Os três pistoleiros réus pelo assassinato, em 2004, de quatro funcionários do Ministério do Trabalho e Emprego em Unaí (a 606 km de Belo Horizonte, em Minas Gerais), foram condenados, na madrugada deste sábado (31). As penas somam 226 anos e 20 dias.
A sentença foi lida pela juíza Raquel Vasconcelos de Lima, que determinou a pena, após uma sessão que durou cerca de 18 horas. O julgamento durou quatro dias.
Os pistoleiros são acusados da morte três auditores fiscais do Trabalho e de um motorista do ministério, no dia em 28 de janeiro de 2004, em um crime que ficou conhecido como "chacina de Unaí".
Rogério Alan Rocha Rios foi condenado a uma pena de 94 anos. Ele foi considerado culpado pelos crimes de homicídios triplamente qualificado (motivo torpe, impossibilidade de defesa da vítima e participação no crime para encobrir crime anterior) e formação de quadrilha.
Um segundo réu, Willian Gomes de Miranda, recebeu uma sentença de 56 anos por quatro homicídios, também triplamente qualificados.
E Erinaldo de Vasconcelos Silva, réu confesso --que delatou participação no crime e dos outros dois pistoleiros, dizendo inclusive o valor recebido pela matança, R$ 50 mil-- foi beneficiado pela delação premiada e pegou 76 anos e 20 dias de prisão, além de multa de 130 dias (cada dia multa tem o valor de 1/30 do salário mínimo).
Ele é acusado de quatro homicídios triplamente qualificados, formação de quadrilha e receptação. Mas, por causa do benefício, teve pena reduzida em em 1/3.
Pela legislação brasileira, entretanto, a pena máxima que um condenado cumpre é de 30 anos.
Chacina de Unaí
Outras cinco pessoas também são suspeitas do crime: o fazendeiro Norberto Mânica, conhecido como o "rei do feijão", e o ex-prefeito de Unaí Antério Mânica (PSDB), que administrou a cidade entre 2005 e 2012, na condição de mandantes; Hugo Alves Pimenta e José Alberto de Carvalho, denunciados como intermediários entre os pistoleiros e os mandantes, serão julgados na sequência, em 17 de setembro. A data do júri do ex-prefeito não foi marcada.
Segundo a acusação, os pistoleiros Rogério Allan Rocha Rios, Erinaldo de Vasconcelos Silva e William Gomes de Miranda, teriam agido a mando dos irmãos Mânica, por intermédio de Hugo Alves Pimenta, José Alberto de Castro e Francisco Élder Pinheiro (esse já falecido). Humberto Ribeiro dos Santos teria atrapalhado as investigações.
A chacina de Unaí teria sido planejada em razão de autuações trabalhistas milionárias contra o fazendeiro Norberto Mânica --a maioria sob a acusação de utilização de trabalho análogo à escravidão. O alvo principal da ira dos irmãos Mânica era o auditor Nelson José da Silva, que atuava na região.
Ele foi morto em uma estrada vicinal de Unaí junto com outros dois auditores, João Batista Lages e Erastótenes de Almeida Gonçalves, de Belo Horizonte, e o motorista do Ministério do Trabalho Ailton Pereira de Oliveira, que conduzia a caminhonete em que o grupo estava. Os fiscais iam a caminho de uma inspeção na fazenda do "rei do feijão", quando foram emboscados e assassinados.
Reprodução Cidade News Itaú
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