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quarta-feira, outubro 09, 2013

Aos 27 anos, meia Dinélson vence drama físico e tenta recomeço no Ceará

Dinélson está longe de ser um novato. Aos 27 anos, porém, o meia está no início de uma trajetória. Na verdade, um reinício. Contratado pelo Ceará em maio deste ano, o jogador revelado pelo Guarani tenta provar que encerrou um extenso histórico de lesões e que pode ser destaque no futebol brasileiro.

Promovido ao elenco profissional do Guarani antes de completar 18 anos, Dinélson era grande aposta nas categorias de base do clube campineiro. Em janeiro de 2004, ele foi negociado com o Corinthians. O meia foi apresentado no Parque São Jorge no mesmo pacote que incluiu nomes como o goleiro Fábio Costa, o volante Rincón, o lateral-esquerdo Julinho, os meio-campistas Adrianinho, Careca, Fábio Baiano, Juliano, Piá e Rodrigo e os atacantes Marcelo Ramos, Rafael Silva, Régis Pitbull e Samir.

No Corinthians, Dinélson voltou às categorias de base. Ele foi campeão da Copa São Paulo de juniores em 2005, em time que tinha nomes como o goleiro Júlio César, o zagueiro Fábio Ferreira, o lateral-esquerdo Ronny, os meias Élton e Wilson e os atacantes Abuda e Bobô.

Aquela geração não teve espaço imediato entre os profissionais do Corinthians, que havia acabado de fechar acordo com a MSI. Com o dinheiro oriundo da controversa parceria, o time do Parque São Jorge montou um elenco recheado de estrelas para a temporada 2005.

"Analisando hoje, vejo que houve erros meus por ser muito moleque e do Corinthians, que não tinha organização. Cheguei ao clube em 2004 e encontrei muita bagunça política. Tinha 17 anos, era muito novo, tinha feito um Brasileiro muito bom pelo Guarani. O Corinthians não estava estruturado como hoje, e a crise daquela época sobrava para o pessoal da base. Tínhamos de assumir uma bronca que não era só do campo", contou Dinélson.

O elenco cheio de estrelas reduziu o espaço de Dinélson no Corinthians. E o meia, que queria jogar, foi emprestado a Atlético-MG, São Caetano, Bragantino e Paraná até 2007, quando voltou ao Parque São Jorge.

"Graças a Deus, sempre ia bem nessas passagens. Isso fazia o Corinthians me levar de volta, mas uma contratação de mais nome sempre passava na minha frente no clube. Aí aparecia uma oferta e eu dizia que queria jogar. Foi algo em que de repente eu errei", ponderou o meia.

Em 2007, depois da sequência de empréstimos, Dinélson chegou a ganhar espaço no Corinthians. No entanto, ele sofreu uma lesão no joelho logo no início do Campeonato Brasileiro e perdeu quase toda a campanha que rebaixou a equipe alvinegra para a segunda divisão nacional.

A lesão no joelho iniciou um drama na carreira de Dinélson. O meia fez uma cirurgia na articulação da perna direita, mas teve sequelas no lado esquerdo e desenvolveu uma tendinite.

"Foi algo que atrasou toda a minha carreira. Foram três anos e meio tentando me recuperar. Morria de dor, não conseguia evoluir. Passei por quatro cirurgias", relatou Dinélson.

Já sofrendo com a tendinite, Dinélson foi emprestado ao Coritiba. Segundo ele, a passagem pela equipe paranaense foi muito prejudicada pela situação do joelho. Em 2009, o meia defendeu o Paraná Clube novamente e não teve bom rendimento.

"Eu me recuperei bem do joelho que eu operei inicialmente, mas a coisa não foi legal com o joelho esquerdo. Eu quis voltar forte, trabalhei duro, e isso acabou piorando uma situação que não era tão preocupante", contou Dinélson. "Minha volta teve um trabalho físico exagerado. Não tive cuidado", completou.

Em 2010, Dinélson teve um problema sério na patela. Nesse momento, ele chegou a pensar em encerrar precocemente a carreira: "Eu pensei que não tinha condições. Disse que ia fazer a cirurgia e que ia me recuperar, mas que depois iria embora. O médico que me operou falou que eu voltaria a jogar. Nem eu estava acreditando mais".

Dinélson defendeu o Avaí entre 2010 e 2011. Depois, empilhou passagens por Paraná Clube (2011), Daegu FC (Coreia do Sul, em 2012), Avaí (2013) e Tianjin Teda (China, em 2013) até ser contratado pelo Ceará.

"Passei o ano passado todo na Coreia do Sul. Neste ano, joguei por seis meses na China. Voltei quando o Andrezinho foi contratado. Eles tinham de trocar um estrangeiro, e ele havia acabado de chegar. Sobrou para mim. Meu último jogo lá foi no dia 14 de junho. Voltei ao Brasil e fiquei um tempo esperando até aparecer alguma coisa. Comecei a conversar com o Ceará em uma quinta-feira, viajei para cá no sábado e comecei a treinar no domingo", explicou Dinélson.

A estreia de Dinélson no Ceará aconteceu contra o Palmeiras, em jogo válido pela Série B do Campeonato Brasileiro. O meia foi relacionado para 11 partidas na equipe alvinegra. Entrou no segundo tempo em oito delas, ficou no banco em duas e estreou como titular na vitória por 3 a 2 sobre o Asa, no dia 5 de outubro.

No Ceará, aliás, Dinélson encontrou outro jogador que foi grande aposta das categorias de base do Corinthians e busca um recomeço. Contra o Asa, ele teve companhia de Lulinha no time titular.

"Quando eu cheguei aqui a gente chegou a comentar sobre a época de Corinthians. O Lulinha está mais maduro, jogando diferente, mas ainda tem apenas 23 anos. Hoje ele é bem diferente daquele começo", comparou Dinélson. "Em 2007, eu me machuquei numa quarta-feira, o Marcelo Oliveira sofreu uma lesão no domingo e o Willian foi negociado. Sobrou para o Lulinha e o Dentinho, mas eles eram muito novos. O Lulinha tinha 17 anos e foi o maior artilheiro da base do Corinthians, mas não estava preparado física e psicologicamente", adicionou o meia.

Lulinha acumulou 279 gols nos times amadores do Corinthians e uma série de convocações para seleções brasileiras de base. Por isso, tinha status de grande promessa quando foi alçado aos profissionais.

O primeiro ano do jogador entre os profissionais do Corinthians foi justamente o do rebaixamento para a segunda divisão. Lulinha ficou no clube até 2009, mas não conseguiu se firmar.

Depois do Corinthians, o meia foi emprestado a Estoril, Olhanense e Bahia. No fim do ano passado, acabou o contrato dele com o time do Parque São Jorge. Em 2013, Lulinha acertou com o Ceará.

"Estou mais maduro. Eu era muito novo quando subi. Hoje estou mais experiente e mais consciente. Isso me ajuda em momentos de dificuldade", avaliou o meia.

No Ceará, Lulinha tornou-se titular e tem sido um dos destaques da equipe na Série B do Campeonato Brasileiro: "Eu não fiquei frustrado com o caminho das coisas, mas sempre soube da qualidade que eu tenho. Se eu falar que tudo aconteceu do jeito que eu pensava, é mentira. Mas é isso: tudo serve de aprendizado, e eu ainda tenho uma carreira muito longa pela frente".

Dinélson e Lulinha têm contrato com o Ceará até o término da Série B do Campeonato Brasileiro de 2013. Eles ainda não começaram a conversar com o time sobre renovação, mas ambos fazem planos para o futuro no futebol.

"Tenho tido bastante dificuldade no ritmo de jogo porque a questão física era mais baixa na China, e essa adaptação leva tempo. Por tudo que eu passei, já dou graças a Deus por estar jogando em alto nível. Penso em estar em vitrines cada vez maiores", projetou Dinélson.

Lulinha é ainda mais otimista: "Fiz um bom Estadual e estou jogando bem na Série B. As coisas estão fluindo muito bem para mim aqui. Ainda não sei o que vai acontecer no futuro, mas vou trabalhar por coisas boas. Estou vivendo meu melhor ano como profissional. Não dá para mudar o passado, mas dá para tentar fazer um futuro diferente".

Reprodução Cidade News Itaú

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