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segunda-feira, outubro 07, 2013

Jiboia rara, que pode custar até US$ 1 milhão, está desaparecida


Um milhão de dólares pode ser o preço de uma cobra. O animal que vale essa fortuna carrega a riqueza no próprio nome: Princesa Diamante. Uma jiboia raríssima. A única no mundo com a pele toda branca e os olhos negros.
É o xodó do americano Jeremy. “É muito difícil descrever o carinho que sinto por essa cobra”, diz o americano.
Ele adora se exibir com o bicho em vídeos e fotos na internet. Mas prefere esconder o passado e o presente da cobra valiosíssima, que hoje está desaparecida.
As respostas para o sumiço da Princesa Diamante podem estar aqui no Brasil. Em 2006, a cobrinha branca foi encontrada no meio da mata, no Rio de Janeiro, e levada para o Zoológico de Niterói.
Pesquisadores descobriram que a jiboia tem uma mutação genética rara, chamada leucismo. “Seria a primeira jiboia a registrar no mundo esse padrão”, explica Aníbal Melgarejo, biólogo do Instituto Vital Brasil.
Pele clara e olhos pretos. A cobrinha ficou famosa, apareceu na TV. Mas nunca foi mostrada aos visitantes. “Ela nunca ficou em exposição. Que eu me lembre, ela nunca ficou em exposição no zoológico”, conta Thiago Muniz, veterinário.
Thiago Muniz, que trabalhou no zoológico, questionou a administradora do zoológico, a Giselda Candiotto, sobre a serpente.
“Ela informou que ia levar o animal para casa, e alguns meses depois nos foi informado que o animal veio a óbito”, conta Thiago.
Em 2011, o zoológico foi fechado por maus-tratos aos animais. Nessa época, também se constatou que alguns bichos haviam desaparecido, entre eles, a jiboia rara.
O Ibama e a Polícia Federal começaram a investigar e deram de cara com os vídeos e fotos de Jeremy, todos disponíveis na internet.
“Em 2010, ele começou a postar um vídeo de uma jiboia leucística também, já adulta. E aí nós começamos a achar que era muita coincidência e começamos a investigar mais a fundo e chegamos à conclusão que é o mesmo animal”, conta Carlos Magno Abreu, analista ambiental do Ibama.
Jeremy é um dos maiores criadores de serpentes dos Estados Unidos. Segundo as investigações, ele veio ao Rio em 2007 para negociar a compra da cobra com a gestora do zoológico.
A transação teria sido concluída em 2009, quando Jeremy teria tirado o animal ilegalmente do Brasil pela fronteira de Roraima com a Guiana. 
Na casa de Giselda, a polícia encontrou fotos dela e do marido dela com Jeremy nos Estados Unidos. Ainda falta esclarecer o valor que a ex-gestora teria recebido pela venda.
“A gente estima algo em torno de US$ 1 milhão, que tenha sido pago por esse animal”, diz carlos Magno Abreu.
“Acaba sendo um animal de um valor muito alto pra essas pessoas por conta da possibilidade de cruzar esse animal”, conta Thiago.
Exatamente o que Jeremy teria feito.  “Os primeiros filhotes foram vendidos na faixa de US$ 60 mil. Tem filhotes de US$ 35 mil, de US$ 25 mil”, revela Franco Perazzoni, delegado da Polícia Federal.
Uma cobra igualzinha à Princesa Diamante, que seria netinha dela, foi parar na Itália. “Tem um vídeo do Jeremy, ele vai pra Itália e ele vai lá pra ver uma serpente que seria neta da “Princess Diamond”, desse animal que ele tinha lá”, afirma Franco Perazzoni. 
“Há alguns anos, mostrei pra esse cara a Princesa Diamante. Ele decidiu comprar um par de filhotes e reproduzir a cobra branca. Que experiência incrível!”, diz Jeremy num dos vídeos.
Giselda e o marido, José Carlos Schirmer, foram presos na semana passada e vão responder por tráfico internacional de animais, contrabando e apropriação indevida.
Nos Estados Unidos, a polícia fez uma busca na casa de Jeremy, mas não encontrou a Princesa Diamante.
“A informação que a gente tem é que ela já morreu duas vezes. A primeira no Brasil e agora o Jeremy diz que teria falecido em janeiro e não apresenta uma carcaça, nada”, conta Franco Perazzoni, delegado da Polícia Federal.
A prisão dele foi pedida pelas autoridades brasileiras. Entramos em contato com Jeremy por e-mail, ele diz que não vai responder perguntas da imprensa e completou dizendo que foi orientado a não falar mais sobre o caso. A ex-administradora do Zoológico de Niterói também não quis falar.
“O maior interesse que nós temos em relação a essa investigação é repatriação do patrimônio genético nacional, que são as serpentes. Ele é um animal capturado na natureza, então ele pertence ao estado brasileiro”, finaliza Franco Perazzoni, delegado da Polícia Federal.
E a busca pela cobra de US$ 1 milhão continua.



Reprodução Cidade News Itaú

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