As chuvas de fim de outono e início de inverno --especialmente em julho-- amenizaram a maior seca das últimas décadas no Nordeste e fizeram com que muitos municípios deixassem de precisar de abastecimento de carros-pipa.
Imagens de satélite captadas pelo Laboratório de Processamento de Imagens da Ufal (Universidade Federal de Alagoas) mostram que houve uma melhora da vegetação nas áreas afetadas da região, especialmente nos Estados de Alagoas, Ceará e Sergipe.
Os mapas, porém, demonstram que algumas áreas da região central do semiárido ainda continuam castigados pela estiagem, sem registro de precipitações.
"Às vezes, quem vê de longe não tem ideia de quanto é complexo o clima no Nordeste, que tem peculiaridades, dinâmica própria. Não é uma só região, são muitas dentro dela", disse o meteorologista Humberto Barbosa.
Redução e preocupação
Apesar da comemoração pela chuva, as defesas civis estaduais seguem preocupadas com a situação e apontam que os problemas estão longe de serem resolvidos. Segundo o coordenador da Defesa Civil do Ceará, coronel Sílvio Tavares, as chuvas entre março e julho amenizaram os problemas, em grande parte do Estado.
"Mesmo com a parada da chuva esse mês, não estamos fazendo alguns tipos de serviços de abastecimento. Algumas localidades pediram para parar", afirmou.
Mas o coronel destaca a preocupação para os próximos meses, quando está prevista uma forte estiagem. "Agora essas regiões têm apenas a chamada a chuva do caju, que não é tão grande, não para encher um açude. Aos poucos, vamos retomando o abastecimento."
Na Bahia, a maioria dos municípios atingidos não sentiu a melhoria. "A chuva de inverno foi importante, mas não formou água. Serviu para molhar o chão um pouco, baixar a temperatura, mas nosso problema continua sendo a escassez de água", disse o coordenador da Defesa Civil, Salvador Brito.
A melhoria, segundo Brito, alcançou apenas as regiões leste e recôncavo baiano. "Em alguns casos, os municípios estão até saindo da emergência". O coordenador diz que, na parte central do Estado, a situação permanece inalterada. "Quando a gente adentra ao centro do Estado, não houve um restabelecimento da normalidade", disse.
Boa quantidade
Em Pernambuco, dados da APAC (Agência Pernambucana de Águas e Clima) mostram que as regiões do agreste meridional e central representaram uma boa quantidade de chuva de maio a julho até acima da média.
No sertão do São Francisco, por exemplo, não choveu sequer 70 milímetros entre fevereiro e julho, o que não ajudou em nada a recuperação da região pela seca. As demais regiões do sertão também registraram precipitações abaixo da média nos últimos meses.
Em Alagoas, o Comitê Integrado de Combate à Seca e a Defesa Civil Estadual informaram que as chuvas levaram à redução do abastecimento de água por carros-pipa. O Estado foi uma dos mais beneficiados pelas precipitações.
Segundo o meteorologista Humberto Barbosa, a chuva ainda está longe de resolver o problema da seca. "Do ponto de vista hidrológico, houve em junho e julho uma melhor distribuição da chuva no semiárido, e a vegetação se recuperou um pouco. Mas a situação do semiárido central é muito grave, não houve acúmulo de água."
Reprodução Cidade News Itaú
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