RN contabiliza 173 acidentes com menores de idade

As mortes precoces de dois adolescentes de 16 e de 12 anos de idade em um acidente de trânsito ocorrido na noite da última segunda-feira (23) na região da Grande Natal reascenderam as discussões em torno da prática adotada por menores de idade, que insistem em conduzir veículos automotores sem estarem devidamente habilitados. O caso surge como um alerta em um estado que já contabilizou nas rodovias do Rio Grande do Norte 173 acidentes de trânsito com adolescentes, em menos de seis meses de 2013.

Os números, levantados pelo Comando de Polícia Rodoviária Estadual (CPRE) e considerados pelas autoridades e especialistas de trânsito como preocupantes, também dão conta de seis vítimas fatais neste ano, dentro do total de ocorrências de sinistros envolvendo menores de idade como condutores de veículos. Segundo o subcomandante do CPRE, o tenente coronel, Silva Júnior, a atual situação já é de alerta quando comparada com dados do ano passado.

“Em 2012 registramos 298 ocorrências e neste, ainda não concluído primeiro semestre de 2013, já contabilizamos 173 casos”, destacou Silva Júnior, chamando a atenção para a atitude dos pais e/ou responsáveis no controle dos adolescentes que insistem em conduzir veículos sem estarem devidamente habilitados. “É uma conduta permissiva de risco muito elevado. Permitir que menores conduzam veículos é um ato de irresponsabilidade”, alertou o subcomandante do CPRE, ressaltando que acidentes com motocicletas lideram as ocorrências.

Silva Júnior também destacou a necessidade dos pais imporem limites aos filhos no que diz respeito à prática de conduzir veículos. “Os pais precisam aprender a dizer não e a fazer os filhos esperarem. Pois, caso contrário, a penalidade maior pode ficar na consciência de quem contribui para o acidente envolvendo menor de idade”, enfatizou ele, lembrando que o Código de Trânsito Brasileiro traz em seus artigos 162, 163 e 164 que o ato de conduzir ou permitir que uma pessoa não habilitada conduza um veículo é considerada como uma infração gravíssima, com penalidades que incluem medidas como multa e apreensão.

“O pai que permite, entrega ou tem conhecimento que o menino pegou o veículo e saiu tem de tomar providências urgentes”, finalizou o coronel Silva Júnior, fazendo referências ao fato de que muitos adolescentes pegam o veículo escondidos dos pais.

2o DPRE

Dados repassados pelo 2º Distrito de Polícia Rodoviária Estadual (2º DPRE) dão conta de que no primeiro semestre dos anos de 2011, 2012 e 2013 foram contabilizados 26 menores de idade como condutores nos acidentes de trânsito registrados nesse período. Nos primeiros seis meses deste ano, foram 765 sinistros com 1.470 condutores envolvidos, sendo quatro menores de idade. Em 2012, foram 774 acidentes com 1.363 condutores envolvidos, sendo 11 menores de idade.

E no ano de 2011 tiveram 880 acidentes com 1.595 condutores envolvidos, sendo também 11 menores de idade. Para o comandante do 2º DPRE, capitão Maximiliano, o ato de menor de idade conduzir veículo é uma prática perigosa. “Agente vê com preocupação. Pois é uma prática proibida e tem pais que ainda insistem em permitir isso, quando o menor não tem condições e nem senso de responsabilidade”, pondera ele, acrescentando que nesses casos o veículo se torna uma arma em potencial.

Dois morrem

O caso mais recente de acidente de trânsito com vítimas fatais envolvendo menores de idade como condutores de veículo registrado no Rio Grande do Norte aconteceu na noite do último dia 23, quando um adolescente e um garoto, de 16 e 12 anos, morreram em um sinistro ocorrido em  Nova Parnamirim, bairro de Parnamirim, na Grande Natal. Na ocasião do ocorrido, a polícia informou à imprensa que o mais velho dirigia o veículo tipo Sandero de cor branca e teria perdido o controle, onde o carro capotou e se chocou contra um muro.

As vítimas foram identificadas como Paulo Jean de Medeiros Júnior, que dirigia o veículo, e João Vitor da Costa Souza, de 12 anos; que voltavam de um jogo de futebol, quando aconteceu a colisão. Eles ficaram presos às ferragens. Paulo Jean, que teria pego o carro sem a permissão dos pais, era goleiro do sub-20 do Alecrim.

PENSE

Dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado no último dia 19, em levantamento, feito com cerca de 110 mil jovens do ensino fundamental, revelou que três a cada dez dirigiram nos 30 dias anteriores à pesquisa, apesar de a idade mínima para dirigir no país ser 18 anos. A proporção é maior entre os meninos (38,6%) que entre as meninas (16,6%) e mais alta na Região Norte, onde a média chegou a 34,7%.

“Os resultados estão de acordo com as elevadas taxas de morbimortalidade de jovens no país por ATT [acidentes de transportes terrestres], o que reforça a importância de ações educativas para adolescentes [...] além de fiscalização rigorosa”, avalia o especialista Otaliba Libânio de Morais Neto, citado na pesquisa do IBGE e que já atuou no Ministério da Saúde.

Reprodução Cidade News Itaú