A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta segunda-feira (1º) que irá mandar amanhã minuta com as "balizas" que nortearão a convocação de um plebiscito para a reforma política pelo Congresso Nacional.
Ela interrompeu reunião ministerial que está em curso na Granja do Torto, em Brasília, para anunciar a decisão. Segundo ela, não serão enviadas sugestões de perguntas, mas "linhas gerais" para a elaboração da consulta popular.
"Uma consulta sobre reforma política ela não pode ser exaustiva no sentido de que tenha muitas questões", disse. "Nós não vamos dar sugestão de pergunta porque não somos nós que vamos fazer as perguntas", completou.
"Está claro na constituição: quem convoca, quem tem poder convocatório é o Congresso Nacional, Câmara e Senado, por isso eu insisti na palavra: é uma sugestão."
A presidente convocou nesta segunda-feira reunião ministerial após semanas de manifestações populares no país. É a terceira reunião ministerial que Dilma convoca desde o início do seu mandato. Outras aconteceram em 2011 e 2012, sempre no início do ano, geralmente para dar diretrizes sobre o ano.
Estão ausentes os ministros Antônio Patriota (Relações Exteriores) e Marta Suplicy (Cultura), que estão em viagem ao exterior. Além dos 37 ministros, estão presentes também os líderes do governo na Câmara, no Senado e no Congresso.
Ela definiu ao longo do fim de semana com sua equipe estratégia de reação à queda em sua popularidade, que prevê priorizar a aprovação da proposta de plebiscito sobre reforma política como uma das "portas de saída" para a atual crise.
Dilma e seus ministros começaram neste domingo a redigir a mensagem propondo a consulta que deve ser enviada ao Congresso nesta semana.
A equipe de Dilma classifica como dado "mais preocupante" o fato de a crise atual ter atingido o governo num momento já de queda na aprovação por causa do desempenho da economia.
Segundo a Folha apurou, isso aumentou a pressão interna por ajuste econômico --inclusive com troca de nomes na área e não só na articulação política do governo.
DATAFOLHA
Questionada como recebeu a pesquisa Datafolha que, no último sábado, apontou queda recorde de popularidade, Dilma limitou-se a dizer que "nunca comentou pesquisa".
"Eu quero dizer para você o seguinte: eu nunca comentei pesquisa, nem em cima nem embaixo. Eu recebo pesquisa pelo valor de face. Ela é um retrato do momento e a gente tem que respeitar", disse.
Dilma demonstrou estar disposta a uma mudança de comportamento em sua relação midiática. Disse que suas respostas às ruas demandarão que conceda mais entrevistas e fale mais com jornalistas.
"Eu acredito que essa questão do pacto e das ruas tem de tornar qualquer dirigente politico e qualquer governante mais acessível à discussão. Vocês vão me ver muito discutindo com vocês. E também entrevistada."
REFORMA
A presidente ainda negou ainda que irá realizar de imediato reforma ministerial --sobretudo fazer mudanças na equipe econômica-- ou que cortará cargos.
As despesas com a máquina têm sido apontadas, inclusive, como um dos alvos dos protestos. Na semana passada, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, anunciou uma série de medidas de redução da administração pública.
"Eu não farei demagogia de cortar cargos que eu não ocupo. Se eu não ocupo, eu não gasto. Eu tentarei olhar de onde e de que setor é possível fazer ajustes. Mas eu não faço demagogia", disse, ao reforçar que não faria cortes nas áreas sociais. "Cortar Bolsa Família, jamais. Jamais!"
ECONOMIA
Dilma fez uma defesa de sua política econômica. Disse que o governo está reagindo de "forma extremamente prudente". "Porque nós temos uma situação que permite isso, com a quantidade de reserva que nós temos, com a posição firme do Banco Central no sentido de que não é ser contra o que o mercado quer, reduzindo a volatilidade apenas", disse.
"Nós não queremos impedir tal tendência ou qual tendência. Porque isso é uma flutuação de forças internacionais. O que nós queremos é reduzir no Brasil a volatilidade e, portanto, os efeitos sobre a economia", completou.
MUNDO
Dilma fez um diagnóstico sobre as manifestações no país e um contraponto com movimentos semelhantes que acontecem em outros lugares do mundo --à exemplo da Turquia e da primavera árabe.
Segundo ela, "é importante que a gente frise a diferença dessas manifestações em relação ao que ocorre no resto do mundo. Se a gente olhar tantos indignados como o movimento de ocupação de Wall Street, nós temos em comum entre eles uma questão relativa à perda de direitos, a um processo de desemprego, a um processo de recessão, a um processo de perda de direitos previdenciários, no caso da Europa, há grande desemprego entre os jovens".
"Não é o caso do Brasil, que tem uma das menores taxas de desemprego da história e do mundo", completou.
Reprodução Cidade News Itaú
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