A NSA, agência de segurança dos Estados Unidos, espionou, além da presidente Dilma Rousseff, a Petrobras, o setor de infraestrutura do Google e a diplomacia francesa, segundo reportagem exibida neste domingo (8) no "Fantástico", da Rede Globo.
A reportagem foi produzida em parceria com o jornalista norte-americano Glenn Greenwald, que obteve documentos ultrassecretos repassados por Edward Snowden, ex-agente da NSA, atualmente asilado na Rússia.
Os documentos revelados na reportagem são de uma apresentação da NSA para novos agentes, realizada em junho de 2012. Nela, a agência explica como é feita a espionagem a determinadas empresas e órgãos.
A Petrobras aparece logo no início da apresentação, junto com a infraestrutura do Google, a diplomacia francesa e a rede da Swift, cooperativa que reúne alguns dos principais bancos de dezenas de países. Os nomes de outras instituições espionadas foram apagados na mesma apresentação da NSA.
A apresentação mostra ainda que foi criada uma pasta com o nome da Petrobras, em função da grande quantidade de informações que a NSA dispõe, o que indica que a estatal está sendo espionada há algum tempo. Os documentos não mostram o conteúdo que teria sido espionado.
A espionagem foi feita na rede privada de computadores da Petrobras, que contém informações sigilosas sobre a estatal, a maior empresa do país, com faturamento anual superior a R$ 281 bilhões.
Líder mundial na exploração de petróleo em águas profundas, a Petrobras possui dois supercomputadores utilizado para pesquisas sísmicas. Os equipamentos foram usados no mapeamento do pré-sal, por exemplo.
A invasão da rede da estatal pode beneficiar, por exemplo, empresas americanas interessadas no leilão do pré-sal, maior leilão de petróleo da história do país, que deve ocorrer nos próximos meses. As interceptações ilegais podem colocar os detentores das informações em situação de vantagem nos leilões.
Em outro documento a NSA indica que a espionagem tem motivação econômica, política e diplomática, contrariando o que a agência dizia até então, que a motivação era combater o terrorismo.
O conteúdo das interceptações seria repassado à Casa Branca, à diplomacia dos EUA e ao serviço secreto norte-americano.
De acordo com a reportagem, os documentos da NSA que indicam ter havido espionagem da Petrobras são ultrassecretos, e as informações só podem ser compartilhadas com os líderes de quatr países aliados dos Estados Unidos: Inglaterra, Canadá, Austrália e Nova Zelândia.
Os documentos obtidos pela reportagem mostram ainda que a agência inglesa de segurança, a GCHQ, também teria praticado espionagem ilegal.
Segundo o "Fantástico", a NSA foi procurada e afirmou que a espionagem não é utilizada para obter vantagens, mas se recusou a explicar o motivo das interceptações. Em outra nota, a agência disse que monitora dados econômicos para evitar crises financeiras.
O Ministério das Relações Exteriores britânico também foi procurado, mas disse que não iria se manifestar sobre questões que envolvem a inteligência do país. A Petrobras também não quis comentar as denúncias.
Tensão diplomática
Esta é a segunda reportagem exibida pelo jornal que foi feita em parceria com o jornalista Glenn Greenwald. A primeira, exibida há uma semana, mostra que os EUA espionaram a presidente Dilma Rousseff. Em entrevista ao UOL, Greenwald afirmou que "o Brasil é o grande alvo" da espionagem norte-americana.
Na semana passada, durante o encontro do G20, Dilma se reuniu com o presidente dos EUA, Barack Obama, e, segundo ela, cobrou explicações detalhadas da suposta espionagem.
Reprodução Cidade News Itaú
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