A Polícia Civil investiga o caso em que um homem, de 58 anos, mantinha sua esposa em cárcere privado há pelo menos 20 anos na casa em que eles moram no bairro
Aero Rancho, região sul de Campo Grande. Ele foi preso, em flagrante, na quarta-feira (18).
Após denúncia de vizinhos, policiais militares foram à residência por volta das 9h (de MS) de quarta, quando encontraram a mulher, de 44 anos, e os quatro filhos. O suspeito, que é servente de pedreiro, não estava em casa. Os policiais, então, esconderam-se no local e conseguir prendê-lo por volta das 11h.
A prisão ganhou aplausos da vizinhança, que conhecia o caso, mas não denunciava por medo, segundo a Polícia Civil. A mulher e os filhos prestaram depoimento e relataram o caso. Ainda conforme a polícia, a esposa era agredida fisicamente e apresentava hematomas, além de dentes quebrados por conta da violência.
As condições da residência também chamaram atenção da polícia. Os muros da casa têm mais de dois metros de altura e o portão não possibilita visão para a rua. O imóvel não possui banheiro adequado, nem chuveiro ou vaso sanitário. Estas condições já haviam sido denunciadas por uma agente de saúde.
A agressão mais recente, sofrida pela vítima, conforme a delegada Rosely Molina, titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), ocorreu porque a mulher resolveu aceitar pães de uma vizinha. "É deplorável, assustador. Ele era o senhor absoluto da família. Em anos de polícia, nunca vi um caso como este de agressão moral e física", afirma.
As crianças, de 9 e 13 anos, frequentavam apenas a escola. Um menino de 5 anos só ficava em casa por conta de não ter idade escolar e um adolescente, de 15, não estudava porque o pai não permitia, informou a delegada.
Por conta da vida restrita, Rosely conta que, no caminho para a delegacia, as crianças se mostraram impressionadas ao verem os prédios na região central da cidade.
Em depoimento à polícia, o marido disse que manter a família em casa era uma medida para protegê-los da criminalidade e da violência do bairro, além de não querer ver seus filhos "envolvidos com coisa ruim". A delegada conta ainda que ele negou as agressões e disse que os ferimentos da mulher foram motivados por um tombo.
Para a delegada, a situação de restrição de liberdade ocorria por conta de um desejo de dominação e autoafirmação do homem. A mulher e as crianças foram encaminhadas a um abrigo na cidade. Já o suspeito vai responder por cárcere privado, lesão corporal e ameaça, que fazia ao afirmar que a vítima não poderia tentar sair da residência.
Reprodução Cidade News Itaú
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