Cinco vítimas de queimaduras nos atentados a ônibus em São Luís na última sexta-feira (3) permanecem internadas em hospitais da capital maranhense. Três estão em estado
grave, entre elas uma criança de 6 anos. As informações foram divulgadas neste domingo (5) pela SSP (Secretaria de Segurança Pública) do Maranhão.
A criança Ana Clara Santos Sousa, 6, está internada na UTI no hospital estadual Juvêncio Matos. Ela teve 95% do corpo queimado e respira com a ajuda de aparelhos. O estado de saúde dela é gravíssimo.
Outros dois adultos estão em estado grave no hospital Tarquinio Lopes Filho.
Márcio Ronny da Cruz Nunes, 37, teve 72% do corpo queimado e vai passar por cirurgia neste domingo.
Juliane Carvalho Santos, 22, teve queimaduras em 40% do corpo e também passará por procedimento cirúrgico. Ela é mãe de Ana Clara e da bebê Lorane Beatriz Santos, 1 ano e 5 meses, que está na enfermaria pediátrica do Juvêncio Matos. A criança teve queimaduras nas pernas e no braço esquerdo. O estado de saúde dela é estável.
Abiancy Silva dos Santos, 35, teve queimaduras de segundo grau no braço direito e no abdome. Ela será submetida a cirurgia e seu estado de saúde é estável. quadro clínico estável.
A Secretaria de Segurança Pública do Maranhão anunciou, também neste domingo (5), novas medidas para tentar conter a violência no Complexo Prisional de Pedrinhas, em São Luís, onde 60 presos foram mortos em 2013 e outros dois já foram vítimas neste início de ano.
Segundo a SSP, a ordem de dentro dos presídios era para incendiar 20 ônibus na capital maranhense.
O suspeito de coordenar os ataques aos ônibus foi preso pela polícia no bairro Monte Castelo. Hilton John Alves Araújo, 27, vulgo "Praguinha", teria recebido as ordens de Jorge Henrique Amorim Martins, 21, o "Dragão", que lidera uma das facções que agem no em Pedrinhas, para incendiar os ônibus.
Desde a última sexta-feira, São Luís vive um clima de medo por conta de ataques a ônibus ordenados de dentro do Complexo de Pedrinhas. Entre sexta e sábado, duas delegacias foram alvos de tiros.
O presídio
O presídio registrou 60 mortes em 2013 e relatórios do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) apontaram a ocorrência de estupros em mulheres de presos que não são chefes de setor ou líderes.
Por determinação do governo do Estado, a PM assumiu o complexo em 27 de dezembro. Apesar da ação, ele já registrou duas mortes, ocorridas em menos de 24 horas, neste ano. Por conta dos incidentes e clima de medo, os empresários resolveram tirar os ônibus de circulação à noite.
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Os ataques
Quatro ônibus e uma delegacia foram atacados na noite dessa sexta-feira em retaliação a operação "Pedrinhas em Paz", dentro do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, realizada pela Tropa de Choque da PM (Polícia Militar). Três dos quatro coletivos foram incendiados.
Devido à insegurança causada pelos ataques, os ônibus deixaram de circular em São Luís na noite desse sábado (4) e só retornam às 5h deste domingo. A paralisação do serviço de transporte coletivo, das 18h às 5h, continua neste domingo e na próxima segunda-feira (6).
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Durante a ação da polícia nos presídios, o prédio do 9º DP (Distrito Policial), localizado no bairro São Francisco, também foi alvo dos criminosos e teve as paredes atingidas por balas. A SSP confirmou que as ordens dos ataques aos coletivos vieram de dentro dos presídios maranhenses em reação às ações.
Ainda na noite de sexta-feira, um policial reformado foi assassinado a tiros enquanto conversava com a namorada no bairro Maracanã. A polícia não confirmou se a morte do PM teve relação com as ordens dos presos de Pedrinhas, mas investiga o caso.
Os ataques a ônibus coletivos em São Luís e região metropolitana vêm se tornando constantes. No dia 9 de novembro, dois ônibus foram incendiados, mas antes os passageiros foram roubados pelos criminosos. Os coletivos faziam a linha Bequimão e Alto da Esperança/Tamancão. Na mesma noite, homens armados mataram um PM e feriram dois durante ataques a trailers da polícia.
Dois dias depois, a onda de ataques criminosos em São Luís continuou. Homens armados assaltaram um ônibus na Lagoa da Jansen e tentaram atear fogo no veículo na noite do dia 11 de novembro. Ao mesmo tempo, um outro grupo tentou invadir e colocou fogo no trailer da PM (Polícia Militar) do bairro Vila Nova, o mesmo que foi atacado no dia 9, e um policial que estava no posto foi assassinado a tiros.
Os ataques ocorreram na mesma noite o governo do Estado anunciava novos nomes para o comando da PM, o subcomando da corporação e o comando do Policiamento Metropolitano.
Reforço
O secretário-adjunto de Segurança Pública do Maranhão, Laércio Costa, afirmou que a Polícia Militar reforçou, com homens ainda em treinamento, a segurança nos pontos finais de ônibus de São Luís, após os ataques.
"Nós estamos empregando os 700 homens da PM que estão no estágio operacional no efetivo, principalmente nos pontos finais de ônibus, onde estamos identificando essa ação", disse.
Segundo ele, as ordens de incendiar ônibus partiram de grupos insatisfeitos dentro do sistema prisional. "A nova administração está acabando com as regalias, e isso está incomodando muito. Estamos tirando celulares, colocando grades, ou seja, ações que causam uma grande irritação aos líderes de facções", disse Costa.
Situação de emergência
O governo do Maranhão decretou situação de emergência devido ao descontrole e ao sucateamento dentro dos presídios maranhenses. Conforme informou o jornalista Josias de Souza em seu blog, a intenção da governadora Roseana Sarney é construir ao menos 11 dessas unidades prisionais em regime de urgência, com dinheiro do BNDES e sem fazer licitações.
O governo do Maranhão informou que tem com recursos no valor de R$ 131 milhões para construção e reaparelhamento nas 32 unidades prisionais do Estado. Com esse valor, as unidades receberão armamentos, portais detectores de metal, esteiras de raio-x, estações de rádio, coletes, algemas e veículos.
No dia 19 de dezembro, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou ofício a Roseana Sarney pedindo informações atualizadas sobre a situação do sistema carcerário do Estado após uma série de cinco mortes ocorridas em Pedrinhas. O prazo para que Roseana preste as informações encerra-se nessa segunda-feira (6).
Segundo o CNJ, o procurador-geral espera as respostas do Estado para decidir sobre possível pedido de intervenção federal no sistema carcerário maranhense.
Reprodução Cidade News Itaú
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