado de trabalho a cada trimestre e sobre os demais temas uma vez por ano.
A PME continuará sendo divulgada até o final do ano. A partir de 2015, ela deixará de existir, de modo que a Pnad Contínua se tornará a responsável por registrar a taxa oficial de desemprego do país.
Por enquanto, a nova pesquisa, que será trimestral, trouxe dados somente do período de janeiro de 2012 a junho de 2013. No dia 28 de março, serão divulgados os números referentes ao segundo semestre do ano passado. Em maio, os dados corresponderão ao primeiro trimestre de 2014. Em agosto, sairão os dados sobre o segundo trimestre.
Diferenças
Uma das principais diferenças entre as três pesquisas é a amplitude. A PME entrevistava pessoas em 44 mil domicílios localizados em seis regiões metropolitanas (Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre). A Pnad abrangia 147 mil domicílios em 1.100 municípios . Já a Pnad Contínua tem uma amostra de 211 mil domicílios em 3.500 municípios.
A PME era mensal, enquanto a Pnad era anual. A nova pesquisa divulgará trimestralmente dados sobre o mercado de trabalho a respeito do Brasil como um todo e das grandes regiões (Norte, Nordeste etc.) e anualmente os números sobre emprego e desemprego separados por Estado, além de disponibilizar o banco de dados para que o cidadão possa fazer pesquisas mais detalhadas. Também uma vez por ano, a Pnad Contínua vai apresentar os dados referentes a outros temas, como educação, migração e trabalho infantil.
As pesquisas têm diferenças também sobre os conceitos usados. Por exemplo, a PME e a Pnad consideravam que as pessoas de dez anos ou mais estavam em idade de trabalhar. Na nova metodologia, esse limite mínimo subiu para 14 anos.
Outra diferença importante é o conceito de desocupação. Na PME, só era considerada desempregada a pessoa que, além de estar sem trabalho e disponível para entrar no mercado, havia procurado emprego nos últimos 30 dias. Já na Pnad contínua, estar sem ocupação e ao mesmo tempo disponível para um emprego é o suficiente para a pessoa ser considerada desocupada.
Esse ajuste deve pôr fim a uma das principais críticas que a PME sofria, a de chamar de “inativo'' o trabalhador que havia desistido de procurar emprego, mas continuava interessado em voltar ao mercado.
Conceitos
A Pnad Contínua também mudou alguns conceitos com o objetivo de se encaixar em um padrão definido na OIT (Organização Internacional do Trabalho).
A pesquisa trocará a expressão “População Economicamente Ativa'' (PEA), que se refere à soma das pessoas ocupadas e desocupadas, por Força de Trabalho. O termo “População em Idade Ativa'' (PIA) será substituído por “População em Idade de Trabalhar''.
Vale destacar, ainda, que a Pnad Contínua introduzirá o conceito de subocupação, referente às pessoas que estão ocupadas, mas com um número de horas de trabalho insuficiente para serem consideradas ocupadas.
A taxa de desocupação ainda não foi divulgada, mas o IBGE promete lançá-la dentro da Pnad Contínua.
Reprodução Cidade News Itaú
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