No estádio, um show à parte com seu grito ensurdecedor e o inusitado jeito de torcer sem camisa e até de costas. Nas ruas, as camisas verdes
espalhadas pela cidade e o canto incessante até no treino adversário. A torcida do Raja Casablanca, que enfrenta o Atlético-MG nesta quarta-feira, às 17h30 (horário de Brasília), se tornou a atração do Mundial de Clubes.
Não é por menos. Apaixonada, vibrante e com peculiaridades de fazer inveja a qualquer galático europeu. Os torcedores fazem até 'marketing' para divulgar o clube e têm cantos em quatro línguas diferentes. E vale tudo pelo amor ao time. Até passar frio.
Os fãs ficaram conhecidos ao brilharem na vitória do Raja Casablanca por 2 a 1 na prorrogação sobre o Monterrey, que garantiu os marroquinos na semifinal do Mundial de Clubes.
O jovem Mohamed Azborim, de 22 anos, era um deles. Gritou, vaiou e ficou sem camisa quase o jogo inteiro. Parece loucura expor o corpo num frio que chega a menos de 10°C no inverno marroquino. Mas a explicação prova que vale a pena.
"Todo mundo tira a camisa no início do jogo para passar frio de propósito. Para esquentar, somos obrigados a gritar e pular. Então não tem como alguém ficar parado", conta.
A torcida investe não só na disposição, mas também na cultura. Mohamed domina só o idioma árabe, mas quando o assunto é grito de guerra torna-se fluente no francês, espanhol e até no italiano. A torcida do Raja canta em quatro línguas no estádio.
Os cantos em espanhol até podem ser compreendidos pela proximidade dos dois países – separados apenas pelo Estreito de Gibraltar - e a forte ligação do povo do país árabe com Real Madrid e Barcelona. Mas a principal explicação para os 'hinchas poliglotas' é bem mais nobre.
"Queremos internacionalizar o clube", diz Mohamed. Assim eles entoam os versos da canção italiana 'La Grande Storia' ou arriscam um espanhol no 'Mia Droga, Te Quiero Corazón'.
E assim, com seus métodos inusitados e efetivos, os torcedores do Raja prometem infernizar o Atlético e levar seu time a vitória. De acordo com os torcedores, a expectativa é que eles ocupem cerca de 70% dos lugares do estádio.
"Queremos ser a energia do time. Vamos empurrá-los o tempo inteiro e leva-los à vitória", diz confiante Youssef Ahmim, 26 anos, outro torcedor do time.
O sentimento é de fato transmitido aos jogadores. O técnico tunisiano Faouzi Benzarti reconheceu a importância da torcida para a chegada da equipe à semifinal do Mundial de Clubes. "Creio que seja uma vantagem ter o público a favor. Quando se tem uma torcida louca, fanática, que adora a equipe, o jogador deixa de lado o cansaço, o estresse e as coisas negativas. Só pensa em dar seu máximo", disse.
"O Raja é uma grande equipe, está acostumado a jogar com público, não é nada novo. Eles são fanáticos, nos apoiam sempre. Jogamos duas partidas com grande público e esperamos que eles estejam conosco do primeiro ao último minuto", completou.
A fama dos torcedores do Raja é tamanha que já chegou aos ouvidos do Atlético-MG e causou até preocupação entre os adversários. Após a vitória sobre o Monterrey, um grupo de torcedores do Raja foi até o treino do Galo fazer pressão e acabou expulso pela polícia.
O atacante Diego Tardelli disse que preferia enfrentar os mexicanos do Monterrey. "Estou ouvindo a torcida deles no fundo, vai ser assim até quarta-feira. Já esperava por isso. Eu, particularmente, preferia pegar o Monterrey porque sabia que ia encontrar um time motivado com a torcida do país, mas a gente está preparado para isso".
Reprodução Cidade News Itaú
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