O Ministério da Educação (MEC) será mais rigoroso quanto à avaliação da redação no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano. Depois de aparecer receita de macarrão instantâneo e hino de time de futebol nas redações do exame, o MEC anunciou que terá tolerância zero para quem escrever “gracinhas” nas provas, assim como punição a erros gramaticais. A partir deste ano, trechos indevidos poderão significar nota zero e a desobediência à norma culta da língua só será aceita em casos excepcionais, desde que não caracterize reincidência. No entanto, na contramão das medidas adotadas diante da importância da redação, o Ministério da Educação mudou o cálculo que estabelece o ranking de classificação das escolas de todo o Brasil, elaborado a partir das notas dos alunos no exame e divulgado anualmente pelo MEC. Com a mudança, o MEC exclui a nota da redação do cálculo, levando em conta, agora, apenas as médias obtidas pelos alunos na prova objetiva.
A argumentação apresentada pelo Ministério da Educação é que a correção da prova é subjetiva e não seria “tecnicamente correto” seguir somando esses resultados ao dos outros testes. Com isso, os alunos continuam fazendo as redações durante o exame, mas esse resultado passou a ser descartado na média dos colégios, agora formado apenas pelas outras quatro áreas. A medida trouxe o impacto significativo no ranking das escolas. Em Natal, por exemplo, com a mudança várias escolas mudariam de posição no ranking apresentado pelo MEC. É o caso do Overdose Colégio e Curso que com a mudança caiu do 4º lugar no ranking para o 10º lugar. O resultado é contraditório, já que o colégio teve a 3ª melhor redação do Estado.
O proprietário do colégio, Carlos André, conta que foi pego de surpresa quando da divulgação do ranking com a exclusão da redação, haja vista que a redação é uma das provas mais importantes do Enem. “O Governo diz que excluiu a redação do ranking porque ela é um critério subjetivo, mas se é um dos fatores que decidem a vaga dele na universidade não faria sentido excluir do processo, a não ser que fosse excluído pelo próprio aluno. Essa medida alterou completamente o que seria o ranking original dos colégios. Mas para nós, os resultados são mais importantes que o ranking, e não vamos mudar a estratégia para focar ranking”, disse.
Os alunos, que muitas vezes são atraídos pela colocação de determinadas escolas através do ranking, agora, serão ludibriados, pois o ranking não condiz com a realidade. “A redação continua sendo com o maior poder de decisão das vagas, mas a partir do momento que o MEC divulga um ranking sem a redação, o aluno pode se matricular numa escola que não tem bom resultado na redação e acabar inviabilizando a aprovação dele. A priori, a ideia do ranking é mostrar quais as escolas melhor preparadas para aprovar o aluno. Essa ausência da redação no calculo do ranking pode induzir o aluno ao erro”, destacou.
Mesmo com a mudança, Carlos André conta que o colégio não deixou de investir na redação. “O ranking é importante, mas a missão da escola é aprovar o aluno. Então precisamos estar focados no aluno. Temos que conhecer a regra do jogo e entender qual o melhor caminho para aprovar o aluno, claro que se podemos ter uma estratégia que favorece o aluno e simultaneamente favorece a escola, é o importante para a gente. Hoje, na área de redação criamos três produtos: um que é a aula de redação, que são duas aulas por semana.
O segundo é a oficina de redação, que é uma aula onde o aluno produz um texto. Nosso objetivo é fazer com que eles produzam, pelo menos, 300 redações por ano, de maneira que, tenhamos feita uma grande quantidade de temas que a probabilidade da redação ter sido construído dentro de sala seja muito grande”, destacou.
O terceiro serviço relacionado a redação é o plantão da redação, atendimento individual onde o aluno leva a redação a um professor que vai explicar, ponto a ponto, quais são os erros.
Mércia Braga é aluna do 3º ano do Ensino Médio e pretende ingressar no curso de Direito. Ela conta que tem uma rotina especial se preparando para a prova de redação do Enem. Por semana, ela produz, no mínimo, duas redações e aos domingos ela se dedica a ler e pesquisar sobre diversos assuntos. Ela conta que fez o Enem o ano passado, e a redação a pegou de surpresa. “Mas quando temos um conhecimento geral de mundo dá para desenvolver uma redação melhor”. Mércia pretende, através da nota do Enem, ingressar na UFRN ou na Universidade de Brasília (UNB).
“A redação é uma maneira de a Universidade selecionar melhor os seus alunos, pois vai ser possível avaliar o poder argumentativo do estudante. A redação é essencial, pois hoje é a única forma que o estudante tem de se expressar, já que tudo é muito mecanizado, com cálculos e teorias. Mas através da redação conseguiremos mostrar o nosso potencial”, destacou a estudante.
Reprodução Cidade News Itaú
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