sábado, agosto 24, 2013

Seria o fim de uma história, afirma dono de padaria que pode ser desapropriada

Entre os imóveis declarados como de interesse social pelo governo paulista estão alguns pontos históricos da cidade. A padaria 14 de Julho, localizada na rua de mesmo nome, funciona no mesmo local desde 1896. O local é especializado em iguarias de inspiração italiana.

O proprietário Alexandre Ricardo Franciulli, 43, afirma que ainda não foi notificado formalmente da medida, mas está em negociação com o governo para que o decreto seja revogado ou alterado.

"Seria o fim de uma história, de uma relação centenária com os moradores, que estão revoltados com a ideia", afirma Franciulli.

Leonardo Ramos, 51, dono da choperia Amigo Leal, aberta em 1967 e que também integra a lista, diz que representantes da Secretaria da Habitação haviam afirmado que o principal foco da medida seriam estacionamentos.

Mesmo assim, ele afirma que faria uma avaliação se continuaria no local

"Não sei o quanto afetaria na frequência se aqui se tornar um local residencial."

A secretaria informa que se reuniu com os comerciantes e que algumas áreas declaradas como de interesse social podem ser reavaliadas.

PROGRAMA

A intervenção do governo do Estado para a construção de unidades habitacionais em áreas degradadas do centro divide especialistas.

Para José Armênio de Brito Cruz, presidente do Departamento de São Paulo do IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil), o programa está na "vanguarda mundial em concepção de cidade".

"Transcende a questão habitacional: é uma intervenção urbanística, que pensa também nos serviços e equipamentos que compõe uma cidade", afirma.

Quanto à manutenção dos pontos históricos na cidade, ele afirma que isso pode ser pensado no projeto arquitetônico para a área. "Quem disse que a padaria não pode ficar no andar térreo de um prédio residencial?"

Já a professora aposentada da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP Ermínia Maricato é descrente em relação ao potencial do programa Casa Paulista --que seria um "um retorno da [proposta da] Nova Luz".

Segundo a urbanista, esse tipo de política tende a pressionar as populações mais pobres rumo à periferia. Por isso, ela defende que a faixa de renda atendida na ação seja a mais baixa possível.

"Inflação está na moda, mas ninguém fala na valorização de 150% no preço do metro quadrado", diz.

Reprodução Cidade News Itaú

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