Um prelado, um membro dos serviços secretos italianos e um intermediário financeiro foram detidos nesta sexta-feira (28) dentro de uma investigação da justiça italiana sobre o Instituto para as Obras de
Religião (IOR), o banco do Vaticano.
Diferentemente do que havia anunciado a imprensa italiana, o prelado detido, monsenhor Nunzio Scarano, não é bispo de Salerno, no sul da Itália, e sim um sacerdote nomeado "monsenhor", um título de honra concedido apenas por seu tempo de serviços à Santa Sé, informou à AFP Greg Burke, conselheiro de comunicação do Vaticano.
O canal Sky TG-24 informou que os três detidos são suspeitos de fraude e corrupção.
Os três foram detidos pela polícia financeira após uma ordem da promotoria de Roma.
Questionada pela France Presse, a polícia financeira não confirmou a informação.
O monsenhor Scarano também está sendo investigado pela justiça de Salerno por lavagem de dinheiro, segundo o jornal "La Repubblica".
O padre Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano, informou que o prelado, membro da Administração do Patrimônio da Santa Sé (APSA), organismo responsável por gerir os bens da Santa Sé, foi suspenso há um mês, quando seus superiores souberam que estava sendo investigado.
A imprensa italiana informou que a investigação que terminou com a detenção das três pessoas está concentrada na recuperação pela Itália de 20 milhões de euros desviados para a Suíça.
Os 20 milhões de euros pertenceriam a amigos de Scarano e o funcionário do serviço de inteligência italiano detido teria se comprometido a fazer o dinheiro entrar na Itália em um avião privado, em troca de uma recompensa de 400 mil euros.
As detenções aconteceram como parte de uma ampla investigação iniciada pela justiça italiana em setembro de 2010 contra o então presidente do IOR Ettore Gotti Tedeschi e o diretor geral da época Paolo Cipriani. Os dois são acusados de violação da lei contra a lavagem de dinheiro.
Dezenas de milhões de euros foram bloqueados na investigação, que provocou, entre outras coisas, a destituição da direção do IOR.
Ao longo dos anos, diversos escândalos mancharam a reputação do IOR, já que grupos criminosos aproveitaram o anonimato ou testas-de-ferro para lavar dinheiro.
O escândalo mais conhecido aconteceu em 1982 com a falência do Banco Ambrosiano, um escândalo bancário que envolvia a CIA e a maçonaria. O caso Enimont (1993) de subornos a partidos políticos italianos também afetou o IOR e, mais recentemente, a justiça de Roma detectou caos de lavagem de dinheiro por mafiosos.
Nos últimos anos, o Vaticano tentou reforçar os mecanismos de controle do IOR. Na quarta-feira, o papa Francisco criou uma comissão especial para controlar as atividades do IOR, que será diretamente subordinada ao pontífice.
O banco do Vaticano administra 19 mil contas pertencentes em sua maioria ao clero católico, o que representa quase sete bilhões de euros, que incluem tanto pessoas de menor hierarquia, como bispos, cardeais e alguns diplomatas, assim como as transferências de dinheiro das congregações religiosas.
O novo presidente do IOR, o alemão Ernst von Freyberg, nomeado poucos dias antes da renúncia do papa Bento XVI, pretende verificar todas as contas do banco por meio da consultoria americana Promontory.
Reprodução Cidade News Itaú
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!