segunda-feira, setembro 02, 2013

Homem que tirou R$ 39 mil de viação diz que bando ameaçou explodir filha


A ameaça de detonar explosivos e explodir duas pessoas é investigada como a principal estratégia para que uma quadrilha conseguisse roubar R$ 39 mil de uma empresa de ônibus na manhã desta segunda-feira (2) em São Paulo. “Meu desespero maior foi quando colocaram a bomba em mim e falaram que iam colocar na minha filha também”, disse o conferente Manuel Domingos de Araújo.
Segundo ele, seu maior medo foi ser barrado por seguranças da empresa ao tentar sair com a mochila com dinheiro. "Meu medo era que eu não conseguisse sair, que me barrassem na portaria", contou.
Funcionário da Viação Transpass, no Jaguaré, na Zona Oeste de São Paulo, Araújo disse que só entregou o dinheiro por causa das ameaças. Após entregar o dinheiro, ele retirou a suposta bomba do corpo e acionou a polícia. A filha do funcionário também foi rendida e liberada em Taboão da Serra, na região metropolitana da capital.

vítima criminosos bomba viação zona oeste gate  (Foto: Tahiane Stochero/G1)Medo era não conseguir sair, diz homem rendido
por criminosos (Foto: Tahiane Stochero/G1)
Ele conta ter sido rendido a cerca de 200 metros de casa, em Embu das Artes, na região metropolitana, quando ia trabalhar.
"Me colocaram em um carro e me obrigaram a voltar pra casa. Perguntaram quem estava lá e falei que só minha filha. Minha mulher estava dormindo, mas eu menti. A menina estava de pijama curto e obrigaram a sair mesmo assim. Colocou só um chinelo e um casaco por cima", disse durante entrevista no Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).
A vítima lembra que deixou sua casa por volta das 3h50 da manhã e que um dos bandidos que o rendeu estava com o rosto coberto. “Eles falaram para eu não reagir, que se eu fizesse o que eles queriam não ia acontecer nada.”
Já no caminho para a empresa, os criminosos falaram que queriam o dinheiro de recolhimento dos ônibus e que esperavam arrecadar cerca de 100 mil. Segundo depoimento do advogado da empresa à polícia, foi levado cerca de R$ 39 mil.
“Estacionaram o carro perto da garagem e me deram uma mochila. Eu passei, cumprimentei o guarda e cheguei na sala onde tinha os seguranças que tavam saindo do horário [de trabalho]. Eu nunca ando de mochila. Peguei e deixei a mochila no chão, num canto, contra a parede, para eles desconfiarem, mas eles desligaram a luz e saíram. Eu peguei a mochila [e coloquei o dinheiro]”, disse o conferente. Araújo é funcionário do setor de contabilidade e tem acesso ao cofre da viação.
Ele lembra de ter entregue o dinheiro ao grupo e retornado à empresa. “Eles me falaram que dentro de 30 minutos eu podia tirar a bomba que não ia explodir, que eu podia confiar.” Manuel conta então que retirou a bomba e ligou para um dos chefes.
Caminho do sequestro
Durante o trajeto até a empresa, Araújo conta que seu telefone tocou. Era a esposa que ligava preocupada com o que tinha acontecido. Os criminosos obrigaram o conferente a atender a ligação e, ao descobrirem que a mulher também estava na casa família em Embu das Artes, ameaçaram retornar à residência para também levá-la como refém.
A ameaça não foi concretizada e o grupo prosseguiu em direção à sede da Transpass. No caminho, os criminosos colocaram a suposta bomba em Araújo. O artefato foi colado com fita crepe, junto ao quadril da vítima. Após colarem o que seria uma bomba em seu corpo, o conferente conta que um integrante da quadrilha mexeu no celular, como se estivesse acionando o dispositivo.
Explosão
O Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) foi acionado, destruiu o artefato e agora avalia se era um explosivo. Segundo o tenente Ângelo Mancini, do 16º Batalhão da PM, os criminosos usaram um Ford Fiesta sedã cinza escuro e em um Renault Logan prata. Araújo e a filha, de 21 anos, foram colocados em carros separados e levados até a garagem da empresa.
Os criminosos ordenaram que ele entrasse e pegasse o dinheiro. O funcionário, então, chegou ao escritório por volta das 5h15, cumprimentou os colegas, foi ao cofre e pegou um malote com R$ 39 mil, segundo o advogado da Viação Transpass.
A filha do funcionário foi liberada por volta das 7h30 em Taboão da Serra, na Grande São Paulo. Segundo Mancini, o funcionário relatou que os criminosos estavam fortemente armados, com submetralhadoras parecidas com as usadas pela PM. Inicialmente, a PM chegou a informar que a mulher do homem também havia sido sequestrada pelos criminosos. O caso será registrado no 93º Distrito Policial, no Jaguaré.

Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) retira artefato que estava preso ao corpo de um homem no Jaguaré, na Zona Oeste de São Paulo. A suspeita era de bomba. O homem, funcionário da Viação Transpass, foi feito refém por criminosos e deixado na garagem. (Foto: Aloisio Mauricio/Estadão Conteúdo)

Reprodução Cidade News Itaú

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