O deputado estadual Nélter Lula de Queiroz, representante peemedebista da região Seridó na Assembleia Legislativa, move uma campanha aberta de finalização da aliança do seu partido, o PMDB, com o sistema político da governadora Rosalba Ciarlini (DEM), alegando a inviabilidade total do governo da democrata, a quem sugere que sequer participe da reeleição no próximo ano. De acordo com a avaliação de Nélter Queiroz, o desgaste do governo atingiu níveis de irreversibilidade, o que impede que se continue pensando na continuidade da administração a partir de janeiro de 2014.
Segundo as pesquisas de opinião divulgadas, a gestão Rosalba Ciarlini é desaprovada por quase 90% da população em Natal e por mais de 70% no restante do estado. Nos cenários eleitorais para 2014, Rosalba perde para o vice-governador, Robinson Faria (PSD), e até para a ex-governadora Wilma de Faria (PSB), que deixou o governo bastante fragilizada, após denúncias de corrupção contra familiares.
Mas, para Nélter, o mais importante é que o PMDB, o seu partido, tem um candidato de peso para concorrer às eleições em 2014, que é o ministro da Previdência, Garibaldi Filho, que na disputa ao Senado em 2010 obteve mais de um milhão de votos. Além disso, segundo Nélter, o PMDB conta entre seus filiados com nomes fortes para disputar o cargo de governador do Estado, a exemplo do presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, e o deputado estadual Walter Alves, líder do partido na Assembleia Legislativa.
Em entrevista esta semana à Rádio Caicó AM, o deputado Nélter Queiroz aumentou o tom da defesa pelo fim da aliança política do PMDB com o governo Rosalba Ciarlini. Além de querer o rompimento, Nélter aconselha o atual sistema político estadual a, sequer, candidatar a governadora Rosalba à reeleição. Diante do desastre administrativo, ele defende que o PMDB rompa. Depois, que o PMDB lance um nome para governador. Por fim, aconselha que o PMDB sequer busque ter o apoio de Rosalba em seu palanque.
“Rosalba tem que terminar sua administração sem sacrificar o governo. Eu vou aconselhar o PMDB a não pedir o apoio dela. Se depender de mim, o PMDB não vai querer seu apoio. ela quem deve decidir o que deverá fazer. Se formos pedir o apoio dela as pessoas vão cobrar nossa coerência, já que eu pelo menos defendo o fim dessa aliança política”, argumentou.
CAUTELA
Em entrevista à imprensa, o presidente estadual do PMDB, Henrique Eduardo Alves, respondeu ao oferecimento de cargos de Rosalba. A governadora teria oferecido ao PMDB as pastas de Recursos Hídricos e a Agricultura ou a Saúde, como forma que “repactuar” a aliança com o partido. Segundo Henrique, porém, o problema do atual governo não se resolve apenas com cargos.
“Não adianta ter conversa com o PMDB, a insatisfação é generalizada. Todo governo tem um grupo político de apoio, de sustentação, que discute estratégias, faz críticas, reformulações. Não vejo o grupo político em torno de Rosalba”, disse o deputado federal, que defendeu uma discussão conjunta do governo com os demais parceiros políticos, citando o PR do deputado federal João Maia, o DEM do senador José Agripino e da própria Rosalba e o PMN do presidente da Assembleia Legislativa, Ricardo Motta, além do PMDB.
Para Henrique Eduardo Alves, de nada adiantaria o Governo buscar apenas o PMDB para conversar. “A reunião teria que ser com o grupo político que ainda apoia o seu governo (de Rosalba Ciarlini), para ver se é possível mudar de cara, tornar-se resultado de um trabalho coletivo, ajudar, dar sua colaboração”, destacou o líder peemedebista.
O presidente da Câmara dos Deputados analisou que vê atualmente apenas conversas pontuais, “gentilezas”. “Mas não é só isso. Está faltando articulação política, um grupo político competente e verdadeiro”, completou o deputado federal. Em entrevista no final do ano passado ao Jornal de Hoje, o líder do PMDB disse que “estava rouco de tanto tentar falar com o governo e não ser ouvido”.
Líderes da base irão se reunir em Brasília para conversar com Rosalba
Os líderes dos partidos da base aliada do governo Rosalba Ciarlini irão se encontrar em Brasília, na próxima segunda-feira. A reunião será na residência oficial do presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Alves, às 20h. Seria uma tentativa de se ajustar a aliança. A reunião contará com as presenças de Garibaldi Filho, da governadora Rosalba Ciarlini, do chefe de Gabinete Carlos Augusto Rosado, do presidente do PR, João Maia, e do presidente da Assembleia Legislativa, Ricardo Motta.
O ministro da Previdência, Garibaldi Filho, confirmou presença. Mas ele disse não saber a pauta, nem os participantes do encontro. Em sua consciência, trata-se de uma reunião de homenagem a Henrique Alves, novo presidente da Câmara dos Deputados. “Fui convidado por Henrique para esse jantar na sua casa. Não sei quem foi mais convidado. Não vou falar dessa reunião porque não sei a pauta. Não sei o que vai tratar. Não sei os convidados. Sou apenas convidado. Não sei se vai ficar apenas na cortesia, nas homenagens ao presidente da Câmara”.
Garibaldi confirmou, entretanto, que há uma tendência nacional no PMDB de lançar candidatura própria nos estados. Ele confirmou para o próximo dia 02 a convenção nacional do PMDB, que vai renovar o mandato do vice-presidente da República, Michel Temer, no comando do PMDB. “Seria cartorial, mas estão sendo convidados os diretórios e as executivas estaduais”, disse o ministro, respondendo afirmativamente à informação de que o PMDB deverá incentivar candidaturas majoritárias nos estados.
“Acredito que sim, mas cada caso será tratado. O PMDB nunca fugiu de examinar caso a caso. Isso será uma orientação geral em forma de discurso. Quero que o partido saia unido. Só falarei agora depois da executiva do partido”.
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