Abel Braga foi demitido do Fluminense nesta segunda-feira. Depois de cinco derrotas seguidas e da entrada da equipe na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro, o presidente Peter Siemsen confirmou a saída do treinador em entrevista coletiva nesta tarde nas Laranjeiras. Na despedida, o comandante pediu para falar e se mostrou chateado com o adeus. Mas disse também entender a decisão da diretoria tricolor.
- Se eu fosse dirigente, eu também mudaria o treinador. Fica o meu agradecimento a todos, sem exceção. Um agradecimento enorme por ter me proporcionado esses momentos. Foram 26 meses, coisa rara no futebol brasileiro. Era hora de mudar. Vou repetir uma frase que disse para um jogador. Algum gênio escreveu isso. O covarde nunca tenta, o fracassado nunca desiste e os vencedores sempre sabem onde querem chegar - resumiu o treinador.
Antes de deixar a sala, Abel recebeu ainda uma miniatura da taça de campeão brasileiro de 2012 das mãos do vice-presidente de futebol Sandro Lima.
- É por isso que esse clube é diferente - disse.
Técnico do sub-17 pode comandar o time contra o Cruzeiro
Pouco antes de o treinador se despedir, o presidente Peter Siemsen falou com emoção sobre a demissão. Segundo o mandatário, o clube precisa respirar “novos ares”. Apesar do anúncio da demissão, ele deixou claro que ainda não sabe quem será o responsável por comandar o time no jogo contra o Cruzeiro, na próxima quarta-feira, às 19h30m (de Brasília), no Maracanã.
- Não garanto que vá ter treinador na quarta. Avançamos nas conversas e temos condições de fechar algo rápido. Não sou muito da filosofia de mudar várias vezes o treinador. Não é algo positivo. Mas existem momentos que alguma decisão precisa ser tomada. Funcionou durante dois anos, mas agora não está mais funcionando. A nossa escolha vai mostrar para vocês a direção que vamos caminhar - anunciou Peter, frisando ainda que não ia falar sobre os possíveis candidatos ao cargo.
Três nomes são ventilados: Vanderlei Luxemburgo, ex-Grêmio, Ney Franco, ex-São Paulo, e Cristóvão Borges, atualmente no Bahia. A primeira opção é a preferida do presidente da patrocinadora do clube, Celso Barros, mas encontra resistência no Fluminense, inclusive do próprio presidente. Cristóvão teria a vantagem de já ter trabalhado com Rodrigo Caetano no Vasco, mas a permanência do o diretor executivo em 2014 é incerta.
Se o Fluminense não contratar um treinador até quarta-feira, data do jogo contra o Cruzeiro, o time será comandado pelo técnico Marcos Valadares, responsável pela equipe sub-17, já que Marcelo Veiga, dos juniores, está na Alemanha para a disputa de uma competição da categoria. Opções à parte, Peter Siemsen falou em tom emocionado sobre o fato de ter de demitir Abel.
- Conversamos ontem (domingo) e hoje (segunda-feira). A conversa foi mais emotiva por tudo o que a gente viveu. Eu que sou presidente amador, torcedor, vejo hoje o quanto é duro o futebol. A questão das mudanças. Cria-se amizade, carinho, respeito, ver a defesa que o Abel faz do Fluminense, e é chegado o momento da separação. Ela está sendo da maneira mais carinhosa e respeitosa possível. Vivemos momentos maravilhosos juntos e também sofremos juntos. Precisamos saber lidar com isso - lembrou.
Segundo o presidente, os jogadores receberam a notícia da mesma forma que a diretoria, com um certo ar de tristeza.
- Eles receberam da mesma forma que a gente. Vivemos grandes momentos e algumas dificuldades nos últimos anos - disse.
Já Abel deixou nítida a sua admiração pelo elenco atual:
- Não estou deixando o Fluminense, fui demitido. Eu não deixaria um grupo fantástico como esse. Não poderia largar num momento em que o clube não está vencendo. Vou ser muito breve porque já me emocionei na despedida dos jogadores. Hoje eu vi que era muito mais querido por esse grupo do que eu pensava. Estou deixando o clube como o terceiro treinador que mais dirigiu a equipe, mas deixo um pedaço meu aqui - frisou.
Garantia de pagamento
O contrato de Abel Braga com a Unimed, válido até o mês de dezembro, não tem multa rescisória. Mas o compromisso dele com o Fluminense, assinado por tempo indeterminado (em regime de CLT - Consolidação das Leis do Trabalho), é mais um problema para o clube. Somando dois meses de salários devidos, FGTS não recolhido e direitos de imagem também atrasados, o Tricolor precisará desembolsar cerca de R$ 2,05 milhões pela demissão de toda a comissão técnica, formada também pelo auxiliar técnico Leomir, os preparadores físicos Cristiano Nunes e Marcelo Chirol, o preparador de goleiros Marquinhos e o observador Fábio Moreno.
- Pagamos muitas dívidas nos últimos meses. Estamos esperando a reinclusão na Timemania. O que não tivermos condições de pagar ao Abel agora, a gente parcela de forma a retormar o projeto de sempre cumprir as obrigações. Fomos retardados nessa iniciativa por causa de uma ação ilegal e uma perseguição injusta (da Procuradoria Geral da Fazenda do Rio) a um clube que quer pagar suas dívidas. Esse percalço não vai nos impedir de colocar tudo em dia em breve - explicou Peter Siemsen.
Abel Braga chegou às Laranjeiras em 2011, após uma espera de três meses do Fluminense, que foi treinado nesse período pelo auxiliar Leomir. Ele assumiu um time em mau momento e o conduziu ao terceiro lugar do Brasileiro daquele ano, conseguindo a classificação para a Libertadores. Foi campeão carioca e brasileiro em 2012, mas não teve sucesso na Libertadores, caindo nas quartas de final. A decepção se repetiu neste ano, com a eliminação para o Olimpia na mesma fase.
Reprodução Cidade News Itaú
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