quinta-feira, dezembro 19, 2013

PM acusado de matar advogada a pauladas no RN vai a júri popular

Corpo de advogada foi enterrado nesta sexta (Foto: Anderson Barbosa/G1)O juiz Ederson Batista de Morais julgou nesta quinta-feira (19) procedente denúncia do Ministério Público do Rio Grande do Norte e
sentenciou a júri popular o policial militar Gleyson Alex de Araújo Galvão, acusado de matar a advogada Vanessa Ricarda de Medeiros, de 37 anos. A vítima, ex-namorada do PM, foi morta a pauladas dentro de um motel na cidade de Santo Antônio, a pouco mais de 70 quilômetros da capital potiguar. O crime acotneceu no dia 14 de fevereiro deste ano. A data do julgamento ainda será definida pelo magistrado. O advogado Marcus Alânio Martins Vaz, que defende o soldado, disse ao G1 que tem 5 dias para recorrer da decisão.
De acordo com a denúncia, o PM Gleysson Galvão teria ficado chateado com a recusa da advogada em fazer sexo com ele na frente de uma outra pessoa. Assim, atacou a vítima de surpresa, desferindo pauladas em sua cabeça. Para o Ministério Público, "ficou evidenciado o motivo fútil, a utilização de meio cruel e a utilização de recurso que dificultou a defesa da vítima como qualificadoras do crime de homicídio".
Em sua decisão, o magistrado considerou o laudo de exame necroscópico, bem como os depoimentos das testemunhas do crime.
O juiz Ederson Batista de Morais também manteve a prisão preventiva do réu, considerando informações de que o PM chegou a ameaçar de morte um dos policiais responsáveis por sua prisão, "o que revela a necessidade de garantia da ordem pública, face à possibilidade de que ele volte a delinquir". Também foi considerada a conveniência da instrução criminal, na medida em que o procedimento adotado pelo réu, mesmo diante de policiais armados, demonstra que ele pode chegar a ameaçar as testemunhas do caso.
"De doido ele não tem nada"
Em setembro passado, o soldado Gleyson recebeu licença da junta médica da Polícia Militar para que fosse submetido a tratamento de saúde mental. Para Vitória Régia de Medeiros, que é irmã de Vanessa e também é advogada, o policial “de doido não tem nada”.
Vitória Régia e Gleyson se encontraram durante a audiência de instrução que aconteceu em Natal, onde ela prestou depoimento. "Perguntei se estava satisfeito com o que tinha feito, e ele ficou calado, com um ar de riso. Está muito bem obrigado. Muito bem vestido, mais gordo e nem algemado estava", afirmou a advogada.
Para o juíz, o quadro de insanidade do acusado não foi comprovado. Na decisão, Ederson Solano destacou que em mais de 6 anos de trabalho como policial militar, Gleysson Araújo nunca precisou ser afastado para se tratar de nenhum problema relacionado à saúde mental.
Ainda de acordo com o juiz, o fato de o policial ter ensino médio completo, já ter cursado durante certo tempo o ensino superior e ter sido aprovado em concurso público de "significativa dificuldade" pesam contra a instauração do incidente de insanidade mental. O magistrado ressalta também que o acusado "sequer soube dizer qual o distúrbio que em tese o acometia, mesmo sendo pessoa de relevante grau de instrução".

Entenda o caso

Familiares e amigos acompanharam o enterro (Foto: Anderson Barbosa/G1)Familiares e amigos acompanharam o enterro da
advogada (Foto: Anderson Barbosa/G1)
Funcionários do Motel Cactus, onde a advogada Vanessa Ricarda foi espancada, acionaram a guarnição depois que escutaram uma discussão do casal. “Eles ouviram a mulher gritando e nós fomos chamados”, contou o tenente Everthon Vinício, do 8º Batalhão da PM.
Ainda segundo o oficial, o PM foi encontrado na área comum do prédio onde funciona o motel. O tenente contou também que Gleyson apresentava sinais de embriaguez e manchas de sangue pelo corpo. “Ele vestia somente um short, que estava todo sujo de sangue”, afirmou.
Ao entrarem no quarto, os policiais encontraram a advogada desacordada e ensanguentada. “O rosto dela estava bastante desfigurado e os objetos do quarto revirados”, relatou o delegado Everaldo Fonseca.
O policial, preso em flagrante, encontra-se detido no quartel do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), na zona Norte de Natal.
Já a advogada, foi inscrita na Ordem dos Advogados do Brasil em 2011, segundo a própria OAB no RN. O corpo dela foi enterrado no dia 15 de fevereiro, no cemitério público da comunidade de Santo Antônio da Cobra, distrito a 18 quilômetros de Parelhas, na região Seridó.

Reprodução Cidade News Itaú

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