Cícero Avelino, de 60 anos, a mulher, Maria Cavalcanti, de 56, um filho, a nora e três netos dormem na carroceria de um caminhão há oito
dias. Moradores de Pedra Preta, município localizado a 149 km de Natal, eles deixaram de passar a noite dentro de casa por medo dos sucessivos tremores de terra que vêm ocorrendo na cidade. “A gente tem medo da casa desabar e o telhado cair em cima da gente. É uma sensação muito ruim, um medo muito grande. Só sabe quem já sentiu”, conta o agricultor.
A casa da família fica no sítio Toco Preto, na zona rural do município. Para abrigar a família durante a noite, o agricultor improvisou uma cobertura para a carroceria com uma lona. Os sete integrantes da família se dividem em quatro colchões que permanecem no caminhão.
“Toda noite é a mesma coisa: a gente fica dentro de casa até o fim da novela e depois vamos para o caminhão dormir”, diz Maria Cavalcanti, a matriarca da família. “É melhor dormir aqui do que correr o risco da casa desabar na nossa cabeça”, relata o neto de Seu Cícero, Siderlei Bandeira Bezerra, de 12 anos.
Durante o dia a família tenta levar a vida normalmente. As crianças vão para a escola, Cícero segue para a cidade onde presta serviço de frete para a prefeitura e dona Maria cuida da casa. Ela é quem tem mais medo dos tremores. “Eu passo o dia inteiro com a porta aberta porque se precisar correr fica mais fácil. Por mim eu já tinha ido embora daqui. A gente não sabe que horas pode ter um tremor mais forte e Deus nos livre acontecer uma desgraça”, diz.
O quarto do casal, confortável e espaçoso, deve ficar vazio por um bom tempo. “A gente só vai voltar a dormir lá quando alguém disser que não vai ter mais tremor”, diz Cícero.
O pesquisador Joaquim Ferreira, que integra o Laboratório Sismológico da UFRN, explica que a causa dos abalos em Pedra Preta é a formação geológica do estado. "Todo o Rio Grande do Norte está na borda da bacia potiguar que é uma região que é a mais ativa do Brasil. Por isso, acontecem esses tremores", diz.
Reprodução Cidade News Itaú
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