Uma recente onda de ataques de ursos vem causando preocupação nos Estados Unidos. Na última semana, pelo menos sete pessoas ficaram feridas em episódios ocorridos em cinco Estados.
Um dos casos foi o da menina Abigail Wetherell, de 12 anos, atacada por um urso negro na noite da última quinta-feira. Ela corria em uma trilha perto de sua casa em Cadillac, cidade de pouco mais de 10 mil habitantes no Estado de Michigan.
Em entrevista a emissoras de TV americanas, ainda com os ferimentos visíveis, Abby, como é chamada, contou que primeiro tentou correr, mas o urso a derrubou no chão. Ela só conseguiu afastar o animal quando se fingiu de morta.
"Pensei que ia morrer', disse Abby, que teve de se submeter a uma cirurgia para tratar dos ferimentos.
Em outro incidente, um caçador foi atacado por um urso pardo em uma área remota do Alasca e teve de esperar 36 horas até ser resgatado por helicóptero, no último sábado.
Os outros casos ocorreram nos Estados de Wyoming, Idaho e Colorado. Neste último, um urso entrou em uma barraca em um acampamento e atacou uma mulher que dormia.
"Fenômeno raro"
A ocorrência de tantos ataques em um curto período de tempo é considerada incomum por especialistas.
"Quando um urso ataca uma pessoa, é um fenômeno extremamente raro. E é muito incomum vermos tantas ocorrências em um espaço de tempo tão curto", disse à BBC Brasil o biólogo John Beecham, de Idaho, especialista em conflitos entre ursos e humanos.
No entanto, Beecham afirma que o fato de os ataques terem ocorrido em áreas tão distintas do país sugere que não há ligação entre os incidentes.
"Provavelmente foi coincidência", afirma.
O especialista em ursos John Hechtel, do Alasca, concorda.
"Ataques de ursos são incomuns. Mas, como muitas coisas incomuns, às vezes ocorrem juntos, sem que isso signifique que haja uma conexão entre os incidentes", disse Hechtel à BBC Brasil.
Hechtel observa que o número de ursos na América do Norte vem aumentando nos últimos anos, por motivos diversos, entre eles a reintrodução dos animais em algumas áreas e a queda no número de mortes de ursos em outras.
"Quando se leva em conta todas as espécies existentes na América do Norte, estamos falando em quase um milhão de ursos. Só os ursos negros são quase 900 mil", diz Hechtel, apesar de ressaltar que não existem números exatos.
"E também vem aumentando o número de pessoas que não somente vivem em áreas onde há ursos, mas também viajam, trabalham ou passam férias nessas áreas. O resultado é um maior número de encontros (entre ursos e pessoas)", afirma.
Tipos de ataques
Apesar do número maior de encontros, ambos os especialistas ressaltam que os ursos não costumam atacar humanos. Quando os confrontos ocorrem de fato, costumam ser divididos em duas categorias.
Segundo Beecham, mais de 99% são ações defensivas, ou seja, quando o animal se sente ameaçado e age para proteger os filhotes, a comida ou a si próprio.
Nesses casos, o biólogo diz que o melhor é fazer como a menina de Michigan e fingir-se de morto até que o urso vá embora.
Mas há também ataques predatórios, em que o animal considera a pessoa uma presa. São incidentes mais demorados, em que o urso pode ficar vários minutos observando e seguindo a vítima.
"Nesse caso, você vai querer parecer o mais bravo, grande e agressivo que puder, para tentar convencer o urso de que será muito arriscado atacá-lo", recomenda Beecham.
Não há dados precisos sobre o número de ataques. Segundo um levantamento feito por Stephen Herrero, professor emérito da Universidade de Calgary, no Canadá, e considerado um dos maiores especialistas do mundo em ursos, entre 1900 e 2009 houve 63 mortes em 59 incidentes envolvendo ursos negros na América do Norte.
"Mas uma pessoa corre um risco muito maior de morrer por picada de abelha ou de cobra ou por queda em um penhasco do que por um ataque de urso", diz Beecham.
Reprodução Cidade News Itaú
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!