A experiência vivenciada pelos cerca de 80 moradores do sitio Pai Antonio na localidade rural de Caiana, no município de Campo Grande, na região do Médio Oeste do Rio Grande do Norte, serve de exemplo de convivência com a seca e referência para diversas localidades rurais espalhadas pelo sertão do semiárido nordestino.
Assistidos pela Articulação no Semiárido Brasileiro, a rede ASA, como é mais conhecida, que surgiu em 1999, com a proposta de implantar 1 milhão de cisternas no agreste e no sertão nordestino, para garantir água potável a 5 milhões de famílias, os moradores de Pai Antonio vivem hoje uma realidade totalmente diferente da que enfrentavam antes da chegada da rede Asa na localidade.
A implantação do boa administração da chamada cisterna de placa, que capta água pluvial, garante o consumo doméstico de água durante os meses de escassez de chuva. De tecnologia simples e barata (a implantação custa R$ 2,4 mil por unidade), os reservatórios provocaram grandes mudanças na vida dos sertanejos.
Agora sem precisar ter que passar até duas horas de caminhada em busca de água, os moradores do sitio Pai Antonio podem se dedicar mais às pequenas plantações que sustentam suas famílias. Educação e lazer também se tornaram acessíveis pela primeira vez para algumas das famílias beneficiadas.
A jornalista Letícia Lins, enviada especial do jornal O Globo, esteve na localidade a convite da ASA e conversou com os moradores, que demonstraram toda satisfação com as mudanças. A agricultora Damiana Fernandes da Silva, de 39 anos, foi uma das entrevistadas. Ela disse que não gosta de se lembrar da vida que levava antes da construção da cisterna em sua residência, que serve para o abastecimento de cinco pessoas.
“Ave Maria; a mudança é grande! Quando não tinha inverno (referindo-se à estação chuvosa), a gente cavava a mão um poço ou o leito do rio, procurando água. Para lavar a louça, andava com a bacia na cabeça por mais de dois quilômetros. Naquele tempo morria muita criança de diarreia. Hoje, tenho água em casa. No dia 19 de abril, em uma só noite, caiu uma chuva que encheu tudo. Agora estamos seguros de que não vai faltar água até o início das chuvas”, destaca.
Acesso à água garante faturamento mensal superior a R$ 1 mil
Se somadas as cisternas domésticas a outras iniciativas de captação e conservação de água, as 80 famílias de Pai Antonio conseguem viver do que plantam. Além do milho e do feijão, Damiana cultiva hortaliças, frutos e plantas medicinais.
O agricultor José Maria da Costa, 55 anos, além da cisterna de placa, dispõe de uma pequena barragem, com água suficiente para garantir quatro meses de abastecimento no período de seca, além de água para os animais e para regar a plantação de milho, feijão e melancia. Com a mulher Expedita e cinco filhos, ele sobrevive graças ao projeto.
“A gente tinha que buscar água de jumento; era difícil”, lembra-se Expedita, que deixou o jumento solto. Ela agora tem água e tempo. Começou a fazer doces de goiaba. Faz 40 quilos por mês e ganha R$ 1 mil. "Comecei neste ano", diz. Com o dinheiro, comprou a mesa e as cadeiras da cozinha.
Reprodução Cidade News Itaú
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