Célia Nascimento, funcionária da UniverCidade (Centro Universitário da Cidade), não recebe salários desde outubro do ano passado, quando o MEC (Ministério da Educação) começou a supervisionar
a instituição --três meses depois, assim como a UGF (Universidade Gama Filho), a UniverCidade foi descredenciada em função de uma série de irregularidades.
Moradora de Realengo, na zona oeste do Rio, a inspetora de alunos diz depender do marido --que trabalha como cobrador de ônibus e ganha cerca de R$ 900-- para sobreviver: "Ele é o único que está trabalhando. É o meu único sustento agora".
Além da situação financeira extremamente delicada, Célia ainda viu o filho perder a bolsa de estudos na UniverCidade, onde ele cursava o quarto semestre de análise de sistemas. "Meu filho ganhou a bolsa por eu ser funcionária. Agora, não sei como dar a ele a chance de ser alguém na vida. Não temos dinheiro para pagar uma faculdade", disse.
Célia se encontra em situação semelhante, pois cursava pedagogia na própria UniverCidade por meio de uma bolsa de estudos dada a funcionários. Ela estava no último período e precisava apenas da aprovação para dar início ao processo de obtenção do diploma.
"Nós, funcionários, estamos completamente abandonados. Eu estava no último período, faltava apenas a divulgação da nota para eu saber se iria me formar. Como vai ficar a minha situação? Eu vou ter que cursar outra faculdade? Fiquei sem salário e sem diploma", declarou ela.
A inspetora disse ainda não ter feito a conta de quanto tem a receber, porém afirmou que, além dos salários referentes ao período de outubro a janeiro, ainda há férias e décimo terceiro. Segundo ela, não está fácil conseguir um novo emprego.
"Todo dia eu coloco currículos na internet, mas é complicado. (...) Às vezes, surge um ou outro bico que me permite ajudar o meu marido. Mas é muito raro", desabafou Célia, que disse ainda já ter feito "bicos" passando roupas e fazendo faxina.
Sem esperança de receber
Simone Silva Costa, técnica de automação na Universidade Gama Filho, também não recebe salários desde outubro. "E nem tenho esperança de ver esse dinheiro", disse ela.
Suas filhas de 15 e 17 anos tiveram que sair do Colégio Piedade Gama Filho, instituição que oferece bolsas de ensino básico, fundamental e médio para filhos de funcionários da UGF. As adolescentes não chegaram o perder o ano letivo, segundo Simone, mas a família encontra dificuldades para matriculá-las para o ano de 2014.
"Peguei o histórico delas e estou procurando um novo colégio. Mas conseguir um colégio particular não é fácil, ainda mais sem receber salários há quase quatro meses", afirmou.
Simone, cujos estudos também foram prejudicados --ela cursava pós-graduação em fisioterapia na própria Gama Filho-- declarou ainda estar sobrevivendo com a ajuda do cunhado, que tem uma firma de locação de equipamentos de trabalho.
"Estou esperando uma posição do MEC, mas não vou ficar muito tempo aguardando. Eu preciso trabalhar. Estou me virando com a ajuda do meu cunhado, mas isso é um biscate, que me dá, no máximo, R$ 400 ou 500 por mês. Não dá para sobreviver com isso", finalizou.
Reprodução Cidade News Itaú
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