"Hoje eu não me sinto em condições de trabalhar. Até pouco tempo eu tinha minha filha viva e agora não tenho. Tenho medo de ir trabalhar". A declaração é do cabo da Polícia Militar
José Marcos de Azevedo, pai de Ruty Lúcia Silva de Azevedo, de 19 anos, uma das quatro vítimas da chacina ocorrida neste último domingo (15) no município de Lagoa de Pedras, a pouco mais de 50 quilômetros da capital potiguar. As outras pessoas mortas foram Iara do Nascimento Silva, de 17 anos, Patrício Penha de Souza, de 33, e Daniel Mendonça, 23.
Na manhã desta quarta-feira (18), em entrevista exclusiva ao G1, José Marcos falou que estava preocupado com o comportamento recente da filha. "Ela era uma menina boa, estava frequentando a escola e morava com a mãe, mas de um tempo pra cá ela estava mudando, sempre enfrentando tanto a mim quanto a mãe. Como ela sabia pilotar motos, ia para qualquer lugar", contou.
Separado da mãe de Iara, o soldado disse que falou pela última vez com a filha no dia 11 de dezembro, em uma festa no município de Boa Saúde, onde trabalha. "Estava com grupo de amigas. Conversamos e ela disse que estava bem, que estava tudo tranquilo em casa", disse o pai.
Ainda de acordo com José Marcos, mesmo sendo policial está sendo difícil acompanhar as investigações. O cabo revelou que está com medo de ir trabalhar. "É complicado porque é minha filha. É triste para um pai ter de enterrar a filha. Estou com medo de ir trabalhar, pois é complicado imaginar que minha profissão possa ter alguma relação com essa tragédia", afirmou.
Segundo a Polícia Militar, a chacina em Lagoa de Pedras aconteceu por volta das 5h do domingo (15) e os policiais foram acionados meia hora depois. Os corpos estavam dentro de um Pálio de placas MZG-4609, de Recife, capital de Pernambuco. A PM realizou diligências no local, mas não encontrou os suspeitos.
'Minha filha morreu de graça'
Ainda na manhã desta quarta, a mãe da adolescente Iara do Nascimento Silva, de 17 anos, também falou com exclusividade ao G1. Ivaneilde Nascimento disse não ter ideia do que possa ter motivado a morte da filha e das outras pessoas que estavam com ela, mas acredita que a filha estava no lugar errado na hora errada. "Minha filha morreu de graça. Ela não era o alvo daqueles tiros", desabafou.
Ivaneilde disse ainda que a filha era uma menina tranquila e saía pouco de casa. "Maldita hora que eu deixei ela sair de casa para ir a essa festa", lamentou, acrescentando acreditar que a filha apenas pegou uma carona com os rapazes para voltar para casa. "Ela foi para a festa com a amiga e eu acredito que os rapazes tenham oferecido carona de volta pra casa e ela aceitou. Ela estava no lugar errado na hora errada", disse a mãe.
Investigação
O delegado Everaldo Fonseca, responsável pela investigação, ouviu testemunhas que estavam na festa e familiares das vítimas nesta segunda-feira (16) e terça-feira (17), mas ainda não tem pistas sobre o que motivou os homicídios. Todos os mortos na chacina moravam em Lagoa Salgada, município que fica a cerca de 5 quilômetros de Lagoa de Pedras.
Os dois homens mortos na chacina tinham antecedentes criminais por envolvimento em assaltos e estavam desempregados, segundo Fonseca. "Os dois tinham passagem na polícia por envolvimento em assaltos, mas está muito cedo para afirmar que isso tem relação com o crime", diz. A adolescente e a jovem eram estudantes.
Reprodução Cidade News Itaú
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