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quarta-feira, julho 03, 2013

Emissoras de TV islâmicas são tiradas do ar no Egito, diz Irmandade Muçulmana

As emissoras de televisão islâmicas do Egito foram tiradas do ar nesta quarta-feira (3), minutos depois de anunciarem a queda do então presidente Mohamed Mursi em cadeia nacional.  Segundo a agência de notícias estatal Mena, a emissora de TV da Irmandade Muçulmana Egypt25, partido da base de Mursi, teve o sinal cortado e seus gerentes foram presos horas depois do golpe militar.

A emissora vinha transmitindo ao vivo a cobertura de manifestações de milhares de partidários de Mursi no Cairo e em outras regiões do país, com discursos de lideranças de alto escalão da Irmandade denunciando a intervenção militar para derrubar o presidente eleito.

O presidente Mohamed Mursi foi deposto nesta quarta-feira (3) por um golpe militar apoiado por grande parte da população. O ministro da Defesa do Egito e comandante das Forças Armadas, Abdeh Fattah al Sissi, disse na TV que está suspensa a Constituição do país. 

Gehad El-Haddad, porta-voz da Irmandade Muçulmana, partido que comandava o governo de Mursi,  acusou em seu Twitter os militares de terem cortado o sinal de TV.

"Primeira decisão militar: cortar o alimento de todos. #Pela legitimidade do sinal de satélite dos canais; #Liberdade de Expressão! "Egito".

Ainda no microblog, o jornal Mada Masr, do Cairo, afirma que três emissoras pro-Mursi estão fora do ar.

"Os canais islâmicos Al Hafez, Al Nas e Misr 25 pararam com suas transmissões depois do pronunciamento de El-Sissi", escreveu o  Mada Masr.

Aleem Maqbool , correspondente da BBC no Cairo, também afirmou em seu Twitter que os canais islâmicos estão fora do ar no país.

Outros internautas também reclamaram da falta de sinal das emissoras no país.

Mohamed El Dahshan (@eldahshan) escreveu que "os canais pro-Mursi foram desligados. Eu entendo a preocupação com a segurança, mas isso é um mal precedente", escreveu.

Assim como Sherif Mansour que escreveu no microblog que jornais já alertavam que as emissoras estavam fora do ar.

O jornal Al-Ahram já havia alertado que as emissoras estavam fora do ar e afirmou em seu site em inglês que algumas emissoras tinham sido invadidas por oficiais e que algus funcionários teriam sido presos pela polícia. O jornal não afirma quais emissoras foram invadidas.

Golpe um ano depois
O presidente (agora deposto) do Egito foi eleito democraticamente, mas é visto por opositores como um mero fantoche da Irmandade Muçulmana, partido que governava o país de fato. Mursi assumiu o cargo em 2012, após um outro levante egípcio, o de 2011, que depôs o então presidente Hosni Mubarak.

A gestão de Mursi foi considerada insatisfatória. Apesar das sucessivas promessas de que ouviria a oposição, na visão de seus críticos Mursi governou tendo em vista unicamente os interesses da Irmandade Muçulmana - jocosamente apelidada de "Irmandade da Ocupação" pelos manifestantes.

O mandato do presidente durou exatamente um ano. Desde o domingo (30), data do 1º aniversário de Mursi no poder, manifestantes têm ido às ruas pedindo sua renúncia. 

Ultimato
Na segunda-feira (1º), o Exército disse que, se as forças políticas envolvidas no impasse político do país não se entendessem em até 48h, os militares interviriam para que fosse seguido o "mapa" que as Forças Armadas desenharam para o Egito.

O prazo para respostas do governo ao ultimato do Exército terminou nesta quarta-feira (3), às 16h30 na hora local (11h30 de Brasília). Na véspera do golpe, terça-feira (2), Mursi fez um pronunciamento na TV dizendo que sua eleição foi democrática e que lutaria até a morte para defender sua legitimidade no cargo. Nesta quarta-feira (3), o político propôs por meio de sua página no Facebook a formação de um governo de coalizão para tirar o país da crise política.

Futuro de Mursi
Segundo agências de notícias, Mursi teve a prisão decretada pela Justiça do país. O presidente deposto do Egito e líderes da Irmandade Muçulmana foram considerados culpados por uma fuga de uma prisão em janeiro de 2011. Segundo um tribunal egípcio, a Irmandade Muçulmana organizou a fuga com a ajuda de integrantes do Hamas palestino e do Hezbollah libanês.

É essa investigação que resultou agora na proibição a Mursi e vários líderes da Irmandade Muçulmana de deixarem o território egípcio. Funcionários aeroportuários disseram à agência de notícias "AFP" que receberam ordens de impedir que Mursi, o líder da Irmandade Muçulmana, Mohamed Badie, e o número dois da confraria, Jairat al Shater, saiam do país.

Antes da confirmação do golpe de Estado no Egito e pronunciamento dos militares, o governo brasileiro condenou a medida e defendeu uma solução negociada com a sociedade egípcia.

"Os egípcios querem resultados rápidos de uma revolução que ainda vai completar três anos. É preciso ter paciência", disse o emissário do Brasil para o Oriente Médio mais a Turquia e o Irã, embaixador Cesário Melantonio Neto.

Também antes do golpe, o Departamento de Estado dos EUA disse que a melhor solução para o impasse no país seria uma saída política. O órgão afirmou ainda que Mursi deve fazer mais para responder aos apelos da população do Egito

Curiosamente, na Síria, que há dois anos vive uma guerra civil pela saída do presidente, Bashar Assad, a TV estatal exibiu nesta quarta-feira (3) uma entrevista com um integrante do governo sírio favorável ao golpe no país.

"A crise no Egito pode ser superada se Mursi perceber que a maioria da população egípcia o rejeita e pede a ele que saia", afirmou Omran Zoabi, ministro da Informação do país, segundo a agência estatal "Sana".  

Debandada do país
A Embaixada dos EUA no Cairo ordenou que todos os seus funcionários considerados não necessários deixem o Egito, logo após o anúncio de deposição do presidente Mohammed Mursi, nesta quarta-feira.

De acordo com agências de notícias, a partida dos funcionários deve começar imediatamente e todos deverão ter saído do país até o final da semana. 

Mortos na madrugada
Pelo menos 16 pessoas morreram e 200 ficaram feridas em um ataque contra manifestantes pró-Mursi nos arredores da Universidade do Cairo, informou a TV estatal, citando o ministério da Saúde.

Ao todo, o número de mortos em confrontos pode chegar a 23. Na maioria dos protestos no país, não houve relatos de confrontos violentos.

Reprodução Cidade News Itaú

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