Quando o Rio de Janeiro se candidatou à sede da Olimpíada de 2016, a capital fluminense disse ao COI (Comitê Olímpico Internacional) que deveria receber os Jogos porque era a cidade para qual o megaevento traria o maior legado entre todas as candidatas. Faltando menos de três anos para a Olimpíada, entretanto, o próprio governo estadual abandonou um projeto o qual ele mesmo informou ser o "principal legado social" que a Rio-2016 deixaria para o Estado.
A iniciativa era o Projeto Rio 2016, criado em 2009, logo depois de a capital fluminense ser escolhida sede da Olimpíada. A ação tinha como objetivo disseminar a prática esportiva em todo Estado, inclusive, em comunidades carentes incluídas no programa de pacificação de favelas. Em quase quatro anos, a iniciativa chegou a atender mais de 150 mil pessoas, em quase de 800 núcleos, instalados em 73 dos 92 municípios. Mesmo assim, foi encerrado em agosto.
O fim do projeto foi anunciado pelo próprio secretário estadual de Esporte e Lazer, André Lazaroni, em seu perfil em uma rede social. Ele informou que a SEEL (Secretaria Estadual de Esporte e Lazer) já está trabalhando em um plano de um novo projeto para substituir o Rio 2016. Não disse, porém, como os beneficiários do projeto poderão manter suas atividades físicas hoje, após o fim da ação.
Em entrevista ao UOL Esporte, Lazaroni explicou que o Rio 2016 acabou pois "já estava para acabar". O projeto era um convênio entre a SEEL e a Farj (Federação de Atletismo do Rio de Janeiro), que contratava técnicos e professores para aulas de 53 modalidades esportivas. O convênio, contudo, tinha com prazo definido. "O prazo terminou e o projeto não foi renovado", resumiu o secretário.
O encerramento, porém, surpreendeu a própria Farj. De acordo com presidente da federação, Carlos Lancetta, até pelo nome do projeto, a expectativa era de ele que fosse mantido. Em anos anteriores, por exemplo, o convênio do Rio 2016 já tinha sido renovado, mas isso não aconteceu desta vez. "Como um dirigente esportivo, lamento que tenha terminado. Afinal, ele atendia muita gente", afirmou Lancetta.
Ele, porém, fez uma ressalva. "Do jeito que estava não dava para ficar", disse. "Tem muito professor que não estava mais recebendo seus pagamentos. Isso é complicado."
O secretário Lazaroni confirmou os problemas nos pagamentos. Disse que eles foram causados por "questões burocráticas", as quais já estão sendo solucionadas. "Houve um período do Rio 2016 que não foi coberto pelo convênio. Não tenho como pagar porque isso seria ilegal. Já estamos procurando uma solução."
Já a criação de um novo projeto depende de uma licitação. A SEEL pretende abrir uma concorrência para que organizações sociais disputem contratos para uma nova ação. Desta vez, entretanto, ela não estará mais vinculada à Olimpíada nem se chamará Rio 2016. O novo projeto ganhará novo nome: Esporte RJ.
Visita do COI
O fim do Rio 2016 foi confirmado dias antes de uma comitiva do COI (Comitê Olímpico Internacional) chegar ao Rio de Janeiro para acompanhar os preparativos para a Olimpíada na cidade. A visita começou no domingo e termina nesta segunda-feira. Ocorre ainda dias depois do vazamento de um relatório interno do comitê o qual traz críticas sobre o andamento da preparação para os Jogos de 2016.
Informações do relatório foram divulgadas pelo jornal O Estado de S.Paulo. De acordo com a publicação, alguns pontos da preparação do Rio, como as obras de infraestruturas e de instalações esportivas, estavam marcados com a cor amarela e vermelha no documento, demonstrando uma possível preocupação do COI.
O presidente do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Rio-2016, Carlos Arthur Nuzman, minimizou a possível preocupação no domingo. Após deixar as primeiras reuniões com membros do COI, ele afirmou que o comitê internacional está satisfeito e elogiou a organização dos Jogos de 2016. "Não há uma preocupação direta [com a preparação para a Rio-2016]. O que existe é que o COI está satisfeito."
Mais cedo, antes das reuniões começarem, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, também havia afirmado que a preparação da capital fluminense para a Rio-2016 está em dia. Ele chegou a admitir atrasos na obra do Parque de Deodoro, que deve receber competições de nove modalidades, porém, garantiu que há tempo para que tudo esteja pronto no prazo.
"Temos até 2016 para terminar tudo", afirmou Paes, ao entrar na sede do Comitê Organizador Rio-2016. "É óbvio que é um desafio imenso que temos pela frente, mas acho que a preparação da Olimpíada vai muito bem."
Reprodução Cidade News Itaú
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