O delegado Rivaldo Barbosa, da Divisão de Homicídios (DH), na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, ouve, nesta segunda-feira (5), todos os envolvidos no caso de Amarildo de Souza, conforme informou a Polícia Civil. Entre eles, estão nove policiais da Unidade de Polícia Pacificadora, que chegaram em uma van por volta das 15h. O ajudante de pedreiro está desaparecido desde o dia 14 de julho, quando foi abordado por militares da UPP da Rocinha, na Zona Sul.
A DH intimou o policial militar Juliano da Silva Guimarães a prestar depoimento após a denúncia feita pelo PM, lotado na Unidade de Polícia Pacificadora da Rocinha. Guimarães, segundo a Polícia Civil, teria dito que um tio dele, motorista da Comlurb, foi obrigado por traficantes a transportar um corpo ao lixão do Caju, na Zona Portuária do Rio. A Polícia Civil informou que o PM será ouvido, no entanto, não há informação de data e horário.
O advogado da família do pedreiro informou que entrará com uma “ação de justificação de morte presumida” nesta segunda-feira (5). Segundo João Tancredo, a família não tem dúvidas de que Amarildo está morto.
“Em um primeiro momento, para iniciar qualquer outro processo, deve ser declarada, presumida, a morte do Amarildo. A exemplo do que aconteceu no voo da Air France ou no caso de desabamentos, em que não há o corpo. Para que você inicie alguns procedimentos, você precisa ter a certidão de óbito. E a família não tem nenhuma dúvida de que ele está morto”, explicou João Tancredo.
Ainda segundo o advogado, de posse da certidão, a família entrará com uma ação indenizatória contra do estado. Ele espera ter acesso à declaração de morte de Amarildo em três dias.
“De posse [do documento], já faço a ação de indenização. Ele era trabalhador e conseguia arrecadar um salário mínimo. Eu entrei na casa deles que é muito pobre. Eles vivem em um cômodo único, com quarto, banheiro e cozinha juntos. Vou pedir de antemão o pagamento de uma pensão de um salário mínimo”, afirmou Tancredo.
O advogado informou ainda que acredita que a decisão sobre a pensão de um salário mínimo pode sair já na segunda-feira (12), dependendo do juiz.
“Para a família, ele está morto. A mulher dele o viu sendo colocado dentro da patrulha, ele sendo algemado. Segundo testemunhas, o major proibiu a subida de quaisquer pessoas a esse ponto mais alto da comunidade pra onde ele teria sido levado. O fato concreto é que uma câmera funcionava, mas não tinha imagem dele passando, as outras não funcionavam e o GPS estava desligado. Isso testemunha afirma: que ele saiu da UPP dentro de um carro da polícia”, acrescentou João Tancredo.
Perícia na UPP
Na manhã deste sábado (3), agentes e o delegado da Divisão de Homicídios (DH), Rivaldo Barbosa, ouviram depoimentos de testemunhas e fizeram uma perícia na sede da UPP na comunidade. Peritos usaram luminol – sustância química que permite encontrar vestígios de sangue, mesmo que o local tenha sido limpo – na sede da UPP. No entanto, o resultado do exame não foi divulgado.
GPS e câmeras desligados
Os investigadores querem saber o motivo de os aparelhos de GPS dos carros da UPP, e duas câmeras de segurança da comunidade não estarem funcionando no do desaparecimento de Amarildo. Policiais tentam encontrar imagens de câmeras de prédios e de pontos comerciais de São Conrado que possam ajudar a esclarecer o caso.
Na quinta-feira (1º), moradores da Rocinha fizeram uma passeata para cobrar uma resposta sobre o caso e criticaram a ação da PM. No Leblon, o grupo se juntou a manifestantes que acampam próximos à casa do governador Sérgio Cabral.
Em Brasília, a ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, considerou a polícia como a principal suspeita do crime. Em resposta à declaração, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, afirmou que é prematuro apontar culpados já que a investigação ainda está em curso.
Reprodução Cidade News Itaú
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